mardi 3 juin 2008

Nirvana...




enquanto reducionismo biologico?

O ruído incessante que costumava ocupar seus pensamentos desapareceu. As preocupações cotidianas de sua vida - sobre seu irmão esquizofrênico e seu emprego desgastante - romperam as amarras e se foram. E suas percepções também mudaram. Ela começou a perceber os átomos e moléculas de seu corpo e como eles se combinavam com o espaço que a cercava; o mundo todo e as criaturas que ele contém eram todos parte do mesmo, e magnífico, campo de energia reluzente.

"Minha percepção das fronteiras físicas deixou de estar limitada ao contato de minha pele com o ar", escreveu Taylor em My Stroke of Insight, seu livro de memórias, que acaba de ser publicado. Depois de experimentar dor intensa, ela afirma, seu corpo se desconectou de sua mente. "Eu me sentia como um gênio libertado da garrafa", afirma no livro. "A energia do meu espírito parecia fluir como uma grande baleia percorrendo um mar de euforia silenciosa".

Enquanto seu espírito ascendia, seu corpo lutava pela sobrevivência. Ela tinha um coágulo do tamanho de uma bola de golfe no interior da cabeça, e sem o uso do hemisfério esquerdo do cérebro, ela perdeu funções analíticas como a capacidade de falar, de compreender números ou letras e, inicialmente, até a de reconhecer sua mãe.

Um amigo a levou ao hospital, onde passou por uma cirurgia, seguida por oito anos de recuperação. O desejo de contar aos outros sobre o nirvana, conta Taylor, a motivou fortemente a reintroduzir seu espírito no corpo e se curar.

A história de Taylor não é comum entre os pacientes de derrames. As lesões no lobo esquerdo do cérebro em geral não conduzem a uma prazerosa iluminação; as pessoas muitas vezes afundam em um estado de irritabilidade constante, e perdem o controle de suas emoções. Taylor também foi ajudada pelo fato de que o hemisfério esquerdo de seu cérebro não foi destruído, e isso provavelmente explica porque ela conseguiu se recuperar plenamente.

Hoje ela se diz uma nova pessoa, capaz de "penetrar a consciência de meu hemisfério direito" sempre que assim deseja, e de ser "uma com a totalidade da existência". E ela diz que isso nada tem a ver com a fé, e sim com a ciência. Taylor oferece profunda compreensão pessoal a algo que havia estudado por muito tempo: a grande diferença entre as personalidades das duas metades do cérebro.

O hemisfério esquerdo em geral nos fornece contexto, ego, tempo, lógica. O hemisfério direito nos oferece criatividade e empatia. Para a maioria das pessoas de fala inglesa, o hemisfério esquerdo, que processa a linguagem, é dominante. A percepção de Taylor é que isso não tem necessariamente de ser verdade.

Mas muitos dos que a procuram têm interesse em fenômenos espirituais, especialmente budistas e praticantes de meditação, para os quais a experiência pela qual ela passou confirma sua crença de que existe um estado de alegria ao qual se pode chegar.


Tradução: Paulo Migliacci ME