vendredi 28 septembre 2007



Acabei de receber um email com essas ultimas noticias sobre a Birmania:

We just got phone call with our sister living in Yangon about a few hours ago.
We saw on BBC world, saying that 200 monks were arrested. The true picture is far worse!!!!!!!!!
For one instance, the monastery at an obscure neighborhood of Yangon, called Ngwe Kyar Yan (on Wei-za-yan-tar Road, Yangon) had been raided early this morning.
A troop of lone-tein (riot police comprised of paid thugs) protected by the military trucks, raided the monastery with 200 studying monks. They systematically ordered all the monks to line up and banged and crushed each one's head against the brick wall of the monastery. One by one, the peaceful, non resisting monks, fell to the ground, screaming in pain. Then, they tore off the red robes and threw them all in the military trucks (like rice bags) and took the bodies away.

The head monk of the monastery, was tied up in the middle of the monastery, tortured , bludgeoned, and later died the same day, today. Tens of thousands of people gathered outside the monastery, warded off by troops with bayoneted rifles, unable to help their helpless monks being slaughtered inside the monastery. Their every try to forge ahead was met with the bayonets.

When all is done, only 10 out of 200 remained alive, hiding in the monastery. Blood stained everywhere on the walls and floors of the monastery.

Please tell your audience of the full extent of the fate of the monks please please !!!!!!!!!!!!

'Arrested' is not enough expression. They have been bludgeoned to death !!!!!!

Aye Aye

Hong Kong


http://www.info-birmanie.org/

jeudi 27 septembre 2007


RANGOUN (AFP) - 27/09/07 as 07:48

Birmânia: uma centena monges foram presos durante a invasão de um mosteiro.

Centena de monges budistas foram presos na madrugada de quarta-feira pelas forças de segurança birmanesas que invadiram um mosteiro em Rangoun, informaram testemunhos. As forças de segurança birmanesas também prenderam dois grandes lideres do partido de oposição Aung San Suu Kyi.

Testemunhas informaram que um segundo mosteiro havia sido invadido mas nenhuma informação mais precisa esta disponível sobre esta nova operação militar. Pela manhã, os estragos da invasão espalhavam-se para todos os lados: vidraças quebradas e imagens sagradas estavam espalhadas por terra no mosteiro de Ngwekyaryan. Uma fotografia do mais elevado monge deste mosteiro havia sido arrancada e repousava impassivel no chão do monasterio em meio as ruinas deixadas pelas tropas birmanesas.

A populaçao de leigos que habita em torno do monasterio estavam em prantos frente aos estragos causados. Centena de monges foram presos após esta invasão mas bonzos que haviam conseguido fugir retornaram ao monasterio durante a noite e alguns apresentavam feridas graves na região do crânio. Eles relataram ter conseguido escapar às interpelações escondendo-se na floresta. Acrescentaram também que todos os objetos de valores que haviam no monasterio haviam desaparecidos.

Os dois principais oponentes do governo militar, Hla PE e Myint Thein, foram interpelados em sua residencia, informaram responsáveis militares desta invasão. Myint Thein é um dos lideres da Liga Nacional para a Democracia (LND) da Sra. Suu Kyi, ela mesma mantida presa em sua residência. Um porta-voz do LND em Banguecoque, Zin Linn, confirmou as detençóes, acrescentando que o partido procurava obter informações da junta militar sobre o real estado dos estragos causados pelas tropas governamentais. Zin Linn disse que Myint Thein teria sido parado devido a "critiques contra o régime" formulados junto aos representantes da "imprensa estrangeira".

Anteriormente, a Anistia Internacional tinha assinalado que quatro outros membros do LND faziam parte das 300 pessoas detidas entre terça-feira e quarta-feira à Rangoun pelas autoridades, que começaram a restringir um movimento de protesto conduzidos pelos monges. A Rangoun, a maior cidade da Birmânia onde a lei marcial está doravante em vigor, as ruas estavam, na quinta-feira pela manhã, anormalmente calmas.

Numerosos moradores, aparentemente, tinham decidido permanecer nos seus domicílios, mas as avenidas ao redor do famoso pagode Shwedagon estavam cercadas por arames farpados. As forças de segurança se encarregaram, na véspera, especificamente neste bairro, dos milhares de civis e bonzos que manifestavam contra a junta militar.
Linhas de onibus foram desviadas do seu trajeto habitual e o comércio continuava a ser fechados

A circulação esta reduzida, comparada com os dias precedentes. A partir de seus receptores de rádio de ondas curtas, os habitantes tentam conseguir informações independentes sobre os acontecimentos de quarta-feira. Alguns não escondiam a sua cólera após a repressão efetuada pelas forças de segurança, culpadas de ter ferido e assassinado monges budistas, muito respeitados na Birmânia.

A junta militar birmanesa começou quarta-feira a restringir o movimento de protesto realisado pelos bonzos, encarcerandor manifestantes à Rangoun, onde pelo menos quatro pessoas, um civil e três bonzos foram mortos e mais de cem foram feridos, de acordo com responsáveis birmaneses e testemunhos. Num total aproximativo, cerca de 200 pessoas foram detidas.

O Conselho de Segurança da ONU pediu para quarta-feira às autoridades birmanesas que fizesse prova do máximo de respeito face aos manifestantes e que recebessem rapidamente o seu enviado especial para avaliar a situação. "Os membros do Conselho exprimiram a sua preocupação no que diz respeito à situação e chamaram a mesma de extrema repressão ditatorial, em especial por parte do governo birmanes", declarou o presidente do Conselho, o embaixador da França Jean- Maurícia Ripert,num comunicado à imprensa, referindo-se as crescentes violacões internacionais por parte da Birmânia, onde a repressão lançada pela junta fez pelo menos quatro mortes e suscita numerosas condenações internacionais.

mercredi 26 septembre 2007

Birmânia Urgente!



Pela Liberdade na Birmania

http://burmacampaign.org.uk/eu_action.html

Pela libertação de Aung San Suu Kyi

http://www.burmacampaign.org.uk/mtvaction.html

Escreva para o presidente da Birmânia pedindo pela libertação de Aung San Suu Kyi:

A Petition Campaign for Buddhist Solidarity with the Monks and Nuns of Burma

"Love and kindness must win over everything"

We, the Buddhists of the world, implore the State Peace and Development Council (SPDC, the official name of the military regime of Burma (Myanmar) to refrain from taking any actions that:

1. Physically harm the Buddhist monks and nuns participating in the protest marches currently taking place in major cities and towns in Burma
2. Infiltrate the protesting groups by pretending to be monks and nuns (via having the head shaven and dressing in monks' robes) and then instigitating violence from within through such pretension
3. Offer poisoned foods as alms (Dana)
4. Arresting and beating up people or persons who offers food and water (dana) to the monks
5. Arresting the protesting monks and treating them like criminals, such as catching the monks by lariats and ropes, tying them up with wires and strapping them onto electrical poles, slapping their cheeks, kicking them with military boots and hitting their heads with rifle butts.

We appeal to the members of the military regime to act in accordance with the sacred Buddha-Dharma, in the spirit of loving-kindness, compassion and non-violence.

We implore the millitary regime to accede to the wishes of the common people of Burma, to establish the conditions for the flowering of justice, democracy and liberty.

We wish to convey our admiration and support to the large number of Buddhists monks and fellow Dharma practitioners for advocating democracy and freedom in Burma, and would like to appeal to all freedom-loving people all over the world to support such non-violent movements.

We pray for the success of this peace movement and the early release of Nobel Peace Laureate Aung San Suu Kyi.

Thank you.
May the crisis currently engulfing Burma ends peacefully. May no beings - members of the Holy Sangha and lay people - be harmed.

Sabbe Satta Bhavantu Sukhitatha
May All being be Well and Happy


Endereços das Embaixadas de Myanmar no mundo:

mecanberra@bigpond.com, meott@magma.ca, me-paris@wanadoo.fr, info@botschaft-myanmar.de, met@zap.att.ne.jp, myanmare@ppp.kornet.net, mekl@tm.net.my, emyanmar@vyberway.con.sg, memblondon@asl.com, thuriya@aol.com, myanmar@un.int, mebrsl@brnet.com.br

Libellés :

samedi 15 septembre 2007

A Saúde Mental na Psicologia Budista Clássica


A Saúde Mental na Psicologia Budista Clássica

Daniel Goleman – Beyond Ego, Transpersonal Dimensions in Psychology

Na Abhidhamma, a psicologia budista clássica, os fatores que compõem os estados mentais das pessoas de momento à momento determinam a saúde mental de cada um. A relação de fatores saudáveis representa um modelo transpessoal de saúde mental, um vislumbre do que se abre à pessoal saudável que transcende os limites de nossas atuais noções psicológicas de saúde.

Fatores Insalubres

O modelo do Abhidhamma de saúde mental reconhece realísticamente toda uma gama de atitudes negativas, insalubres, que estorvam o desenvolvimento psicológico saudável. Dentre os quatro fatores insalubres básicos o principal elemento perceptual é a delusão, um obscurecimento perceptivo que leva à percepção errônea do objeto apreendido. A delusão é considerada a fonte fundamental de estados mentais insalubres; ela leva diretamente a um fator cognitivo, a “visão falsa” ou discernimento errôneo, embora o seu papel em outros fatores insalubres sejam menos indiretos. A visão falsa envolve o erro de categorização, sendo por isso a consequência natural da percepção errônea. Entre os outos fatores cognitivos insalubres, estão: a ausência de vergonha e de remorso – atitudes que permitem a consideração de atos malévolos sem compunção, desconsiderando tantos as opiniões dos outros como os padrões internalizados – e o egoísmo, uma atitude de auto-interesse em que os objetos são vistos apenas em satisfação dos próprios desejos ou necessidades. A perplexidade é a incapacidade de decidir ou de formar um juizo correto.

Os mais importantes fatores mentais insalubres são os afetivos. A agitação e a preocupação – componentes da ansiedade – são dois fatores essenciais dessa categoria. A avidez, a avareza e a inveja formam um conjunto caracterizado pelo forte apego a um objeto: a aversão é o pólo negativo do continuum do apego. A contração e o topor contribuem para os estados mentais insalubres com a inflexibilidade rígida e incapaz de adaptação e com a inação moribunda.

Esses fatores insalubres se opõem à um conjunto de quatro fatores sempre presentes nos estados saudáveis. O princípio essencial da saúde mental no Abhidhamma é a inibição dos fatores mentais insalubres pelos fatores saudáveis respectivos. Tal como ocorre numa dessensibilização sistemática – em que a tensão é superada pelo seu oposto biológico, o relaxamento. Os estados mentais saudáveis são antagonistas dos insalubres e os inibem. Nesse sistema, a presença de um dado fator saudável impede o surgimento de um fator insalubre específico, ou de um grupo de fatores, embora nem sempre numa base um-para-um. Os fatores saudáveis e insalubres da tabela abaixo estão em oposição geral e não em oposição específica. Explicações mais elaboradas podem ser encontradas em Guenther (1974) e Narada Thera (1956).

Fatores mentais primários na psicologia budista clássica

a) perceptuais cognitivos

Fatores insalubres: delusão, visão falsa, ausência de vergonha, ausência de remorso, egoísmo, perplexidade.

Fatores saudáveis: discernimento, atenção, modéstia, discrição, confiança, retidão

b) afetivos

Fatores insalubres: agitação, avidez, aversão, inveja, avareza, preocupação, restrição, topor.

Fatores saudáveis: compostura, desapego, não-aversão, imparcialidade, vivacidade, flexibilidade, eficiência, proficiência.

Fatores Saudáveis

O principal fator saudável, o discernimento ou entendimento – “percepção clara do objeto tal como é de fato” – imprime o fator insalubre fundamental de delusão. Esses dois fatores não podem coexistir num único estado mental: onde está o discernimento, não há delusão. A atenção nos estados mentais saudáveis permite a contínua compreensão clara de um objeto, sendo o corolário essencial da sabedoria. O discernimento e a atenção são os fatores saudáveis fundamentais; quando estão presentes, os outros fatores saudáveis tendem a surgir.

Os fatores cognitivos geminados, a modéstia e a discrição, só se manifestam quando um estado mental saudável tem como objeto um ato malévolo; funcionam para inibir o cometimento desse ato e, assim, compõe-se diretamente a ausência de vergonha e de remorso. Esses fatores são sustentados pela retidão, um fator cognitivo mais geral de correção nos juízos. Um fator afetivo associado é a confiança, uma certeza baseada numa percepção ou num conhecimento corretos. O desapego, a não-aversão e a imparcialidade, opõem-se, em conjunto, ao agregado de fatores insalubres formados pela avidez, avareza, inveja e aversão, substituindo por uma serenidade com relação à todo objeto que possa vir a ser percebido. O fator da compostura reflete a tonalidade emocional, calma e tranquila que vem do apazigamento de fortes emoções cognitivas e ativas de apego. Um último grupo afetivo de fatores influencia a mente e o corpo: a vivacidade, a flexibilidade, a eficiência e a proficiência, que suplantam, juntas, a contração e o torpor, fornecendo atributos de maleabilidade, facilidade, adaptabilidade e habilidade a configuração da saúde mental. Esses fatores saudáveis nucleares, além de superarem os insalubres, compõem o fundamento de um conjunto de estados afetivos positivos que não podem se manifestar na presença de fatores insalubres. Esse conjunto inclui a equanimidade, a compaixão, a delicadeza amorosa e a alegria altruísta, isto é, uma alegria que surge quando a felicidade do outro chega à percepção.

Os fatores insalubres e saudáveis tendem a se manifestar em grupo, mas todo o estado mental que tenha um único fator insalubre é visto como totalmente insalubre. Na verdade, nesse sistema, a definição operacional de desordem mental é a presença de algum fator insalubre na economia psíquica da pessoa. Assim, a saúde mental é a ausência de fatores insalubres e a presença de fatores saudáveis nos estados mentais da pessoa. Por esse critério, é provável que sejamos todos “doentes”. Ainda assim, cada um de nós provavelmente experimenta, por períodos maiores ou menores, estados mentais totalmente “saudáveis”, à medida que momentos mentais entram e saem da nossa corrente de consciência. Mas há um número diminuto de pessoas que só experimentam estados mentais saudáveis, sendo precisamente esse o objetivo do desenvolvimento psicológico na Abhidhamma.

O Arahat como protótipo

Do ponto de vista da Abhidhamma, o arahat ou o homem ideal, personifica a essência da saúde mental. O arahat é um ser em cuja a mente não surgem fatores insalubres. Da nossa perspectiva, pode ser visto como alguém que atingiu uma condição alterada de consciência por meio da qual certos processos de conciência são alterados de maneira duradoura. São inúmeros os coralários de personalidade e comportamentais dessa mudança na economia psicológica do arahat. Uma enumeração parcial dessa relação tradicional inclui:

1) Ausência de: avidez, ansiedade, ressentimentos e temores de toda espécie; dogmatismos, como a crença de que isso ou aquilo constituem “a Verdade”; aversões e condições como a perda, a desgraça, a dor ou a culpa; sentimentos de luxúria ou de ódio; experiência de sofrimento; necessidade de aprovação; deleite com elogios; desejo para si de qualquer coisa além do necessário e essencial.

2) Prevalência de: imparcialidade com relação aos outros e equanimidade em todas as circunstâncias; atenção permanente e calmo deleite com a experiência, por mais ordinária ou mesmo entediante que seja; forte sentimento de compaixão e de gentileza amorosa; percepção rápida e precisa; compostura e habilidade de ação.

Embora possa parecer incrivelmente virtuoso da perspectiva ocidental, o arahat personifica características comuns à maioria das psicologias asiáticas: é o protótipo do santo. Na nossas psicologias contemporâneas, esse protótipo se destaca principalmente pela ausência. Uma transformação tão radical do ser ultrapassa em muito os objetivos e esperanças das nossas psicoterapias e, de fato, está além de virtualmente toda a teoria moderna da personalidade. Do ponto de vista da psicologia ocidental o arahat pareçe bom demais para existir; faltam-lhe muitas características que consideramos intrínsecas à natureza humana. Mesmo assim, o protótipo do santo é uma das principais bases das psicologias asiáticas, que vêm florescendo há dois ou três milênios.

O monge e o Lama


Depois da publicaçao do livro O monge e o Lama pela editora Fayard em 2001, Dom Robert Le Gall, abade do monastério beneditino Saint-Anne de Kergonan, na Bretanha, e o lama Jigmé Rinpoché, que dirige o centro tibetano de Dhagpo Kagyu Ling na Dordonha, continuam mais proxmos do que nunca.

Qual seria o ponto mais importante desse dialogo?

Dom Robert: um verdadeiro dialogo. Sereno e positivo onde cada um realmente escutava o que o outro narrava de sua experiencia espiritual a partir do ponto de vista de seu caminho monastico. Das religioes orientais, eu conhecia um pouco do Hinduismo através dos livros do padre Henri Le Saux, que também é monge da abadia Sainte-Anne de Kergonan; mas nao conhecia quase nada sobre o Budismo. E de certa forma isso me permtiu, atraves desse dialogo, a colocaçao de perguntas bem simples que desdobravam-se até o fudamental de nossos caminos espirituais. Mas o primeiro resultado positivo desse livro foi o proprio encontro que teve como base uma vedadeira abertura ao outro sem nenhum tipo de “a priori”. Lama Jigmé passou tres dias em nossa abadia e eu passei tres dias no centro budista Dhagpo Kagyu Ling. Nos tivemos nesse tempo a grande oportunidade de nos entendermos, de nos escutarmos mutualmente, de nos compreendermos, muitas vezes, além mesmo das palavras. Esses encontros cotinuaram através de numerosas conferencias que nos viemos a participar juntos. E nos aprofundamos cada vez mais em nossas trocas em funçao das questoes que nos eram colocadas nessas conferencias.

Lama Jigmé Rimpoché: A compreençao do cristianismo ficou infinitamente mais clara para mim. Em funçao da profunda sabedoria e da clareza das explicaçoes de Dom Robert, eu pude entrar em contato com a profunda significaçao da fé crista e de seu caminho espiritual. Assim com ficou claro a profunda graça e paz de espirito que o cristianismo pode oferecer e a maneira como ela pode encaminhar seus seguidores rumo ao absoluto. Com relaçao a todos os aspectos nossas expectativas à esse encontro foram satisfeitas. E além disso guardei em meu coraçao, como presente desses dialogos, o calor e a imensa energia possitiva desse encontro amigo onde o respeito mutuo esteve presente todo o tempo. Varios feedback nos foram dados por numerosos leitores e todas essas posteriores observaçoes nos inspirarm muito assim como minhas reflexoes pessoais.

Em que esses dois caminhos espirituais seriam mais proximos?

Dom Robert: o estilo de vida nos aproxima – nos somos monges e portamos nossos respectivos habitos, seguimos uma regra de vida e acentuamos nossa vida interior. E em funçao disso, rapidamente nos compreedemos mutuamente. Nos dois caminhos a vida monastica tem uma forma bastante parecida assim como os pontos essencias de nossos caminos espiriuais – renuncia, iluminaçao e uniao com o Todo Assim como o estudo dos textos, a meditaçao, e o silencio; como simbolo da plena adesao ao Mistério. A utilizaçao de simbolos, de lamparinas, de incensos, e de oferendas, nos aproxima também (risos).

Lama Jigmé Rimpoché: os pontos de mais significaçao sao as similariedades de ambas as vidas monasticas. A pecepçao do grande bem estar que proporciona as preces assim como a meditaçao; a correspondencia entre a boa motivaçao e o caminho de bodhisattvas e os santos cristaos e a ligaçao entre a contemplaçao crista e alguns aspectos das praticas meditativas budistas (...).

E qual seiam as difernças?

Dom Robert: a dificuldade de se definir o que se entende por absoluto. Que dentro do cristianismo toma a forma de Deus que nos enviou seu filho, Cristo, como o portador do Pai, do Filho (ele mesmo) e do Espirito Santo.(...) a nao-identificaçao de desse absoluto assim como o conceito de impermanencia representou para mim o maior desafio de nosso dialogo: e com relaçao a esses pontos, os rios de nossas tradiçoes tomaram rumos diferentes (risos). Pude perceber que o budismo nao busca uma definiçao do Absoluto, pois seria impossivel falar sobre o mesmo sem ter realizado a iluminaçao – o nirvana. Depois de inumeras insistencias de minha parte para uma definiçao, Lama Jigmé Rimpoché, finalmnte me respondeu “o absoluto seria como um azul purissimo” (risos) Ele habilmente me definiu essa divergencia e eu entendi sua expliçao automaticamente – o que muito me emocionou. Pois segundo a tradiçao judaico-crista, apos a oferenda de Moisés, aos pés do monte Sinai, do sacrificio da Aliança, ele caminha até o alto do monte com alguns eleitos e é dito: “eles viraram o deus de Israel. Sob os seus pés havia uma base de safira, tao puro como o céu ele mesmo” (Ex 24:10) Nos reencontramos entao de uma certa maneira graças a esse azul profundo que para o profeta Ezequiel é proximo do misterio de Deus (Es 1.26; 10.1).

Lama Jigmé Rimpoché: sobre dois pontos – o conceito de reencarnaçao e o conceito de carma. Para o cristao, depois da morte a alma segue o seu caminho que passa pelo purgatorio e em seguida continuaria rumo ao inferno ou ao paraiso. O budismo vajrayana, que enfatiza um continuum da consciencia, se posiciona de uma forma diferente com relaçao a essa questao.(...) Embora o cristianismo também explique o carma enquanto atos que influenciariam o devir de um um ser, para o budismo, esse carma também engendraria as condiçoes de nossa vida nos tres tempos, assim como seu desdobramento.(...)

Le Monde des Religions