O monge e o Lama
Depois da publicaçao do livro O monge e o Lama pela editora Fayard em 2001, Dom Robert Le Gall, abade do monastério beneditino Saint-Anne de Kergonan, na Bretanha, e o lama Jigmé Rinpoché, que dirige o centro tibetano de Dhagpo Kagyu Ling na Dordonha, continuam mais proxmos do que nunca.
Lama Jigmé Rimpoché: A compreençao do cristianismo ficou infinitamente mais clara para mim. Em funçao da profunda sabedoria e da clareza das explicaçoes de Dom Robert, eu pude entrar em contato com a profunda significaçao da fé crista e de seu caminho espiritual. Assim com ficou claro a profunda graça e paz de espirito que o cristianismo pode oferecer e a maneira como ela pode encaminhar seus seguidores rumo ao absoluto. Com relaçao a todos os aspectos nossas expectativas à esse encontro foram satisfeitas. E além disso guardei em meu coraçao, como presente desses dialogos, o calor e a imensa energia possitiva desse encontro amigo onde o respeito mutuo esteve presente todo o tempo. Varios feedback nos foram dados por numerosos leitores e todas essas posteriores observaçoes nos inspirarm muito assim como minhas reflexoes pessoais.
Lama Jigmé Rimpoché: os pontos de mais significaçao sao as similariedades de ambas as vidas monasticas. A pecepçao do grande bem estar que proporciona as preces assim como a meditaçao; a correspondencia entre a boa motivaçao e o caminho de bodhisattvas e os santos cristaos e a ligaçao entre a contemplaçao crista e alguns aspectos das praticas meditativas budistas (...).
Dom Robert: a dificuldade de se definir o que se entende por absoluto. Que dentro do cristianismo toma a forma de Deus que nos enviou seu filho, Cristo, como o portador do Pai, do Filho (ele mesmo) e do Espirito Santo.(...) a nao-identificaçao de desse absoluto assim como o conceito de impermanencia representou para mim o maior desafio de nosso dialogo: e com relaçao a esses pontos, os rios de nossas tradiçoes tomaram rumos diferentes (risos). Pude perceber que o budismo nao busca uma definiçao do Absoluto, pois seria impossivel falar sobre o mesmo sem ter realizado a iluminaçao – o nirvana. Depois de inumeras insistencias de minha parte para uma definiçao, Lama Jigmé Rimpoché, finalmnte me respondeu “o absoluto seria como um azul purissimo” (risos) Ele habilmente me definiu essa divergencia e eu entendi sua expliçao automaticamente – o que muito me emocionou. Pois segundo a tradiçao judaico-crista, apos a oferenda de Moisés, aos pés do monte Sinai, do sacrificio da Aliança, ele caminha até o alto do monte com alguns eleitos e é dito: “eles viraram o deus de Israel. Sob os seus pés havia uma base de safira, tao puro como o céu ele mesmo” (Ex 24:10) Nos reencontramos entao de uma certa maneira graças a esse azul profundo que para o profeta Ezequiel é proximo do misterio de Deus (Es 1.26; 10.1).
Lama Jigmé Rimpoché: sobre dois pontos – o conceito de reencarnaçao e o conceito de carma. Para o cristao, depois da morte a alma segue o seu caminho que passa pelo purgatorio e em seguida continuaria rumo ao inferno ou ao paraiso. O budismo vajrayana, que enfatiza um continuum da consciencia, se posiciona de uma forma diferente com relaçao a essa questao.(...) Embora o cristianismo também explique o carma enquanto atos que influenciariam o devir de um um ser, para o budismo, esse carma também engendraria as condiçoes de nossa vida nos tres tempos, assim como seu desdobramento.(...)
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