RANGOUN (AFP) - 27/09/07 as 07:48
Birmânia: uma centena monges foram presos durante a invasão de um mosteiro.
Centena de monges budistas foram presos na madrugada de quarta-feira pelas forças de segurança birmanesas que invadiram um mosteiro em Rangoun, informaram testemunhos. As forças de segurança birmanesas também prenderam dois grandes lideres do partido de oposição Aung San Suu Kyi.
Testemunhas informaram que um segundo mosteiro havia sido invadido mas nenhuma informação mais precisa esta disponível sobre esta nova operação militar. Pela manhã, os estragos da invasão espalhavam-se para todos os lados: vidraças quebradas e imagens sagradas estavam espalhadas por terra no mosteiro de Ngwekyaryan. Uma fotografia do mais elevado monge deste mosteiro havia sido arrancada e repousava impassivel no chão do monasterio em meio as ruinas deixadas pelas tropas birmanesas.
A populaçao de leigos que habita em torno do monasterio estavam em prantos frente aos estragos causados. Centena de monges foram presos após esta invasão mas bonzos que haviam conseguido fugir retornaram ao monasterio durante a noite e alguns apresentavam feridas graves na região do crânio. Eles relataram ter conseguido escapar às interpelações escondendo-se na floresta. Acrescentaram também que todos os objetos de valores que haviam no monasterio haviam desaparecidos.
Os dois principais oponentes do governo militar, Hla PE e Myint Thein, foram interpelados em sua residencia, informaram responsáveis militares desta invasão. Myint Thein é um dos lideres da Liga Nacional para a Democracia (LND) da Sra. Suu Kyi, ela mesma mantida presa em sua residência. Um porta-voz do LND em Banguecoque, Zin Linn, confirmou as detençóes, acrescentando que o partido procurava obter informações da junta militar sobre o real estado dos estragos causados pelas tropas governamentais. Zin Linn disse que Myint Thein teria sido parado devido a "critiques contra o régime" formulados junto aos representantes da "imprensa estrangeira".
Anteriormente, a Anistia Internacional tinha assinalado que quatro outros membros do LND faziam parte das 300 pessoas detidas entre terça-feira e quarta-feira à Rangoun pelas autoridades, que começaram a restringir um movimento de protesto conduzidos pelos monges. A Rangoun, a maior cidade da Birmânia onde a lei marcial está doravante em vigor, as ruas estavam, na quinta-feira pela manhã, anormalmente calmas.
Numerosos moradores, aparentemente, tinham decidido permanecer nos seus domicílios, mas as avenidas ao redor do famoso pagode Shwedagon estavam cercadas por arames farpados. As forças de segurança se encarregaram, na véspera, especificamente neste bairro, dos milhares de civis e bonzos que manifestavam contra a junta militar.
Linhas de onibus foram desviadas do seu trajeto habitual e o comércio continuava a ser fechados
A circulação esta reduzida, comparada com os dias precedentes. A partir de seus receptores de rádio de ondas curtas, os habitantes tentam conseguir informações independentes sobre os acontecimentos de quarta-feira. Alguns não escondiam a sua cólera após a repressão efetuada pelas forças de segurança, culpadas de ter ferido e assassinado monges budistas, muito respeitados na Birmânia.
A junta militar birmanesa começou quarta-feira a restringir o movimento de protesto realisado pelos bonzos, encarcerandor manifestantes à Rangoun, onde pelo menos quatro pessoas, um civil e três bonzos foram mortos e mais de cem foram feridos, de acordo com responsáveis birmaneses e testemunhos. Num total aproximativo, cerca de 200 pessoas foram detidas.
O Conselho de Segurança da ONU pediu para quarta-feira às autoridades birmanesas que fizesse prova do máximo de respeito face aos manifestantes e que recebessem rapidamente o seu enviado especial para avaliar a situação. "Os membros do Conselho exprimiram a sua preocupação no que diz respeito à situação e chamaram a mesma de extrema repressão ditatorial, em especial por parte do governo birmanes", declarou o presidente do Conselho, o embaixador da França Jean- Maurícia Ripert,num comunicado à imprensa, referindo-se as crescentes violacões internacionais por parte da Birmânia, onde a repressão lançada pela junta fez pelo menos quatro mortes e suscita numerosas condenações internacionais.
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