tag:blogger.com,1999:blog-16122605992199120142024-03-19T04:10:53.247-07:00Discursos & entrevistasUm certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comBlogger89125tag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-15614536707536383102023-05-16T13:04:00.000-07:002023-05-16T13:04:41.644-07:00Chögyam Trungpa Rinpoche e as origens da fotografia contemplativa<p><br /></p><div id="content-area" style="background-color: #474747; color: white; font-family: ff-meta-web-pro-1, ff-meta-web-pro-2, Verdana, "Lucida Grande", Arial, Tahoma, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px;"><div class="node node-type-page build-mode-full clearfix" id="node-17"><div class="content"><p style="margin: 1em 0px;"><i><img alt="" class="inset" src="http://seeingfresh.com/sites/default/files/author/vctr_small.jpg" style="border: 0px; float: left; padding: 0px 20px 20px 0px;" /><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">A prática da fotografia contemplativa</span></span></i><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"> apresenta uma abordagem à fotografia baseada nos ensinamentos budistas sobre percepção, criatividade e sabedoria. </span><span style="vertical-align: inherit;">A conexão entre o budismo e a fotografia pode não ser óbvia, mas os budistas estudaram a mente e o coração e aplicaram sua compreensão e práticas aos desafios da vida por mais de dois mil e quinhentos anos. </span><span style="vertical-align: inherit;">O budismo também tem ricas tradições de expressão de sabedoria e realização por meio das artes. </span><span style="vertical-align: inherit;">Finalmente, e talvez o mais importante, a fotografia e o budismo compartilham interesses essenciais: ambos se preocupam com a visão clara.</span></span></p><p style="margin: 1em 0px;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">O budismo se preocupa com a visão clara porque a visão clara é o antídoto definitivo para a confusão e a ignorância. </span><span style="vertical-align: inherit;">Alcançar a libertação da confusão e da ignorância é a razão de ser do budismo. </span><span style="vertical-align: inherit;">A visão clara é uma preocupação primordial para a arte da fotografia porque a visão clara é a fonte de imagens vivas e frescas – a razão de ser da fotografia.</span></span></p><p style="margin: 1em 0px;"><span style="vertical-align: inherit;">A confluência particular entre o budismo e a fotografia que levou à </span><i>prática da fotografia contemplativa</i><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"> começou em meados do século passado, quando Chögyam Trungpa Rinpoche, a décima primeira encarnação de um dos maiores lamas do Tibete oriental, ganhou sua primeira câmera. </span><span style="vertical-align: inherit;">Trungpa Rinpoche tirou sua primeira fotografia quando tinha quinze anos. </span><span style="vertical-align: inherit;">Quatro anos depois, ele fugiu de sua terra natal para escapar da invasão chinesa, liderando um grupo de refugiados através do Himalaia em segurança na Índia.</span></span></p><p style="margin: 1em 0px;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">Em 1963 ele viajou para a Inglaterra para estudar religião comparada e filosofia na Universidade de Oxford. </span><span style="vertical-align: inherit;">Mais tarde, ele escreveu: “Tive que mergulhar completamente em tudo, desde as doutrinas da religião ocidental até a maneira como as pessoas amarravam seus cadarços”. </span><span style="vertical-align: inherit;">Intrigado com sua exposição à arte ocidental e japonesa, ele começou a explorar maneiras de usar a câmera para criar imagens do mundo da forma: a aparência nua das coisas, antes de serem sobrepostas com quaisquer concepções sobre o que significam ou o que são. </span></span></p><p style="margin: 1em 0px;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">Depois de Oxford, Trungpa Rinpoche fundou o primeiro centro de meditação budista tibetano no Ocidente nas colinas de Dumfriesshire, na Escócia. </span><span style="vertical-align: inherit;">Em poucos anos, ele se mudou para a América, atraído pelo fértil solo espiritual de sua cultura abundante e exuberante.</span></span></p><p style="margin: 1em 0px;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">Na América, ele apresentou a sabedoria da tradição budista em expressões e exemplos contemporâneos. </span><span style="vertical-align: inherit;">Ele trabalhou com formas culturais ocidentais para treinar seus alunos, lançando projetos em cinema, teatro e psicoterapia. </span><span style="vertical-align: inherit;">Ele usou a fotografia e outras formas de arte para expressar a experiência do estado desperto da mente.</span></span></p><p style="margin: 1em 0px;"><span style="vertical-align: inherit;">Tanto Andy quanto Michael se tornaram alunos de Trungpa Rinpoche na década de 1970 e foram profundamente influenciados por ele.</span></p></div></div></div>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-43203637405278873122023-03-01T05:34:00.001-08:002023-03-01T05:52:30.085-08:00Tesla<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8xQa7O-VtivLGOJRJgNLkHkhqrW3QfDzavbw6ezM_mmPWgPPrMRTkca3WlBzIRh60vOxK4wXdtHLl0xHqOoeooVN2NXdXtgcE7LVoDvWbdDpi1OkuDoX5pFn4xQm3_feCmO5dBVmBvqOIye5t5kPd0_Seu6Wk7NR2K3NZpJ_GgSju5TmpwObeDLM_lQ/s1304/Physical%20matter%20is%20music%20solidified.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1304" data-original-width="1067" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8xQa7O-VtivLGOJRJgNLkHkhqrW3QfDzavbw6ezM_mmPWgPPrMRTkca3WlBzIRh60vOxK4wXdtHLl0xHqOoeooVN2NXdXtgcE7LVoDvWbdDpi1OkuDoX5pFn4xQm3_feCmO5dBVmBvqOIye5t5kPd0_Seu6Wk7NR2K3NZpJ_GgSju5TmpwObeDLM_lQ/s320/Physical%20matter%20is%20music%20solidified.jpg" width="262" /></a></div><br /><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><br /></span><p></p><p><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><b>Entrevista a Tesla realizada em NY, nos anos 30, e que foi censurada pelos governo americano por mais de 50 anos.</b></span></p><p><br /></p><p>Jornalista: Sr. Tesla, você ganhou a glória do homem que esteve envolvido em processos cósmicos. Quem é você, Sr. Tesla?</p><p>Tesla: Essa é uma pergunta correta, Sr. Smith, e tentarei lhe dar a resposta correta.</p><p>Jornalista: Alguns dizem que você é do país da Croácia, da região chamada Lika, onde árvores, pedras e um céu estrelado crescem junto com as pessoas. Dizem que sua cidade natal tem o nome das flores da montanha, e a casa onde você nasceu fica ao lado da floresta e da igreja.</p><p>Tesla: Sério, é tudo verdade. Tenho orgulho da minha origem sérvia e da minha pátria croata.</p><p>Jornalista: Os futuristas dizem que o século 21 nasceu na cabeça de Nikola Tesla. O pai da corrente alternada fará com que a física e a química dominem meio mundo. A indústria o proclamará o santo supremo dele, um banqueiro dos maiores benfeitores. No laboratório de Nikola Tesla, pela primeira vez, há um átomo quebrado.</p><p>Tesla: Sim, essas são algumas das minhas descobertas mais importantes. Eu sou um homem derrotado. Eu não fiz o meu melhor.</p><p>Repórter: O que é, Sr. Tesla?</p><p>Tesla: Ele queria iluminar toda a terra. Há eletricidade suficiente para se tornar um segundo sol. A luz apareceria ao redor do equador, como um anel ao redor de Saturno. A vida tem um número infinito de formas, e é dever dos cientistas encontrá-las em todas as formas da matéria. Três coisas são essenciais para isso. Tudo o que faço é procurá-los. Sei que não os encontrarei, mas não os abandonarei.</p><p>Jornalista: O que são essas coisas?</p><p>Tesla: Um problema é a comida. </p><p>Que energia estelar ou terrestre para alimentar os famintos da Terra? Que vinho beberam todos os sedentos, para que seus corações se alegrassem e entendessem que eles são deuses?</p><p>Sei que a gravidade está sujeita a tudo o que é necessário para voar e a minha intenção não é fazer aparelhos voadores (aviões ou mísseis) mas ensinar um indivíduo a recobrar a consciência nas suas próprias asas… Também; Estou tentando despertar a energia contida no ar. São as principais fontes de energia. O que é considerado espaço vazio é apenas uma manifestação da matéria não desperta.</p><p>Não há espaço vazio neste planeta, nem no Universo. Os buracos negros, dizem os astrônomos, são as fontes mais poderosas de energia e vida.</p><p>Jornalista: Na janela de seu quarto no hotel “Valdorf-Astoria”, no trigésimo terceiro andar, chegam pássaros todas as manhãs.</p><p>Tesla: Um homem deve ser sentimental em relação aos pássaros. Isso é por causa de suas asas. Os humanos os tiveram uma vez, o real e o visível!</p><p>Repórter: Você não parou de voar desde aqueles dias em Smiljan!</p><p>Tesla – Eu queria voar do telhado e caí – Os cálculos das crianças podem estar errados. Lembre-se que as asas da juventude têm tudo na vida!</p><p>Jornalista: Seus fãs reclamam que você ataca a relatividade. O estranho é sua afirmação de que a matéria não tem energia. Tudo está imbuído de energia, onde está?</p><p>Tesla: Primeiro foi a energia, depois a matéria.</p><p>Jornalista: uma pergunta que poderia ser feita no início desta conversa. O que era eletricidade para você, querido Sr. Tesla?</p><p>Tesla: Tudo é eletricidade. Primeiro havia a luz e a fonte infinita da qual ela extrai a matéria e a distribui em todas as formas que representam o Universo e a Terra com todos os seus aspectos da vida. O preto é a verdadeira face da Luz, apenas não a vemos. É uma graça notável para o homem e outras criaturas. Uma de suas partículas possui energia luminosa, térmica, nuclear, radiológica, química, mecânica e não identificada.</p><p>Ele tem o poder de dar a volta na Terra em sua órbita. É uma verdadeira alavanca arquimediana.</p><p>Repórter: Sr. Tesla, você é muito inclinado para a eletricidade.</p><p>Tesla: eletricidade sou eu. Ou, se preferir, sou eletricidade em forma humana. Você é eletricidade; assim como o Sr. Smith, mas você não percebe isso.</p><p>Repórter: Essa é a sua capacidade de permitir uma falha de energia de um milhão de volts em seu corpo?</p><p>Tesla – Imagine um jardineiro atacado por ervas daninhas. Isso seria muito louco. O corpo e o cérebro do homem são compostos de uma grande quantidade de energia; em mim está a maior parte da eletricidade. A energia que é diferente em cada pessoa é o que faz do ser humano o “eu” ou a “alma”. Para outras criaturas, em essência, a “alma” da planta é a “alma” dos minerais e animais.</p><p>A função cerebral e a morte se manifestam na luz. Meus olhos na juventude eram pretos, agora azuis, e com o passar do tempo e a tensão no cérebro fica mais forte, eles ficam mais próximos do branco. Branco é a cor do céu. </p><p>Uma manhã, perto da minha janela, uma pomba branca pousou, que eu alimentei. Ele queria me dizer que estava morrendo. Jatos de luz saíram de seus olhos. Nunca nos olhos de nenhuma criatura ele tinha visto tanta luz, como naquela pomba.</p><p>Repórter: Sua equipe de laboratório fala sobre flashes de luz, chamas e relâmpagos que acontecem se você está com raiva ou em risco.</p><p>Tesla: é a descarga psíquica ou um aviso para ficar alerta. A luz sempre esteve do meu lado. Você sabe como descobri o campo magnético rotativo e o motor de indução que me tornaram famoso aos 26 anos? Numa noite de verão em Budapeste, assisti ao pôr do sol com meu amigo Sigetijem.</p><p>Milhares de fogo se transformaram em milhares de cores flamejantes. Lembrei-me de Fausto e recitei seus versos e então, como uma névoa, vi um campo magnético girando e um motor de indução. Eu os vi no sol!</p><p>Jornalista: O serviço do hotel diz que na hora do raio ele se isola no quarto e fala sozinho.</p><p>Tesla: Eu falo com relâmpagos e trovões.</p><p>Jornalista: Com eles? Que idioma, Sr. Tesla?</p><p>Tesla: Principalmente minha língua materna. Ele tem as palavras e os sons, especialmente na poesia, que lhe convém.</p><p>Jornalista: A imaginação é mais real para você do que a própria vida?</p><p>Tesla: dá à luz a vida. Alimentei-me do meu ensinamento; Aprendi a controlar emoções, sonhos e visões. Eu sempre quis fazer isso, pois alimentou meu entusiasmo. Toda a minha longa vida foi passada em êxtase. Essa era a fonte da minha felicidade. Durante todos esses anos ele me ajudou a manter o trabalho, o que foi suficiente para cinco vidas. É melhor trabalhar à noite, por causa da luz das estrelas e dos laços estreitos.</p><p>Jornalista: Você acha que o tempo pode ser abolido?</p><p>Tesla: Não exatamente, porque a primeira característica da energia é que ela se transforma. Está em perpétua transformação, como nuvens de taoístas. Mas é possível tirar vantagem do fato de que uma pessoa retém a consciência após a vida terrena. Em cada canto do universo existe a energia da vida; uma delas é a imortalidade, cuja origem está fora do homem, esperando por ele. O universo é espiritual; estamos a meio caminho. O Universo é mais moral do que nós porque não conhecemos sua natureza e como harmonizar nossas vidas com ela. Não sou cientista, a ciência é talvez a forma mais cómoda de encontrar a resposta à questão que sempre me persegue, e que os meus dias e noites se transformaram em fogo.</p><p>Jornalista: Mas, Sr. Tesla, você sabe que isso é necessário e está incluído na constituição do mundo!</p><p>Tesla: quando um homem é surpreendido; que seu maior objetivo deveria ser correr em direção a uma estrela cadente e tentar capturá-la; Você entenderá que a vida dele foi dada a você para isso e você será salvo. As estrelas finalmente poderão pegar!</p><p>Jornalista: E o que vai acontecer então?</p><p>Tesla: O criador vai rir e dizer: “Só cai se você persegui-lo e pegá-lo”.</p><p>Jornalista: Tudo isso não é contrário à dor cósmica que você menciona tantas vezes em seus escritos? E o que é a dor cósmica?</p><p>Tesla: Não, porque estamos na Terra… É uma doença que a grande maioria das pessoas não conhece. O Universo inteiro está farto de si mesmo e de nós mesmos em determinados momentos. O desaparecimento de uma estrela e o aparecimento de cometas nos afetam mais do que imaginamos. As relações entre as criaturas da Terra são ainda mais fortes, por causa de nossos sentimentos e pensamentos, a flor terá um aroma ainda mais belo ou ficará em silêncio.</p>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-21916889284026212722019-08-07T18:10:00.000-07:002019-08-07T18:16:01.713-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT_uEAgf4YGjQcICc0El_cj7fR9DC-9aWEZb5AmEwwA_xcmBBNr7xhqiKbAmDNkTNJ24dE3VBDb8Xb2BUVXWQyh0C6r92I6HdbRpcur455veK53nDWhliPzE7w-bKnuMgypo2YBBR1EerH/s1600/66378063_351639002195257_6889417650644975616_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="813" data-original-width="563" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT_uEAgf4YGjQcICc0El_cj7fR9DC-9aWEZb5AmEwwA_xcmBBNr7xhqiKbAmDNkTNJ24dE3VBDb8Xb2BUVXWQyh0C6r92I6HdbRpcur455veK53nDWhliPzE7w-bKnuMgypo2YBBR1EerH/s400/66378063_351639002195257_6889417650644975616_n.jpg" width="276" /></a></div>
<div class="article-header" style="display: table; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; width: 750px;">
<h1 class="title entry-title" itemprop="name" style="display: table-cell; margin: 0px; padding: 0px 40px 0px 0px; position: relative; vertical-align: middle; width: 710px;">
<br /><span style="font-size: x-small;"><br /></span></h1>
</div>
<div class="article-content entry-content" itemprop="articleBody" style="clear: both; color: #660000; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 14px; line-height: 1.4; margin: 10px auto 5px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">
<blockquote style="font-style: italic;">
<h1 class="title entry-title" itemprop="name" style="color: black; display: table-cell; font-style: normal; margin: 0px; padding: 0px 40px 0px 0px; position: relative; text-align: left; vertical-align: middle; width: 710px;">
<span style="font-size: small;">O que fez você iniciar uma busca pelo Buddha real?</span></h1>
<span style="font-size: 11.9px;">Meu interesse surgiu com um projeto que levou-me pela primeira vez aos locais onde o Buddha viveu e ensinou - Shravasti, Kusinagar, Gaya, Vaishali, Rajgir, Boddhgaya. Pela primeira vez, eu tive uma clara idéia do mundo do Buddha. Isto criou um tipo de estrutura dentro da qual eu comecei a ler os textos antigos em Pali. Eu comecei a ver os textos de um ponto de vista diferente. Até então, como muitos Buddhistas, eu tinha uma idéia muito vaga de como a vida do Buddha tinha se desdobrado de fato.<br /><br />O Cânone Pali é como uma janela para 80 anos da história antiga da Índia, o primeiro texto histórico real. De certa forma este representa o mundo humano, em que os deuses não são significantes e os seres humanos que nele habitam estão se esforçando para controlar seu próprio destino.<br /><br />Eu também passei a ver o mundo do Buddha em termos de desenvolvimento político e econômico daquela época. Quanto mais eu lia e mais tentava juntar as peças da estória, particularmente entre o despertar e o falecimento do Buddha, passei a tomar ciência das pessoas que apareciam nestes fragmentos de história. E lentamente eu pude reunir uma estória. </span><br />
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<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Se todos os detalhes que você descobriu sobre a vida e tempo do Buddha estão no Cânone Pali, como pode não serem bem conhecidos [entre os buddhistas]?</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px;">Uma das razões para que a estória do Buddha não é bem conhecida é que os compiladores originais dos textos não estavam interessados nos detalhes [históricos]. Eles apenas tinham interesse em preservar o Dhamma – os Ensinamentos do Buddha. Eles organizaram o Cânone não de acordo com a cronologia mas de acordo com o tamanho dos discursos (suttas).<br /><br />Desta forma, tem-se os discursos curtos, longos, discursos conectados por assunto, discursos unificados usando-se numerais que os identificam. Ao dividir o Cânone desta forma, eles destruíram desavertidamente qualquer senso de cronologia histórica. É somente em alguns textos que encontra-se uma narrativa sustentável, e uma estória de fato. Mas quando se junta todos os pequenos fragmentos de história, extraídos da grande massa de textos, descobre-se que os pequenos fragmentos não são arbitrários – não estão ali apenas para decoração – mas constituem um todo coerente.<br /><br />Todos estes fragmentos fazem sentido perante aos outros, mesmo os personagens históricos menores são retratados de forma consistente. Parece que estes foram enterrados no Cânone Pali - que tem aproximadamente cinco ou seis mil páginas quando traduzido - como peças de um quebra-cabeças. Coloque-as junto cuidadosamente e você terá uma imagem. Não totalmente completa, mas completa o bastante.</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">E qual é a imagem que se obtém?</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px;">A imagem padrão que as pessoas têm é de um príncipe que cresce num palácio, renuncia a tudo e se torna um Buddha, que passa a andar aqui e acolá dando maravilhosos ensinamentos, com discípulos monásticos o seguindo aonde fosse. Ele ensina, ensina e um dia ele se deita e falece.<br /><br />Eles não pensam muito sobre o Despertar, mas após este o Buddha tinha uma tarefa: estabelecer seus Ensinamentos e sua Sangha, a comunidade. Ele é relatado dizer isto em várias ocasições. Estas tarefas constituiam sua missão de vida. Para realizá-la, ele não poderia apenas encaminhar-se com seus discípulos monásticos para algum canto nos Himalayas. Ele tinha de ser capaz de encontrar situações nas quais ele teria acesso suficiente à recursos materiais, e nas quais ele teria garantia de segurança. Os únticos locais nos quais isto se encontraria seriam as cidades emergentes da época: Rajgir (Rajagaha), Shravasti (Savatthi) e em menor escala, Vaishali (Vesali). Ele também teve de lidar com um mundo bastante conflituoso, problemático, violento e cruel com reis e monarquias recém-emergidos e exércitos crescentes.</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px;">Sabemos a partir dos textos que Buddha viveu até uma idade bastante avançada – tendo falecido ao 80 anos de idade. E também sabemos que sua idade quando deu-se o Despertar era de 35 ou 36 anos. Isto signfica que por 45 anos ele estava ativamente envolvido no ensinar. E seus ensinamentos não se restringiram à um punhado de monges e monjas vivendo em monastérios mas eram oferecidos à indivíduos de todos os níveis da sociedade, do topo à base, em um período da história Indiana em que havia uma transformação de pequenas repúblicas que dominaram as planícies do Ganges para a emergência da primeira monarquia que deu as bases para a unificação posterior da Índia sob Chandragupta Maurya, cerca de 100 anos mais tarde.</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px;">Outra coisa que o Buddha esteve continuamente engajado ao longo de sua vida foi o cuidado que tinha com sua própria comunidade em Sakiya. Ás vezes se diz que após ter deixado sua família, o Buddha teria abandonado suas responsabilidades perante sua família e clã e apenas seguiu em frente a pé e se tornou um monge. Isto não é completamente verdade.<br /><br />Após seu Despertar, o Buddha voltou à Kapilavastu, e reconciliou-se com sua família, e alguns de seus mais importantes discípulos eram de fato seus familiares: seu primo Devadatta, que posteriormente tentou derrubar o próprio Buddha; seu filho, Rahula, que foi ordenado quando um jovem menino; sua madrasta, Mahapajapati, a primeira monja (bhikkhuni); seu primo Ananda, que memorizou todos os ensinamentos; outro primo Anuruddha que era um discípulo próximo e presente na ocasião do falecimento do Buddha; e um terceiro primo, Mahanama, irmão de Anuruddha e Nanda, que sucedera o Buddha como o cabeça do clã dos Sakiyas quando Suddhodana, o pai de Buddha, morreu. Então um dos aspectos da renúncia do Buddha, quando ele deixa o clã Sakiya aos 29 anos, é essencialmente o renunciar do seu papel como futuro líder do povo Sakiya.</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Mas era realmente Sakiya um reino?</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px;">Sakiya era uma das repúblicas antigas originais da Índia. Não era muito grande, com algumas centenas de quilômetros quadrados no máximo. Na época do nascimento de Gotama, já tinha deixado de ser uma república independente governada por um conselho de anciãos e tornara-se uma provícia do reino de Kosala que tinha como capital Shravasti (Savatthi). Era uma comunidade, governada por representantes das famílias dominantes, com uma delas como a chefe em termos de título. Quando Gotama nasceu, seu pai Suddhodana era o chefe do conselho que governava os assuntos internos de Sakiya, mas eles eram todos vassalos do rei da cidade de Kosambi.</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Isto significa que o Buddha alcançou bem mais poder político que seu pai?</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px;">De certo modo, sim. Ele andava entre círculos políticos bastante poderosos. Ele tinha o suporte de algumas das figuras políticas mais poderosas de seu tempo: o Rei Bimbisara em Rajgir (Rajagaha) e o Rei Prasenajit (Pasenadi) em Shravasti (Savatthi). Ele deve ter sido um bom, muito bom organizador, poderoso líder de homens e mulheres, alguém com clara visão do que ele iria fazer e estava por fazer.<br /><br />Não se trata de alguém que apenas sentava-se, meditava e dava palestras ocasionalmente. Ele estava profundamente implicado em seu mundo, não um renunciante, descolado do mundo como Mahavira (mestre do Jainismo, contemporãneo ao Buddha).</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Como Buddha ganhou o suporte de poderosos reis de seu tempo?</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px;">A razão pela qual os rei apoiavam o Buddha – não creio ter sido necessariamente por terem um claro entendimento de sua filosofia – era que eles viam nele um tipo de gênio, uma figura que causava inspiração, alguém com bastante carisma – um visionário, seria como o chamaríamos nos dias de hoje – e eles queriam se associar a tal indivíduo.<br /><br />Mas também era um período de enormes mudanças: as primeiras cidades da Índia estavam apenas emergindo e os antigos modos de vida que os Brâmanes e aqueles que seguiam os Vedas representavam, essencialmente um estilo de vida agrário, estava mudando principalmente devido o desenvolvimento econômico. Havia naquele momento excedente suficiente por toda a imensamente fértil produção na área do Ganges. E a produção excedente não somente criou uma classe mercantil – bastante rica, incluindo banqueiros – mas também resultou em chefes de estado com riqueza o suficiente para estabelecer exércitos permanentes e possibilitou que jovens homens e mulheres deixassem seus lares para sobreviver de oferendas, em diversas buscas religiosas, filosóficas e de outras motivações e ideais. Havia um movimento em direção à uma futuro incerto. Eles teriam visto suas próprias vilas e cidades emergentes como o início de uma nova ordem social, de certa forma ainda superadas pelo poder dos reinos Persas à Oeste. Então penso que tais reis estivessem patrocinando tais exércitos e comunidades monásticas pois eles tinham aspirações civilizadoras.<br /><br />E é claro, por fim, cem anos após o falecimento do Buddha isto de fato aconteceu: o império Mauryan emergiu. O primeiro rei deste, Chandragupta Maurya era devoto ao Jainismo, e o famoso Ashoka o Grande, seu neto, um devoto do Buddhismo – eles estavam claramente seguindo, como o foi, um movimento no qual o Jainismo e o Buddhismo eram vistos como alternativas à religião Brâmane, e havia constante embate entre as diferentes tendências.</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Na época do Buddha já existia o conflito com o Bramanismo?</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px;">Não, este começou após a época de Ashoka o Grande. Durante a vida do Buddha, não existiam tais campos claramente definidos, eles não haviam de fato emergido. Claramente, o Buddha era bastante crítico do pensamento Brâmane. Ele era crítico do sistema social que este legitimava, suas metáforas e idéias religiosas que ele rejeitou de forma bastante direta. Ele não tinha compromisso algum para com nenhuma idéia similar a de “Deus” [como os Brâmanes professavam] – que ele completamente tirou de cena. Ele era bastante cético sobre qualquer tipo de alma eterna [elemento único de seu Dhamma]. E quando se olha para algumas das idéias principais do Buddha, elas são claramente estruturadas em oposição à ortodoxia dos Upanishads ou Vedanta. Acho que ele viu sua refutação da ideologia vigente (mainstream) de seu tempo como parte integral de sua tentativa de se criar uma nova ordem, um novo tipo de mundo, como o foi.</span><br />
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<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Nos textos antigos há alguma descrição física do Buddha?</span><br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px;">Não. A única passagem que encontrei que tem uma descrição física dele apenas diz que ele não era diferente de ninguém. Ele teria sido razoavelmente anônimo, como qualquer outro monge Buddhista.<br /><br />A imagem que se tem do Buddha com seu penteado bastante diferente, longos lóbulos das orelhas e etc, trata-se de uma imagem surgida bastante tempo depois, muito embora seja pré-figurada no Cânone Pali pois deve ter havido durante a época do Buddha uma lenda na literatura Brâmane que falava de um Mahapurusha – um grande homem – que viria em certo ponto da história e teria 32 marcas físicas no corpo, e há duas referências no Cânone Pali em que um sacerdote Brâmane ouve dizer que um Buddha havia aparecido no mundo e vai até este para confirmar que de fato ele tinha estas 32 marcas, que ele então verifica e identifica cada uma. Claramente esta é uma parte lendária do Cânone.<br /><br />Então as imagens do Buddha não se referem à sua aparência física mas sim ao fato de que algumas pessoas acreditam que ele era um Mahapurusha que deveria então ter tais traços distintos.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Você diz que o Buddha estava em exílio no fim de sua vida?</span><br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px;">Em Rajgir (Rajagaha), [no fim da vida do Buddha] o rei não era mais Bimbisara, mas sim Ajatasattu, que não somente derrubara seu pai, mas havia planejado com seu mestre, o monge Devadatta, derrubar o Buddha. Parece que em Vaishali (Vesali) o Buddha também havia perdido apoio. Durante o último retiro das chuvas em Vesali, ele não é relatado ter se instalado onde normalmente ficava, que era uma casa com telhado em gablete numa vasta floresta, mas sim teria se instalado em um pequena vila fora dos muros da cidade sozinho e é relatado instruir seus discípulos monásticos que fossem encontrar abrigo na cidade para seu próprio suporte.<br /><br />Agora, isto é estranho – por que ele teria feito isto?<br /><br />Uma possível razão para isto seria que ele havia sito recentemente denunciado em público por um homem chamado Sunakkatha, que fora monge Buddhista e após largar o manto, deixando a Sangha, foi até o parlamento de Vaishali e disse “O contemplativo Siddharta Gautama é uma farsa”. Então, provavelmente o Buddha perdeu apoio em Vaishali, e em Shravasti igualmente, sua terra natal estava sendo atacada, o povo de Magadha estava tratando-o apenas como caixa de ressonância para seus próximos conflitos.<br /><br />O que se vê de fato é que a perda de prestígio do Buddha corresponde essencialmente à perda de prestígio de seus principais patronos. Durante os últimos nove ou dez meses de sua vida, o Buddha é relatado estar constantemente em movimento, o que novamente sugere a hipótese do exílio.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Você também concluiria que o Buddha pode ter sido deliberadamente envenenado?</span><br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px;">Não faltavam inimigos ao Buddha. A localidade de Pava, onde ele teve a sua última refeição, era uma das duas principais cidades de Malla, a província Kosalan vizinha à Sakiya. Karayana, o general do exército Kosalan que arruinou o domínio Sakiya, veio de Malla, possívelmente exatamente da cidade de Pava. Tal cidade era também o local onde Mahavira, o asceta fundador do Jainismo é dito ter morrido alguns anos antes, e quando o Buddha ali chegou já havia uma estupa em homenagem ao seu principal rival.<br /><br />O texto apenas diz que Buddha fora convidado para uma refeição juntamente com seus monges atendentes na casa de um homem chamado C’unda, o ferreiro. C’unda preparou uma refeição chamada "sukaramadhava", ou “porco macio” (segundo algumas fontes um prato de cogumelos e outra um curry/ensopado de carne suína). No momento em que tal refeição foi oferecida ao Buddha, parece que o Buddha suspeitou que algo estava errado com a comida. “Sirva este prato para mim” ele disse ao anfitrião, “e os demais pratos aos outros monges”. Quando a refeição terminou, ele diz ao anfitrião “Agora, enterre qualquer resto deste prato em uma cova”. E então ele foi “tomado uma doença terrível se abateu sobre ele, com diarréia sangrenta e dores terríveis como se estivesse a ponto de morrer. Porém, o Abençoado suportou tudo com atenção plena e plena consciência, sem se queixar.” Sua única reação foi dizer à Ananda: “Vamos para Kusinara”, que naquelas circunstâncias soariam como “Vamos embora deste lugar”.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Por que você acha que ele comeu o prato se sabia que o faria doente?</span><br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px;">Faz todo o sentido para mim – ele ocasionou a sua própria morte de forma a garantir que seu ensinamento sobreviveria.<br /><br />Por que eles matariam um velho homem que já estava morrendo? Não faz sentido certamente. Sabemos que o Buddha estava bem, bastante doente. Qual o ponto de se envenenar um homem de 80 anos de idade que já estaria provavelmente bastante mal? Não soa razoável.<br /><br />Por que o Buddha diria, “Dê-me este prato, e não dê a ninguém mais?” não acho que tal prato fora oferecido intencionalmente ao Buddha, mas particularmente ao monge Ananda, seu primo, que era a pessoa que guardava em sua memória tudo o que viria a existir. Se Ananda fosse morto naquele momento, o Buddhismo seria morto também.<br /><br />Por isso acho que Ananda era o alvo. Este é de certa forma uma nova forma de se ler o texto. Mas uma vez que se coloca os incidentes em uma ordem cronológica, é difícil não chegar à mesma conclusão.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Ele não poderia ter enterrado o prato sem ter ingerido?</span><br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px;">Talvez ele não sabia ao certo, mas ele não queria se arriscar. É verdade, pode-se explicar de outra forma, mas tudo que teríamos para nos basear seriam estas poucas linhas dos textos, não são muitas palavras sobre o assunto, nunca saberemos.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Você diz que houve um conflito por poder após o falecimento do Buddha?</span><br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px;">Bem, felizmente, o Cânone não termina com o falecimento do Buddha. Ele termina com o primeiro Concílio, ocorrido nove meses após o ocorrido. E descreve claramente um conflito por poder: um embate entre Ananda, o primo de Buddha e um monge ancião chamado Mahakassapa, que se tornou monge após ter sido anteriormente um sacerdote Brâmane. Ele alega ter recebido uma certa transmissão direta do Buddha. Ele não estava junto ao Buddha quando Ele falece mas aparece em cena com um número de monges uma semana após, logo antes da pira funerária ter sido acendida. O ancião Mahakassapa presta suas homenagens ao Buddha, a pira é acendida, e o conflito por poder se inicia. Mahakassapa não considera Ananda iluminado (um arahant), e desta forma desqualificando-o de qualquer liderança na comunidade. Mahakassapa alega ser ele mesmo plenamente iluminado e que ele seria o sucessor do Buddha, mesmo tendo o Buddha explícitamente declarado que não tinha nenhum sucessor [senão seu Dhamma].<br /><br />Ironicamente, a comunidade Buddhista agora descrevia Mahakassapa como o pai da Sangha. Pai em latin é Papa, ou seja. exatamente o que Buddha não queria aconteceu meses após a seu falecimento. Mahakassapa então organizou o primeiro Concílio em Rajgir (Rajagaha). Ele basicamente tomou conta.<br /><br />E há dois suttas no Cânone Pali em que Mahakassapa é bastante desdenhoso, quase abusivo, quando se direcionando à Ananda. Ele se refere à este chamando-o de apenas um menino: “Você não sabe seu lugar, menino.” E Ananda o responde “Mas estes não são cabelos grisalhos?” Isto é bastante estranho – por que tais passagens estão ali, por que não foram retiradas? Há várias pequenas passagens, bastante detalhadas que nos falam sobre o conflito por poder antes do primeiro Concílio. </span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Foi a tomada do poder por Mahakassapa algo negativo para o Buddhismo?</span><br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px;">Mahakassapa toma o poder em um momento de grande incerteza. Uma guerra estava prestes a começar. De certo modo, se não tivesse surgido uma figura como aquela, um homem forte ou autoridade patriarcal, então talvez o Buddhismo não tivesse sobrevivido. Acho que deve ser reconhecido igualmente – necessita-se que pessoas como estas tomem o controle, e façam o dever de casa. Ananda talvez seria muito gentil, ele teria preferido um consenso, teria preferido fazer as coisas num modo mais relatável.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px; font-weight: bold;">Ter descoberto esta estória reduziu sua admiração pelo Buddha?</span><br />
<br />
<span style="font-size: 11.9px;">Acho que admiro ao Buddha muito mais agora pois o conheço como pessoa em vez de como figura mítica. Acho que que a admiração que tinha pelo Buddha até começar este trabalho era mais por uma figura idealizada, mas agora há uma imagem de uma pessoa que pode ser imaginada vívidamente, vivendo neste planeta, neste país, lidando com tais personagens – parentes ambiciosos e reis – e no meio de todos estes embates, estabelece seu Dharma de forma suficientemente hábil de modo que estamos falando sobre isto agora, acho isto extraordinário.</span></blockquote>
<br />
<div class="article-header" style="color: black; display: table; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; width: 750px;">
<h1 class="title entry-title" itemprop="name" style="color: #333333; display: table-cell; font-size: 20px; font-weight: normal; margin: 0px; padding: 0px 40px 0px 0px; position: relative; vertical-align: middle; width: 710px;">
<a data-id="5684415328819082625" data-item-type="post" href="http://dhammarakkhita.blogspot.com/2010/03/batchelor-e-sua-busca-pelo-buddha-real.html" itemprop="url" rel="bookmark" style="color: #333333; outline: none; transition: all 0.3s ease 0s;">Batchelor e sua busca pelo Buddha real</a></h1>
</div>
<div class="article-content entry-content" itemprop="articleBody" style="clear: both; line-height: 1.4; margin: 10px auto 5px; outline: none; padding: 0px;">
<br />
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: center;">
<span style="font-size: 11.9px;">Abaixo uma tradução livre da entrevista com Stephen Batchelor entitulada <span style="font-style: italic;">"Compiladores Ignoraram a Cronologia Histórica"</span></span><span style="font-size: 11.9px;">, por Sheela Redy da revista Outlook India.</span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: 11.9px;">Stephen Batchelor, que se auto-entitula um “Buddhista Agnóstico”, autor do livro “Confissões de um Buddhista Ateu”, conta detalhes da história não revelada da vida e morte de Buddha.</span><br />
<br /></div>
</div>
</div>
<span style="font-size: 11.9px; text-align: center;">Original disponível em: </span><a href="http://www.outlookindia.com/article.aspx?264459" style="color: #009eb8; display: inline; font-size: 11.9px; outline: none; text-align: center; transition: all 0.3s ease 0s;">http://www.outlookindia.com/article.aspx?264459</a> </div>
</div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-31950400294471879762018-07-24T23:01:00.000-07:002018-07-24T23:01:27.670-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh885hv6yn9nkJfy4yag4xp9cnG-H-yUI8SyUWDncbpNeHyaueMmggJgf_vHIaFLCCwYR4EaiLpDJr0d4v-bEy_99lP3CT9giFVv2Vmo5t_bECebjtmG5dxn5dbHowdDXhG3_FTqALMRzLK/s1600/37659001_1792708600765843_3361564602138624000_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="611" data-original-width="640" height="305" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh885hv6yn9nkJfy4yag4xp9cnG-H-yUI8SyUWDncbpNeHyaueMmggJgf_vHIaFLCCwYR4EaiLpDJr0d4v-bEy_99lP3CT9giFVv2Vmo5t_bECebjtmG5dxn5dbHowdDXhG3_FTqALMRzLK/s320/37659001_1792708600765843_3361564602138624000_n.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Cinco questões para Roberto Freire<br />
<br />
CULT - Você afirma que todas as autobiografias são pretensiosas e
mentirosas. Acredita que a sua (Eu é um outro conseguiu romper com essa
tendência?<br />
<br />
Roberto Freire - Olha, sempre fui radical e muito sincero. Mas como acho
que esta é a minha última entrevista, vou ser mais radical e mais sincero: fui
levado à tentação da mentira. A minha vontade de contar os fatos que
aconteceram, tranquilamente recheados de aventuras, era ficção. Passei por
essa tentação e isso me deixou mais horrorizado. Quando escrevi três fases da
minha vida e vi que as três não estavam reais (eram sinceras, mas estavam
ampliadas e modificadas na realidade], fiquei horrorizado e parei. Depois que
descobri um jeito de escrever, de falar sabre a minha vida no trabalho por meio
das pessoas com as quais eu convivi, daí eu me policiei completamente. Por
isso acredito que as autobiografias são pretensiosas e mentirosas, porque
mesmo você querendo não mentir, não se envaidecer, não aumentar o real, é
impossível. Duvido de que alguém fale de si mesmo sem demonstrar uma
humildade excessiva, ou uma pretensão para se valorizar de algum jeito.<br />
<br />
CULT - A sua obra presenciou uma época em que se acreditava nas
mudanças políticas por meio da ação educativa e cultural, que
fomentariam as consciências. Atualmente, apesar das sucessivas crises do
capitalismo, ocorre o agigantamento da chamada indústria de massa. 0
método cultural vive o seu pior impasse?<br />
<br />
R. F. - O fato cria a ideia. A cultura é formada por ações humanas e não por
reflexões humanas. Você reflete sobre o que já aconteceu, ou o que espera que
aconteça. No passado, fomos praticamente levados a pensar no social por meio
de uma teoria que Marx descobriu. Havia uma carência muito grande em cima
disso e uma necessidade de combater a exploração do trabalho. Quem se
interessava pelo social e pela política via em Marx a grande proposta de
transformação. Eu me lembro de que a juventude, se não conhecia Marx
diretamente (pela leitura de “O Capital” e de outros livros), era movida por
professores ou por ideias gerais que colocavam os conceitos revolucionários
como um padrão de melhora e de renovação. Então, era muito fácil você
levantar a juventude, por exemplo, por meio das teorias marxistas e da
discussão dos problemas que Marx discutia. Eu trabalhava praticamente só
com estudantes. Era impressionante como eles tinham uma certa intuição da
necessidade de transformação. O mundo estava passando por um período de
transição no campo da psicologia familiar e social também. Sempre as ideias
marxistas iam à frente e faziam com que a cultura, a arte e a ciência estivessem
mais avançadas no campo socialista. O interessante daquela época é que, por
exemplo, os grandes arquitetos e escritores eram marxistas: Niemeyer e Jorge
Amado, respectivamente. A crítica que eu e a maior parte dos anarquistas
defendíamos é que não se faz uma revolução social por meio do burguês,
porque Marx propôs que a vanguarda revolucionária, culturalmente falando,
fosse da burguesia, que tomava o poder, depois estabelecia a ditadura do
proletariado e oferecia o comunismo aos proletários, isso, para os pensadores
anarquistas, era um absurdo! Nós só podíamos acreditar em uma
transformação socialista se fosse feita pelo povo.<br />
<br />
CULT - Após trabalhar tantos anos com os jovens (terapias, iniciativas
culturais e ativismo político), quais as principais diferenças que você
observa nos hábitos da juventude que você conheceu e a de hoje?<br />
<br />
R. F. - Eu praticamente trabalhei só com a juventude de classe média desde
os anos 1960. A diferença básica é que o jovem hoje quer se divertir, ele acha
que precisa de dinheiro. E para existir dinheiro é preciso o capitalismo. Então
eu sinto que eles não tem interesse mais, nem falam em revolução social. Eles
aceitaram esse pseudo-social de capitalismo como o bastante Os jovens de
classe média vão buscar a sua profissão, se preocupam com a situação social
do Brasil e de outros países, mas não militam. São poucos os militantes
políticos. Espera-se que, se a economia atingir um determinado nível, a classe
média vai ficar bem. E a classe média ficando bem, eles acham que o pais está
bem. Mas ninguém está preocupado com o operariado. Só os camponeses. Os
próprios operários estão preocupados em subir de operário a mestre, de mestre
a capataz. Para chegar de capataz a um estudante universitário. Tudo dentro do
mesmo regime. Eu fico horrorizado quando os partidos e sindicatos resolvem
fazer grandes encontros no Pacaembu, por exemplo. Eles lotam o estádio, mas
o que há de diferente? Por que vai tanta gente? A primeira vez eu fui e fiquei
escandalizado: convocam, para uma reunião sobre problemas políticos, shows
de cantores, sorteio de carros, geladeiras e casas! Ou seja, colocam no coração
do próprio proletário a visão capitalista: solução dos problemas econômicos.<br />
<br />
CULT - Há viabilidade para projetos de autogestão no Brasil?<br />
<br />
R. F. - Sim. É uma ideia econômica de produção. Eu conversei muito com
os anarquistas espanhóis, que participaram da Guerra Civil da Espanha. Eles
me contaram como era. Autogestão é uma forma de organização para o
trabalho sem patrão, em que o capital e a administração são do próprio
trabalhador. O capital necessário tem de ser do trabalhador. A hierarquia era
baseada na alternância: ninguém podia ser o capataz de ninguém. Se você
mostrava mais capacidade para esse tipo de ação, era tornado líder naquele
campo. As lideranças eram espontâneas e descartáveis. Todo mundo pode ser
líder de alguma coisa. Só que as vezes não se apresentam oportunidades para
exercer a liderança que se tem naturalmente. Numa fábrica, por exemplo,
organizava-se o funcionamento pelos turnos, em que todo mundo praticava
tudo. Aí, iam sendo selecionados os mais aptos para estas ou aquelas funções,
e se verificava que a liderança tinha de ser alternada, porque cria o vício da
liderança. É uma coisa que também se descobriu naquela época. Se você fica
muito tempo liderando numa área, passa a ter a ideia de que não é capaz de
fazer as outras funções bem. Então, eram períodos de até três meses com as
mesmas lideranças. O lucro ara distribuído pelos trabalhadores por eles
mesmos.<br />
<br />
CULT - Você consegue citar um exemplo concretizado de autogestão na
área cultural que obteve êxito?<br />
<br />
R. F. - A organização eu fiz no teatro. Foi fantástico. A PUC SP (Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo) me convidou para criar um grupo teatral
no Tuca (Teatro da Universidade Católica) em 1965. Fui e disse que aceitaria
se eu pudesse aplicar a minha metodologia anarquista. Perguntaram como que
era, e expliquei. E fiz o seguinte: convidei um diretor de teatro (Silnei
Siqueira), um cenógrafo (José Armando Ferrara] e um músico. Eu seria o
diretor geral. Escolhemos a peça (Morte e Vida Severina) com opiniões de todo
mundo, depois apresentamos para os estudantes. Eles leram e aprovaram.
Montamos a peça e começamos a distribuir funções. O diretor não era
exclusivamente o diretor, todos davam palpites na direção. Ele tinha de
coordenar as sugestões. A cenografia partiu do princípio de que era uma peça
passada no Nordeste, na caatinga. Daí veio um cara, falou: "Vamos ver essa
música". E me deram um nome que já conhecia, um tal carioca, Chico
Buarque. Ele mandou umas fitas com a música tão precisa, tão maravilhosa...
Eram seis músicas. O pessoal ouviu e não quis mais saber de outras. Eu ia
convidar o Tom Jobim. Mas foi só a música que não teve palpite de todos,
porque a dele (Chico Buarque) foi ótima.Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-51267630809409222232018-06-28T16:25:00.001-07:002018-06-28T16:27:29.387-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start;"><span style="font-size: 14px;"> </span><b>É possível, portanto, afirmar que tudo está aqui nesta folha de papel.</b><span style="font-size: 14px;"> </span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwBhphShBZkhq33ky6ACAfJwf2W0Qko1Sabej1yNFsuyYfjuV_d3iLuUUHv3f20-zfup4AHPDlSJztGjmhDXET_Q5usSmFRCukQaoisp0g4pkiqdd3V8hdYB6HMIUwbobvVmpNxew10Eov/s1600/IMG_1367.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwBhphShBZkhq33ky6ACAfJwf2W0Qko1Sabej1yNFsuyYfjuV_d3iLuUUHv3f20-zfup4AHPDlSJztGjmhDXET_Q5usSmFRCukQaoisp0g4pkiqdd3V8hdYB6HMIUwbobvVmpNxew10Eov/s320/IMG_1367.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
foto: Janas</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
“Se você for poeta, verá nitidamente uma nuvem passeando nesta folha de papel. Sem a nuvem, não há chuva. Sem a chuva, as árvores não crescem. Sem as árvores, não se pode produzir este papel. A nuvem é essencial para a existência do papel. Se a nuvem não está aqui, a folha de papel também não está. Portanto, podemos dizer que a nuvem e o papel “intersão”.Interser é uma palavra que ainda não se encontra no dicionário, mas se combinarmos o radical inter com o verbo ser, teremos um novo verbo: interser. Se examinarmos esta folha com maior profundidade, poderemos ver nela o sol. Sem o sol, não há floresta. Na verdade, sem o sol não há vida. Sabemos, assim, que o sol também está nesta folha de papel. O papel e o sol intersão.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Se prosseguirmos em nosso exame, veremos o lenhador que cortou a árvore e a levou à fábrica para ser transformada em papel. E vemos o trigo. Sabemos que o lenhador não pode existir sem seu pão de cada dia. Portanto o trigo que se transforma em pão também está nesta folha de papel. O pai e a mãe do lenhador também estão aqui. </div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Quando olhamos desta forma, vemos que, sem todas estas coisas, esta folha de papel não teria condições de existir. Ao olharmos ainda mais fundo, vemos também a nós mesmos nesta folha de papel. Isso não é difícil porque, quando observamos algum objeto, ele faz parte de nossa percepção. Sua mente está aqui, assim como a minha. É possível, portanto, afirmar que tudo está aqui nesta folha de papel. Não conseguimos indicar uma coisa que não esteja nela- o tempo, o espaço, o sol, a nuvem, o rio, o calor. Tudo coexiste nesta folha de papel. </div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
É por isso que para mim a palavra interser deveria ser dicionarizada. Ser é interser. Não podemos simplesmente ser sozinhos e isolados. Temos de interser com tudo o mais. Esta folha de papel é, porque tudo o mais é. Imagine que tentemos devolver um dos elementos à sua origem. Imagine tentarmos devolver a luz do sol ao sol. Você acha que a folha de papel ainda seria possível? Não, sem o sol, nada pode existir. Se devolvermos o lenhador a sua mãe, tampouco teremos a folha de papel. O fato é que esta folha de papel é composta apenas de elementos não papel. Se devolvermos estes elementos a suas origens, não haverá papel algum. Sem estes elementos não papel, como a mente, o lenhador, o sol e assim por diante, não haverá papel. Por mais fina que esta folha seja, tudo o que há no universo está nela”</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: "Open Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #444444; font-family: "open sans" , "helvetica" , "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 14px;">http://www.thich-nhat-hanh.fr/</span></span></div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-12532529020411252482018-01-05T09:48:00.002-08:002018-01-05T09:49:37.475-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1Sj5VxQWhoDOssSnZS3db_HNLpmjYKf3dLiIgkI_3IyPktDDfz8zG1gx6oBTsdvYh8_NRQ1s-Ue5aXfxE8HJhx3DwnxUwM23koHh8Jf8wx3NZroSoE1pmGty1TABAqRnG-Z3ip88D_S5X/s1600/rajneesh_at_his_best.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="650" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1Sj5VxQWhoDOssSnZS3db_HNLpmjYKf3dLiIgkI_3IyPktDDfz8zG1gx6oBTsdvYh8_NRQ1s-Ue5aXfxE8HJhx3DwnxUwM23koHh8Jf8wx3NZroSoE1pmGty1TABAqRnG-Z3ip88D_S5X/s320/rajneesh_at_his_best.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<h1 class="entry-title" style="background-color: white; border: 0px; clear: both; color: #404040; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: 44px; font-weight: inherit; line-height: 54px; margin: 0px 0px 20px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Rajneesh-Osho e sua Trajetória Circular</h1>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Ele se transformou no guru oriental mais popular do mundo na primeira metade dos anos 1980, superando em popularidade os então aclamados líderes de outros Novos Movimentos Religiosos, tais como <i>Swami Prabhupada</i> (líder dos <i>Hare Krishnas</i>), <i>Maharishi Mahesh Yogi</i> (fundador da Meditação Transcendental), <i>Guru Maharaj</i>(da Missão Luz Divina), Reverendo <i>Moon</i> (da Igreja da Unificação) e <i>Sathya Sai Baba</i>. No auge da fama, era comum encontrar livrarias com prateleiras abarrotadas de livros de <i>Rajneesh</i>. Caso deseje ter uma ideia da dimensão da sua produção literária, a edição digital de suas obras, pela <i>Osho International Foundation</i>, reúne 225 publicações, sendo muitas delas registros de suas palestras, quantidade esta que pode ser incompleta, pois alguns autores falam em mais de 500 escritos de sua autoria. O seu sucesso foi tanto que, entre os espiritualistas <i>new agers</i> daquela época, era vergonhoso alguém dizer que não tinha lido um livro de <i>Rajneesh</i>, ou seja, ler e admirar este guru tinha se transformado em uma referencia de espiritualidade, bom como passou a ser um modismo intelectual nos primeiros anos de 1980.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A repercussão da sua celebridade podia ser medida pela enorme disponibilidade de livros, de sua autoria, nas prateleiras das livrarias. Ele foi o autor que mais vendia entre os espiritualistas <i>new agers</i>. Quando orientalistas e esoteristas se encontravam, o assunto era sempre <i>Rajneesh</i>. A febre também alcançou o Brasil. Lembro-me de uma ocasião em 1983, quando estava em uma livraria de Brasília, aguardando a abertura da Embaixada da Índia para tirar o meu visto, ao lado das prateleiras de livros sobre esoterismo, então uma garota puxou assunto e iniciamos em seguida uma entusiasmada e reciprocamente confiante conversa, até o momento em que lhe disse que não aprovada as ideias de <i>Rajneesh</i>. Então, imediatamente, a expressão do seu rosto mudou e ela passou a transparecer que não acreditava mais no que eu dizia, consequentemente a conversa esfriou. Isto porque <i>Rajneesh</i> tinha alcançado tanto prestígio no circulo espiritual <i>new age</i> daquela época, que se tornou uma referência para se medir o grau de intelectualidade em assuntos espirituais de um buscador, isto é, para ser um <i>new ager </i>instruído<i>, </i>era preciso ter lido e ser um admirador de <i>Rajneesh</i>.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-weight: 700;">Carreira inicial</span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i>Rajneesh-Osho</i> (1931-90) nasceu em uma família de doze filhos na vila de <i>Kuchawada</i>, estado de <i>Madhya Pradesh</i>, Índia, seu nome de nascimento era <i>Mohan Chandra Rajneesh Jain</i>, de modo que ele foi criado fora da dominante tradição hindu. Durante uma parte da sua juventude, ele foi criado pelos avós, um rico casal jainista (religião fundada por <i>Mahavira</i>, contemporâneo de Buda). Desde cedo, <i>Rajneesh</i> relatou ter tido várias experiências de êxtases, finalmente alcançando a “plena iluminação” na idade de vinte e um anos. Ele se formou na Universidade de <i>Saugar</i> e logo em seguida conseguiu um emprego na <i>Raipur Sanskrit College</i>. Suas palestras criaram muitas controvérsias, por exemplo, ele chegou até a atacar heróis nacionais, tal como <i>Mahatma Gandhi</i>, quem ele ridicularizou chamando-o de “chauvinista pervertido e masoquista” (Urban, 2003: 237). Então, <i>Rajneesh</i> se transferiu para outra faculdade no ano seguinte, para a cidade de <i>Jabalpur</i>, onde ele sofreu um período traumático de depressão e anorexia, chegou até a tentar suicídio, depois de algum tempo e recuperado, ele recebeu uma promoção para professor em 1960. Quando a faculdade estava em férias, ele costumava viajar pela Índia palestrando sobre política, sexualidade e espiritualidade. Com o tempo, suas cativantes palestras atraíram um número de comerciantes e empresários ricos. Estes clientes lhe davam doações por consultas sobre desenvolvimento espiritual e sobre vida diária. O rápido crescimento da sua clientela, contudo, foi algo fora do comum, mostrando que ele era um talentoso terapeuta espiritual. Em 1964, um grupo de banqueiros ricos formou um consórcio para sustentar <i>Rajneesh</i>, bem como os retiros de meditação que ele conduzia. Tal como muitos profissionais, cuja clientela cresce rapidamente, ele contratou uma gerente de negócios, ela era <i>Lakshmi</i>, uma mulher da classe alta, bem relacionada politicamente, a qual se tornou a sua primeira secretária particular e chefe administrativa.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A carreira inicial de <i>Rajneesh</i> refletiu bem seus carismáticos atributos individuais de inteligência, de apelo emocional e de habilidade em comunicar-se diretamente com indivíduos, mesmo quando eles eram parte de uma grande plateia. Ele era altamente enfático, com uma fascinante volatilidade emocional, que atraía tanto os buscadores da Índia, como um pequeno, mas crescente número de europeus e de norte americanos. Atendendo a solicitação dos encarregados da universidade onde lecionava, <i>Rajneesh</i> afastou-se do seu cargo na Universidade de <i>Jabalpur</i> em 1966, e começou a usar o nome de <i>Acharya Rajneesh</i> (Mestre <i>Rajneesh</i>) anunciando que, a partir de então, sua ocupação principal seria a de um líder espiritual. Assim, ele passou a se sustentar de palestras, da realização de acampamentos de meditação e, individualmente, de aconselhamentos a influentes clientes indianos. <i>Rajneesh</i> criticava a política e as religiões institucionalizadas e, ao mesmo tempo, defendia uma sexualidade liberada e mais aberta.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Sua popularidade aumentou fora da Índia, o que trouxe muitos ocidentais aos acampamentos de meditação sob sua direção, bem como ao seu apartamento em Mumbai (Bombaim), onde também aconteciam aulas de meditação. Então, ele enviou alguns de seus seguidores ocidentais de volta para casa, a fim de fundarem uma rede internacional de centros de meditação. Em 1971, seu séquito cresceu e diversificou, daí ele alterou, mais uma vez, seu nome para <i>Bhagavan Sri Rajneesh</i>, que significa Reverenciável <i>Rajneesh</i>, o Senhor Supremo.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
À medida que o movimento crescia nos anos 1970, uma nova estrutura organizacional surgia. Os seguidores passaram a receber novos nomes, geralmente de reverenciados deuses e deusas hindus, significando seu renascimento espiritual através do voto de renúncia (<i>samnyasa</i>), abrindo-se, cada vez mais, a <i>Bhagavan Sri Rajneesh</i> e renunciando ao seu passado. Ele também pediu aos seus seguidores que usassem uma vestimenta de cor alaranjada, tal como os santos ascetas (<i>samnyasis</i>) da Índia. No entanto, estes novos nomes e a sagrada vestimenta dos ascetas hindus, somados à disciplina sexual e à atitude libertina dos devotos, ofenderam profundamente a população local. Com o tempo, o número de seguidores ocidentais ultrapassou o de seguidores indianos, aumentando assim o auxílio financeiro, o que fez com que, em 1974, ele mudasse a sede de Mumbai para <i>Pune</i> (antiga <i>Puna</i>), ao sul de Mumbai (Goldman, 2004: 122-3).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-weight: 700;"><i>Rajneeshpuram</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Esta nova sede altamente lucrativa, contudo, logo se envolveu em problemas legais e financeiros com o governo da Índia. Então, em 1981, <i>Bhagavan</i> e seus devotos foram forçados a fugir do país “rastreados por alguns milhões de dólares em dívidas, bem como por uma grande quantidade de cobradores de impostos e pela polícia” (Urban, 2003: 237). Anunciando-se como o “messias que a América estava aguardando”, <i>Rajneesh</i> refugiou-se nos EUA. Após uma breve permanência em uma mansão em New Jersey, ele e seu séquito compraram uma fazenda de 64 mil acres na pequena aldeia de Antelope, condado de Wasco, no estado de Oregon, a qual ele batizou com o nome de <i>Rajneeshpuram</i> (cidade de <i>Rajneesh</i>). Rapidamente, a cidade comunitária se transformou em um complexo financeiro notavelmente lucrativo, de modo que <i>Rajneeshpuram</i> acumulou US$ 120 milhões em renda durante os seus quatro anos de existência (Urban, 2003: 237 e Goldman, 2011: 309). <i>Rajneeshpuram</i> transformou-se em uma máquina de fazer dinheiro, lá “os preços se estendiam desde US$ 50 por um dia de introdução à meditação de <i>Rajneesh</i>, até US$ 7.500 por um completo programa de reequilíbrio de três meses” (Urban, 2003: 239). Enquanto isto, o séquito se espalhava pelos EUA, pela Europa, pela Índia, alcançando 25 mil membros iniciados em seu pico, daí transformando-se em um diversificado e internacionalizado complexo de negócios (Urban, 2003: 237-8). De <i>Rajneeshpuram</i>para o mundo, o ‘Rajneeshismo’ se transformou em um modismo internacional entre os espiritualistas na primeira metade dos anos 1980.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Os objetivos dos seguidores, com a construção da cidade comunitária de <i>Rajneeshpuram,</i> eram, nas palavras de Marion Goldman, os seguintes: “Eles esperavam fundir espiritualidade e materialismo enquanto construíam uma comunidade internacional que pudesse servir também como um retiro e um centro luxuoso de peregrinação para <i>samnyasis</i> de todas as partes do mundo, suplantando o <i>ashram</i> anterior de <i>Pune</i> (<i>Puna</i>), Índia” (Goldman, 2011: 309). Um fato que chamou a atenção em <i>Rajneeshpuram</i> foi a sua capacidade de atrair pessoas de alta escolaridade e de sucesso profissional, portanto era uma comunidade de intelectuais e não de fracassados, tal como em muitas outras comunidades religiosas. Segundo os resultados da minuciosa pesquisa de Marion Goldman, “a maioria dos <i>samnyasis</i> que viviam na cidade comunitária em Oregon, nos anos 1980, relataram que eles tinham diplomas de quatro anos de faculdade. Uma proporção substancial destes <i>samnyasis</i> representavam o melhor e o mais brilhante da geração <i>babyboom</i>, que tinha sobressaído na faculdade e em suas carreiras subsequentes” (Goldman, 2011: 309). Em seu auge, cerca de seis mil devotos (<i>samnyasis</i>) viviam em <i>Rajneeshpuram</i> (Usborne, 1995: 03).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Logo após o início das atividades da comunidade, <i>Rajneesh</i> decidiu manter voto de silêncio por três anos, no entanto ele aparecia diariamente, sempre à tarde, em um passeio com um dos seus 96 Rolls Royces, por um trajeto já pré-estabelecido, acenando para os <i>samnyasis</i>, os quais se alinhavam na lateral da rua, com as mãos juntas em posição de reverência, diante da passagem do guru. Excetos em seus passeios diários nos automóveis de luxo, <i>Rajneesh</i> não era mais visto em público, delegando a liderança administrativa à <i>Ma Amand Sheela</i>, sua secretária particular. Naturalmente, uma comunidade tão extravagante como esta não poderia deixar de causar aborrecimentos aos vizinhos pacatos, o que gerou oposição por toda a redondeza, criando um clima de animosidade. O mais escandaloso evento aconteceu no Outono de 1984, quando <i>Sheela</i>e seus auxiliares recolheram cerca de 3 mil moradores de rua, na maioria homens, trouxeram-nos para a comunidade, transformaram-nos em eleitores, em uma tentativa de controlar os resultados das eleições do condado de Wasco, porém o monitoramento estadual de eleitores e o partido de oposição impediram a concretização do plano (Usborne, 1995: 02 e Goldman, 2011: 309-10).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Logo após o fracasso do plano (1985), <i>Sheela</i> e seus auxiliares próximos fugiram para a Europa. Ela só foi presa em 1990, após extradição para os EUA (Usborne, 1995: 03). Então, assim que a comunidade desintegrou, <i>Rajneesh</i> voltou a falar publicamente acusando <i>Sheela</i> e sua turma de drogar <i>samnyasis</i>dissidentes, de grampo telefônico, de incêndio criminoso, de promover imigração ilegal, de tentativa de assassinato e de desfalque nas contas da comunidade. Ainda mais, em uma revelação chocante, <i>Rajneesh</i>publicamente afirmou que <i>Sheela</i> ordenou que alguns membros do círculo interno colocassem <i>Salmonella</i>(veneno) em uma dúzia de balcões de salada em restaurantes localizados no condado de Wasco, envenenando pelo menos 750 indivíduos. Este foi um teste para incapacitar um grande número de eleitores anti-<i>Rajneesh</i> no dia da eleição (Usborne, 1995: 02). Já, a cumplicidade de <i>Rajneesh</i> nestes crimes ainda não foi provada, logo sua culpa permanece uma dúvida (Goldman, 2011: 310). Em seguida ao colapso, <i>Rajneesh</i>também abandonou <i>Rajneeshpuram</i> e enfrentou uma experiência vergonhosa, pois viajou por mais de vinte países tentado refúgio, mas todos negaram seu visto, inclusive o Brasil, até que, finalmente, o governo da Índia aceitou recebê-lo. Então, ele se re-estabeleceu no antigo <i>ashram</i> de <i>Pune</i>. Chegando lá, uma das primeiras iniciativas que fez foi, mais uma vez, alterar seu nome, desta vez para <i>Osho</i>, nome que manteve até sua morte em 1990. Em Janeiro de 1986, <i>Rajneeshpuram</i> foi colocada à venda, hoje o que funciona lá é o acampamento <i>Young Life</i> <i>Camp,</i> um retiro para jovens de propriedade de uma igreja cristã, algumas construções da época <i>Rajneeshpuram</i> foram aproveitadas, mas com alterações (Welch, 2003).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Uma curiosidade no destino do movimento foi que, mesmo depois dos eventos criminosos nos EUA, inclusive com a prisão de <i>Rajneesh-Osho</i> e da sua secretária, <i>Ma Amand Sheela</i>, a organização continuou bem estabelecida e próspera em <i>Pune</i>, na Índia, onde, após algumas alterações estruturais, ela foi transformada em um retiro, magnificamente belo e luxuoso, que mistura centro espiritual com SPA para ricos, o <i>Osho International Meditation Resort</i>. O historiador da religião Hugh B. Urban analisa assim o destino do movimento: “Talvez o mais surpreendente aspecto do fenômeno <i>Rajneesh</i> não esteja tanto em sua carreira escandalosa na América, mas em sua notável apoteose e em seu renascimento após seu retorno à Índia. Um guru tântrico verdadeiramente global, <i>Rajneesh</i> fez a viagem da Índia à América e de volta à Índia novamente, para, finalmente, alcançar ainda mais sucesso na sua terra natal, em grande parte, por causa de seu <i>status</i> de figura que tinha um numeroso séquito nos EUA e na Europa. Mais incrível ainda foi que, os seus seguidores não foram capazes apenas de racionalizar o escândalo desastroso nos EUA, mas até mesmo de fazer de <i>Rajneesh</i> um mártir heroico, o qual tinha sido injustamente perseguido pelo governo imperialista e opressivo dos EUA” (Urban, 2003: 242). Enfim, por esta curta análise de H. Urban é possível se ter uma ideia do alto grau de fanatismo alcançado pelos seguidores de <i>Rajneesh-Osho</i>, ao ponto de não se incomodarem com os graves eventos criminosos ocorridos anteriormente. Mesmo assim, ele conseguiu renascer das cinzas após os escândalos, portanto é muito curioso notar como <i>Rajneesh-Osho</i>, ao longo da sua carreira, conseguiu atrair tantos seguidores ricos para seu séquito, ele parecia ser um imã de dinheiro.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Marion Goldman, que esteve em <i>Rajneeshpuram</i> e se tornou hoje uma das principais pesquisadoras do Rajneeshismo, explica assim a sobrevivência e o posterior sucesso do movimento, mesmo após os escândalos nos EUA. “É possível distinguir o progresso no Movimento <i>Osho</i> e sua sobrevivência contínua, embora com uma diluída autoridade central e uma amorfa influência cultural. Primeiro, <i>Rajneesh</i> desprezou <i>Sheela,</i> atribuindo todos os crimes e dificuldades a ela e aos seus auxiliares. Segundo, o movimento desocupou o local da maior controvérsia, dispersou seus membros para outros centros e reivindicou suas sedes originais longe da cidade comunitária abandonada em Oregon. Terceiro, <i>Rajneesh</i> renomeou a si mesmo, o movimento, e as suas sedes. Quarto, ele criou um conselho para cuidar das obrigações organizacionais. Quinto, ele e o círculo interno, que governou após sua morte, redefiniu o movimento como um movimento de meditação e de desenvolvimento pessoal instruído pela filosofia de <i>Osho</i>, Finalmente, após a morte de <i>Osho</i>, o movimento reenfatizou e reforçou seu foco na difusão organizacional, inclusive espiritualidade” (Goldman, 2004: 134). Da explicação acima é possível perceber que, mais do um sincero instrutor espiritual, <i>Rajneesh-Osho</i> foi um esperto ‘empresário espiritual’, cuja esperteza foi passada para seus sucessores, daí o contínuo sucesso financeiro do movimento até hoje.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-weight: 700;">Os ensinamentos</span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Muitos <i>samnyasis</i> (renunciantes), seguidores de <i>Rajneesh-Osho</i>, o caracterizaram como uma mistura de louco, salvador, charlatão e santo (Goldman, 2004: 122). Estritamente falando, em si mesmos, os ensinamentos de <i>Rajneesh-Osho</i> não eram originais, melhor dizendo, eles foram extraídos de uma diversificada mistura de diferentes fontes, sobretudo, <i>Tantra</i>, <i>Yoga</i>, Zen, Sufismo, Budismo, Taoismo, Hassidismo, bem como de pensadores, de instrutores e de autores mais recentes: Nietzsche, Gurdjieff, Crowley, <i>Krishnamurti</i> e de ideias dos movimentos Contracultura e <i>New Age</i>. Hugh B. Urban resumiu assim: “Mais do que promover uma religião no sentido convencional, <i>Rajneesh</i> ensinou uma marca de espiritualidade radicalmente iconoclasta, uma filosofia antinomiana e um anarquismo moral. Como uma religião ‘sem religião’, ou anti religião, a religião dele era o caminho além da moralidade convencional, além do bem e do mal, e fundada na explícita rejeição de todas as tradições, de todos os valores e de todas as doutrinas. ‘Moralidade é uma moeda falsa, ela engana as pessoas’ ele advertia. ‘Um homem de real compreensão não é nem bom nem mal. Ele transcende ambos’. Para <i>Rajneesh</i>, a causa de todos os nossos sofrimentos é a deformante socialização ou o processo de programação de indivíduos pelas instituições culturais, tais como família, escola, religião e governo. Todas as metanarrativas e teorias predominantes sobre o universo são apenas ficções, criações imaginárias usadas por aqueles no poder para dominar as massas. A liberdade só pode ser alcançada através da desprogramação de tais narrativas, libertando-se das limitantes estruturas do passado. As pessoas devem ser desprogramadas e deshipnotizadas. ‘Vocês são programados pela família, pela educação e pelas instituições. Sua mente é como um quadro negro, no qual as regras estão escritas. <i>Bhagavan</i> escreve novas regras sobre o quadro negro. Ele diz a vocês uma coisa e em seguida o oposto que também é verdadeiro. Ele escreve e escreve no quadro negro da sua mente, até que ela se torne um quadro branco. Então, vocês não terão mais nenhum vestígio de programação nas suas mentes’” (Urban, 2003: 239). Ele tinha um estilo jocoso de criticar: “Vocês certamente sofreram uma lavagem cerebral, eu uso uma máquina de secar. E o que há de errado em sofrer uma lavagem cerebral? Lave seu cérebro todos os dias, mantenha-o limpo. Ele é apenas uma lavanderia religiosa de atualização” (Urban, 2003: 329).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Em razão de palestrar quase sempre e de escrever tanto, e tão afoitamente, os seus ensinamentos são flagrantemente contraditórios. Tanto que, até ele mesmo reconhecia e procurou se justificar: “Por que eu digo contradições? Eu não estou ensinando filosofia aqui. O filósofo precisa ser muito consistente, perfeito, lógico e racional. Eu não sou um filósofo. Eu não estou aqui dando para vocês um dogma consistente ao qual vocês podem se prender. Meu inteiro esforço é dar a vocês uma ‘não-mente’” (Urban, 2003: 241). Sendo assim, torna-se difícil sistematizar os ensinamentos de <i>Rajneesh-Osho</i>, ou seja, escrever um compêndio ou um manual sistematizado de suas doutrinas parece ser uma tarefa complicada. Ou como David G. Bromley e Susan J. Palmer explicam: “<i>Rajneesh</i> desenvolveu um complexo conjunto de ideias que desafia a elaboração de um simples resumo, porque <i>Rajneesh</i> acreditava na prioridade da experiência sobre as ideias e que o mundo incorpora inconsistência e um inter-relacionamento dinâmico de opostos” (Bromley, 2007: 140).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Enfim, ao mesmo tempo em que a sua sortida mistura de doutrinas religiosas atraiu muitos admiradores e seguidores, outros intérpretes a consideram uma deformação de todas estas doutrinas. Enquanto que, para os céticos, o Movimento <i>Rajneesh-Osho</i> foi mais um surto de religiosidade do século XX, com uma nova formatação e um novo arranjo, para atrair os crédulos, em uma época e para um público escolarizado que, cada vez mais, tornava-se secular, portanto na contra mão do sentido das sociedades com melhor qualidade de vida e dos indivíduos mais esclarecidos respectivamente.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-weight: 700;">O guru do sexo</span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Embora não fosse tudo, o elemento sexual era uma ênfase nas ideias e nas práticas do movimento, daí que <i>Rajneesh-Osho</i> ficou conhecido como o “guru do sexo” (Urban, 2003: 235s). Para o historiador H. Urban, quanto ao <i>Tantra</i>, “a versão de <i>Rajneesh-Osho</i> é a transformação em mercadoria e a comercialização da tradição” (Urban, 2003: 236). A prática da sua ‘meditação dinâmica’ é entendida, por muitos de fora do movimento, como uma orgia sexual.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Para este pesquisador, <i>Rajneesh-Osho</i> “foi um dos primeiros indianos a viajar para a América e importar sua própria marca de ‘neo-tantrismo’, vendida para a cultura consumidora americana no final do século XX”. O que ele fez foi uma “transformação do sexo em mercadoria”, bem como uma “espécie de transformação do êxtase em mercadoria”. Para este historiador das religiões, ele foi “o mais notável guru do sexo do século XX”. E mais, “<i>Rajneesh</i> oferecia tudo que os ocidentais imaginavam que o <i>Tantra</i> fosse: um culto de amor livre que prometia a iluminação, uma excitante comunidade radical. <i>Rajneesh</i> encaminhou-se confortavelmente para o papel de Messias do <i>Tantra</i>. Em grande parte por causa de <i>Rajneesh</i>, o <i>Tantra</i> ressurgiu como um culto <i>New Age</i> nos anos 1970 e 1980” (Urban, 2003: 237).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i>Rajneesh</i> definia e interpretada o <i>Tantra</i> assim: “O <i>Tantra</i> é a suprema ‘não religião’ ou ‘antireligião’, uma prática espiritual que não exige ritual e moralidade rigorosa, mas, ao invés disto, livra o indivíduo de tais repressões. O <i>Tantra</i> é liberdade – liberdade de todos os construtos mentais, de todos os jogos mentais, o <i>Tantra</i> é libertação. O <i>Tantra</i> não é religião. Religião é um jogo da mente. O <i>Tantra</i> descarta todas as disciplinas” (Urban, 2003: 239-40). <i>Rajneesh</i> dizia: “O <i>Tantra</i> é rebelde. Eu não o chamo de revolucionário, porque ele não existe nada de político nele. É uma rebelião individual. É uma escapulida individual das estruturas e da escravidão. O futuro é esperançoso. O <i>Tantra</i> se tornará cada vez mais importante…” (Urban, 2003: 240).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
No mais forte contraste com as instituições sociais estabelecidas, o <i>Tantra</i> não nega a vida e o corpo, melhor dizendo, ele é a suprema afirmação da paixão, fisicamente, do prazer. Ele é a suprema religião ‘apenas faça-o’, que celebra a vida em toda sua transitoriedade e contingência: o <i>Tantra</i> aceita tudo, vive tudo. <i>Rajneesh-Osho</i> declarava: “Isto é o que o <i>Tantra</i> diz: o Caminho Majestoso – comporte-se como um rei, não como um soldado. O <i>Tantra</i> celebra a natureza humana em suas dimensões mais defeituosas, fracas e mesmo aparentemente perversas. Se você é ganancioso, seja ganancioso, não se importe com a ganância”. E mais; “a aceitação tântrica é total, ela não separa você. Todas as religiões do mundo, exceto o <i>Tantra</i>, têm criado personalidades divididas, têm criado esquizofrenia. Elas dizem que o bem tem que ser alcançado e o mal negado, e que o demônio tem de ser negado e deus aceito. O <i>Tantra</i> diz que uma transformação é possível. A transformação vem quando você aceita o seu ser total. O ódio é absorvido, a cobiça é absorvida” (Urban, 2003: 240).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Sobretudo, o <i>Tantra</i> gira em torno do sexo, um poder que é, ao mesmo tempo, a mais intensa força na natureza humana e também a mais severamente distorcida pela sociedade ocidental. Porque o Ocidente Cristão Tradicional suprimiu a sexualidade, <i>Rajneesh-Osho</i> argumentava: “é a sexualidade que deve ser libertada se os discípulos modernos desejarem atualizar completamente seu eu interno. A repressão cristã tem criado muitos bloqueios no homem, onde a energia se tornou encolhida dentro de si mesma, se tornou estagnada, não é mais atuante. A sociedade é contra o sexo, ela criou um bloqueio…”.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Em oposição à atitude ocidental que nega a vida, o <i>Tantra</i> é o caminho que aceita tudo, sobretudo, o impulso sexual. Como o poder mais forte na natureza humana, o sexo torna-se a energia espiritual mais forte quando é plenamente integrada e absorvida. De modo que, muitas práticas ensinadas por <i>Rajneesh-Osho</i> envolviam sexo grupal. “Terapias intensivas”, tal como ele as chamava, as quais eram efetuadas para realizar uma catarse seguida pela transformação da consciência. Assim, o supremo objetivo das práticas tântricas é precisamente alcançar esta plena autoaceitação, amar a nós mesmos intensamente e completamente, com todos os nossos pecados, vícios, cobiças e desejos sexuais, e reconhecer que nós já somos perfeitos. Nas palavras de <i>Rajneesh-Osho</i>: “Esta é a coisa mais fundamental no <i>Tantra</i>, isto é, você já é perfeito… A perfeição não tem de ser alcançada. Ela simplesmente precisa ser percebida, uma vez que ela já está aí, O <i>Tantra</i> oferece a você a iluminação aqui e agora, sem prazo, sem adiamento…” (Urban, 2003: 240-41).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Antes de terminar este estudo, é preciso esclarecer que esta interpretação do <i>Tantra</i> de <i>Rajneesh-Osho</i> é extremamente controvertida. Nem todos os intérpretes admitem que o <i>Tantra</i> seja tão focado no sexo. Ademais, o Tantrismo é uma tradição multiplamente dividida em distintas correntes (hindu, budista, jainista, lamaísta, <i>Shingon</i>, etc.), a qual, mesmo dentro de cada uma destas correntes, desdobra-se em inúmeras subdivisões, portanto a versão deste extravagante e manipulador guru tântrico acima é mais uma dentre tantas muitas outras.</div>
<div align="center" style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-weight: 700;">Obras consultadas</span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
BHATTACHARYYA Benoytosh. <i>An Introduction to Buddhist Esoterism</i>. Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 1989.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
BHATTACHARYYA, N. N. <i>History of the Tantric Religion</i>. New Delhi: Manohar Publications, 1987.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
BROMLEY, David G. (ed.). <i>Teaching New Religious Movements</i>. London/New York: Oxford University Press, 2007, 140s.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
BRUCE, Steve. <i>Religion in the Modern World: From Cathedrals to Cults</i>. Oxford: Oxford University Press, 1996, p. 178s.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
CHATTOPADHYAYA, Sudhakar. <i>Reflections on the Tantras</i>. Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 1978.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
EINOO, Shingo (ed.). <i>Genesis and Development of Tantrism</i>. Tokyo: University of Tokyo, 2009.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
GOLDMAN, Marion. <i>When Leaders Dissolve: Considering Controversy and Stagnation in the Osho Rajneesh Movement </i>em <i>Controversial New Religions</i>. James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford University Press, 2004, p. 119-37.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
_________________ <i>Cultural Capital, Social Networks and Collective Violence at Rajneeshpuram </i>em <i>Violence and New Religious Movements</i>. James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford University Press, 2011, p. 307-23.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
KAVIRAJ, Gopinath. <i>Aspects of Indian Thought</i>. Burdwan: The University of Burdwan, 1966, p. 175-240.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
KING, Richard and Jeremy Carrette. <i>Selling Spirituality: The Silent Takeover of Religion</i>. London/New York: Routledge, 2004, p. 153-8.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
NAGARAJ, Anil Kumar. <i>Osho,</i> <i>Insights on Sex</i> em <i>Indian Journal of Psychiatry</i>, vol. 55, issue 06, January 2013, p. 268s.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
OSHO. <i>Tantra: The Supreme Understanding</i>. Osho International Foundation, 1st edition 1975; online edition 2010a</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
______ <i>Tantric Transformation</i>. Osho International Foundation, 1st edition 1977; online edition 2010b.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
———– <i>Christianity:</i> <i>The Deadliest Poison and Zen, The Antidote to all Poisons.</i> Osho International Foundation. 1st edition 1977; online edition 2010c.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
SALIBA, John A. <i>Psychology and the New Religious Movements</i> em <i>The Oxford Handbook of New Religious Movements.</i> James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford University Press, 2004, p. 323-32.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
SANDERSON, Alexis. <i>The Saiva Age</i> em <i>Genesis and Development of Tantrism</i>, Shingo Einoo (ed.). Tokyo: Unversity of Tokyo, 2009, p. 41-349.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
URBAN, Hugh B. <i>Tantra: Sex, Secrecy Politics and Power in the Study of Religion.</i> Berkeley: University of California Press, 2003.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
USBORNE, David. <i>Strange Days When the Guru Came to Town</i> em <i>The Independent</i>, London: July 27, 1995, p. 2-3.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
WADDELL, L. Austine. <i>Tibetan</i> <i>Buddhism, With Its Mystic Cults, Symbolism and Mythology.</i> New York: Dover Publications, 1972.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
WELCH, Bob. <i>Rajneeshees’ Ranch Still a Spiritual Mecca</i>. Eugene (Oregon): The Register Guard, May 29, 2003, p. D-1.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Websites:</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i>Osho</i> International Institute: <a href="http://www.osho.com/" style="border: 0px; color: #117bb8; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">www.osho.com</a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i>Osho</i> Online Library: <a href="http://www.osho.com/library/the-books.aspx" style="border: 0px; color: #117bb8; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">http://www.osho.com/library/the-books.aspx</a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i>Osho</i> International Meditation Resort: <a href="http://www.osho.com/Main.cfm?Area=medresort" style="border: 0px; color: #117bb8; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">http://www.osho.com/Main.cfm?Area=medresort</a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i>Osho</i> talks: <a href="http://osho.tv/" style="border: 0px; color: #117bb8; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">http://osho.tv/</a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #404040; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #404040; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 13px;">https://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/01/rajneesh-osho-e-sua-trajetoria-circular/</span></span></div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-44845459615683053662015-01-20T11:36:00.000-08:002015-01-20T11:37:14.554-08:00A base do budismo é a realidade do aqui é do agora<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhueif1dNWckDbznKB1B5vDob1_z4DkGkseHxuV_8amDFW56xHvyJPp8n0ERyzgFvhIP7uVFJDKG6nbPANOpwLNZl9t2cIAdTOgsW2fvHbdqh2VOr4OSLLXmip3Z1I0bumrSxhnF-3GHvil/s1600/Telesc%C3%B3pio-1260x710.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhueif1dNWckDbznKB1B5vDob1_z4DkGkseHxuV_8amDFW56xHvyJPp8n0ERyzgFvhIP7uVFJDKG6nbPANOpwLNZl9t2cIAdTOgsW2fvHbdqh2VOr4OSLLXmip3Z1I0bumrSxhnF-3GHvil/s1600/Telesc%C3%B3pio-1260x710.jpg" height="180" width="320" /></a></div>
<br />
Esther Sternberg*: Eu gostaria de lhe perguntar se um terapeuta que meditasse poderia desenvolver mais ainda a compaixão e ser assim mais apto a ajudar seus pacientes? E a compaixão, trás em si, a capacidade de melhor gerar o estresse do dia a dia?<br />
<br />
Dalai Lama: Para ambas as questões a resposta é positiva. Alguns amigos meus, acham que a ética, ou a moral, deve se basear numa espécie de fé religiosa, mas a leitura budista sobre essa questão é a mesma do humanismo. A base do budismo é a realidade do aqui é do agora, a existência em si; a condição humana e tudo aquilo que isso envolve. No budismo elementos como gentiliza, compaixão, o cuidado e a atenção para como o próximo, são importantes. <br />
Nos somos mamíferos que necessitamos de cuidado desde que nascemos. Com outros mamíferos isso também ocorre de uma certa maneira. Esse conjunto de cuidados que nos são dirigidos desde que chegamos no mundo tendemos a classificar como: carinho. E sem isso como poderíamos viver? A religião não tem nada a ver com esse processo. Nós temos esse potencial que alimentamos ao longo de nossa vida. Enquanto animais inteligentes nós podemos compreender que todo esse cuidado, que toda essa compaixão, é útil; e nós temos a capacidade de desenvolve-las ainda mais.<br />
Existe também no mundo animal, em geral, esse cuidado com a prole desde o nascimento. Mas a partir do momento em que o filhote esta pronto esse carinho se dissipa. Enquanto seres humanos, tendemos a cada vez mais aumentar esse elo, esse carinho, entre pais e filhos.<br />
E por ter esse caráter humanista que eu acho que o budismo é mais aceitos por aqueles que não acreditam num deus criador de todas as coisas. Pois a base do budismo é realmente a realidade do aqui e do agora. E uma grande parte do discurso budista visa tratar dos problemas ligados ao fato de simplesmente existirmos. E do ponto de vista budista a ética ou a moral não tem necessidade em se apoiar numa fé religiosa, seja ela qual for. E a partir dai fica mais fácil a introdução da meditação budista pela medicina, por exemplo.<br />
<br />
<i><b>L'esprit est son propre médecin - </b>Jon Kabat-Zinn et Richard Davidson</i><br />
<br />
* Diretora do centro de pesquisa neuro imunológico do NIH.<br />
<br />
Tradução: Ricardo CastroUm certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-31770243464885215462014-06-18T04:25:00.001-07:002014-06-18T04:25:39.651-07:00Seis coisas que aprendi com minha avó vanguardista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDgOGtS7J_L2VVXz0di1VBrxW1XQZ0wqJsfi8SiN0T4TBf3bVUQcnxHxSCtWVjGBbvAes7u3mbqkMfNYWA-D3hWlFWHyYTxrQ00MxKdNyZQP1bQc5qODzEsHomfC1GNKa9qZ7H0gvzSDvP/s1600/tumblr_n6yjwbPRkG1rsdpaso1_400.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDgOGtS7J_L2VVXz0di1VBrxW1XQZ0wqJsfi8SiN0T4TBf3bVUQcnxHxSCtWVjGBbvAes7u3mbqkMfNYWA-D3hWlFWHyYTxrQ00MxKdNyZQP1bQc5qODzEsHomfC1GNKa9qZ7H0gvzSDvP/s1600/tumblr_n6yjwbPRkG1rsdpaso1_400.gif" height="320" width="270" /></a></div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
<br /></div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
Minha avó é vanguardista. Dona Regina foi estilista da tropicália, teve uma galeria de arte e hoje em dia continua na ativa como marchande. Cresci frequentando sua casa, sempre com pessoas e assuntos legais. Tive a sorte de ter sido tratado como criança/adolescente e ao mesmo tempo receber boas doses de sabedoria vanguardista. Nunca escrevi um texto na internet, mas acho que alguns de meus aprendizados e minha vó merecem ser compartilhados. Então segue a listinha:</div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">1. Cuidado com o que você cria.</strong></div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
Eu tinha 10 anos de idade e estava no carro imaginando com ela como seria o futuro. Falei que no futuro não existiram mais carros, que as pessoas entrariam em vagões e apenas selecionariam seu destino. Comecei a elaborar a idéia e adicionei que os vagões iriam identificar as pessoas e se você fosse um bandido, ou algo assim, o vagão não andaria e você seria preso. Minha vó detestou minha ideia, ficou brava e disse:</div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
— Isso é fascismo, você não pode controlar as pessoas assim.</div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
Depois ela pegou mais leve e disse que a ideia seria boa se não tivesse um sistema de identificação. Na hora foi difícil entender, mas foi um bom choque. Até hoje eu abomino qualquer uso de tecnologia para identificação ou controle de pessoas.</div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">2. O estranho muda a estética do que é belo.</strong></div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
Estávamos assistindo televisão quando passou uma reportagem sobre o São Paulo Fashion Week. Olhei aquelas roupas e falei que tudo era entranho e feio. Ela discordou, disse que elas eram bem boas, ainda mais por serem estranhas. Depois explicou que só assim elas poderiam mudar a estética do que é belo. Hoje em dia é assim, bato o olho em qualquer desenho, se tenho um estranhamento, é porque é bom. </div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">3. A mensagem justifica os meios.</strong></div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
Muita gente não gosta da ideia do David Bowie tocar no <em style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">Caldeirão do Huck</em>, mas minha vó seria radicalmente a favor. Quando tivemos essa discussão adolescente ela usou argumentos matadores. Por mais que você não concorde ou não dê valor a um meio de comunicação, você não pode recusá-lo. A mídia de massa é algo muito valioso, aproveite esse tipo de oportunidade para alcançar pessoas, sejam elas quem forem. Se um dia eu for empresário do David Bowie e só a TV Gazeta quiser entrevistá-lo, usarei esses argumentos para convencê-lo a ir ao programa “Mulheres”.</div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">4. Cada geração com sua questão.</strong></div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
Quem me deu esse toque foi um amigo da minha vó, mas toda a situação foi gerada em sua casa. Tínhamos assistido o filme “Aguirre, a Cólera de Deus” (um filme alemão muito doido) e comecei mais um discurso adolescente de que, em minha geração, não existiam mais atores radicais como o protagonista Klaus Kisnki. O amigo da minha avó apontou para um quadrinho do Leonilson, que tem uma vela bordada com um “sim” em uma ponta e um “não” na outra, e disse: -Não existe mais um muro de Berlin assim como existia para Kiski. Agora o “Sim” e o “Não” participam da mesma idéia. Para mim isso foi um divisor de águas, nunca mais senti culpa de não ser radical, de não ter um posicionamento político claro e das minhas opiniões serem uma mistura de diversas coisas. Praticamente saí da adolescência.</div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">5. Jantar chique é com comida e música brasileira.</strong></div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
Isso eu aprendi frequentando, se você for receber amigos em casa e quiser fazer algo bem charmoso, não faça quiche, não faça macarrão, não faça nada que veio da França. Bom mesmo é cuscuz paulista, canjiquinha com costelinha, moqueca de peixe, ou até mesmo um simples lombo com arroz e feijão. Tudo isso tem que ser acompanhado com música brasileira. O segredo da minha vó está em explorar o que a gente tem de melhor. Dessa maneira o jantar fica charmoso até para o embaixador da Suíça.</div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">6. É preciso desobedecer.</strong></div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
Minha vó pratica a desobediência frequentemente, de diferente maneiras e modalidades. Diz a lenda que ela é assim desde pequena. Se você reparar, tudo o que eu falei até agora tem a ver com isso. Minha personalidade é bem diferente, eu sou certinho e medroso, mas posso dizer que depois de tantos anos sendo cúmplice da minha vó, eu aceito e me sinto apto a desobedecer. Posso dizer também que graças a minha vó posso caminhar para frente, aceitar o novo e evitar tropeços em atrasos.</div>
<div style="background-color: #f9c48a; border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 5px 0px;">
<em style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">Manoel Brasil Orlandi </em></div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-12438350206679610612013-11-14T10:08:00.001-08:002013-12-29T11:12:33.877-08:00Nada é mais limitado que o prazer e o vício.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuBXByzErHx8txjOWPDlRm5jrGlL6Dlc-c2c6gYje9fIWrDNzOic3q_1gtm_BcY9WkpBRP7CCmfkpWn04KpTcVMAbgMt71vRpG32vxr4bfSd0N3KPlA1NRwA8XRw9AYr8zwfnF13Nvpzsq/s1600/798a11012f50f2b35b41bedf38a15e50.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuBXByzErHx8txjOWPDlRm5jrGlL6Dlc-c2c6gYje9fIWrDNzOic3q_1gtm_BcY9WkpBRP7CCmfkpWn04KpTcVMAbgMt71vRpG32vxr4bfSd0N3KPlA1NRwA8XRw9AYr8zwfnF13Nvpzsq/s320/798a11012f50f2b35b41bedf38a15e50.jpg" width="255" /></a></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<br /></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>Lá onde a vida levanta muros, a inteligência fura uma saída.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>Nossa personalidade social é uma criação do pensamento dos outros.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>A persistência em mim de uma veleidade antiga em trabalhar, em reparar o tempo perdido, em mudar de vida, ou mais ainda em começar a viver, me dava a ilusão de que eu era sempre jovem.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="font-size: 14.857142448425293px;"><i>Agir é bem diferente de falar, ainda que com eloquência, e pensar, ainda que com engenho.</i></span></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>Nos lugares novos, onde as sensações não estão amortecidas pelo hábito, revigoramos, reanimamos uma dor.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>Toda ação do espírito é fácil se não está submetida ao real.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="font-size: 14.857142448425293px;"><i>Na humanidade, a frequência de virtudes idênticas em todos não é mais maravilhosa que a multiplicidade de defeitos particulares em cada um.</i></span></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="font-size: 14.857142448425293px;"><i>O homem é o ser que não pode sair de si, que só conhece os outros em si mesmo e, dizendo o contrário, mente.</i></span></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>O universo é verdadeiro para todos nós e diferente para cada um.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>Cada qual chama de ideias claras aquelas que têm o mesmo grau de confusão que as suas.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>Não se cura um sofrimento senão à condição de sofrê-lo plenamente.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="font-size: 14.857142448425293px;"><i>Mais tarde se vê as coisas de maneira mais prática, em total conformidade com o resto da sociedade, mas a adolescência é o único tempo no qual se aprende algo.</i></span></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>Um homem de grande talento prestará menos atenção à tolice alheia do que um tolo.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="font-size: 14.857142448425293px;"><i>Amamos a partir de um sorriso, um olhar, um ombro. Isto basta; então nas longas horas de esperança ou de tristeza fabricamos uma pessoa, compomos um caráter.</i></span></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<br /></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>É surpreendente como o ciúme, que passa o tempo a fazer pequenas suposições falsas, tem pouca imaginação quando se trata de descobrir o verdadeiro.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="font-size: 14.857142448425293px;"><i>O tempo de que dispomos cada dia é elástico; as paixões que sentimos o dilatam, as que inspiramos o encolhem, e o hábito o preenche.</i></span></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>A recordação de certa imagem não é senão o lamento por certo instante; e as casas, as estradas, as avenidas, são fugitivas, ai, como os anos.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>A partir de certa idade, mesmo se evoluções diferentes se cumpram em nós, tanto mais um se torna si mesmo, mais os traços familiares se acentuam.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="font-size: 14.857142448425293px;"><i>Tentamos ver a quem se ama, deveríamos tentar não vê-lo, só o esquecimento pode propiciar a extinção do desejo.</i></span></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>A felicidade é salutar para o corpo, mas é o sofrimento que desenvolve as forças do espírito.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i style="font-size: 14.857142448425293px;"><br /></i>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-size: 14.857142448425293px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>Os verdadeiros paraísos são os paraísos que perdemos.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-size: 14.857142448425293px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-size: 14.857142448425293px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i>A ambição inebria mais do que a glória.</i></div>
<i style="font-size: 14.857142448425293px;"><br /></i>
<i style="font-size: 14.857142448425293px;">Nada é mais limitado que o prazer e o vício.</i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<i><br /></i></div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
</div>
<div align="justify" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.857142448425293px; line-height: 20px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<b style="color: #2a2a2a; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 17.14285659790039px;">Marcel Proust</b></div>
<br />Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-50405454401672293292013-10-10T13:18:00.000-07:002013-10-10T13:18:15.387-07:00cadeia só funciona para quem não tem dinheiro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi92xpqFSK582Oz1HZKX5bJqNL6HEun2USBnhqEpAzkBpQq6J85TrWJm4BzXnq8HeDgZTPnI4RqjZlHl0WKO3sh7ONZmOd1Le2dMV2r8UpSbBU7CYzPB9O2bHo_F8QMid7eXeXAG1I0strG/s1600/877343225006728552_mega.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi92xpqFSK582Oz1HZKX5bJqNL6HEun2USBnhqEpAzkBpQq6J85TrWJm4BzXnq8HeDgZTPnI4RqjZlHl0WKO3sh7ONZmOd1Le2dMV2r8UpSbBU7CYzPB9O2bHo_F8QMid7eXeXAG1I0strG/s320/877343225006728552_mega.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Verdana; font-size: x-small; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Verdana; font-size: x-small; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">"O que significa ser escritor num país situado na periferia do mundo, um lugar onde o termo capitalismo selvagem definitivamente não é uma metáfora? Para mim, escrever é compromisso. Não há como renunciar ao fato de habitar os limiares do século XXI, de escrever em português, de viver em um território chamado Brasil. Fala-se em globalização, mas as fronteiras caíram para as mercadorias, não para o trânsito das pessoas. Proclamar nossa singularidade é uma forma de resistir à tentativa autoritária de aplainar as diferenças.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Verdana; font-size: x-small; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">O maior dilema do ser humano em todos os tempos tem sido exatamente esse, o de lidar com a dicotomia eu-outro. Porque, embora a afirmação de nossa subjetividade se verifique através do reconhecimento do outro – é a alteridade que nos confere o sentido de existir –, o outro é também aquele que pode nos aniquilar... E se a Humanidade se edifica neste movimento pendular entre agregação e dispersão, a história do Brasil vem sendo alicerçada quase que exclusivamente na negação explícita do outro, por meio da violência e da indiferença.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Verdana; font-size: x-small; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">Nascemos sob a égide do genocídio. Dos quatro milhões de índios que existiam em 1500, restam hoje cerca de 900 mil, parte deles vivendo em condições miseráveis em assentamentos de beira de estrada ou até mesmo em favelas nas grandes cidades. Avoca-se sempre, como signo da tolerância nacional, a chamada democracia racial brasileira, mito corrente de que não teria havido dizimação, mas assimilação dos autóctones. Esse eufemismo, no entanto, serve apenas para acobertar um fato indiscutível: se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas – ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Verdana; font-size: x-small; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">Até meados do século XIX, cinco milhões de africanos negros foram aprisionados e levados à força para o Brasil. Quando, em 1888, foi abolida a escravatura, não houve qualquer esforço no sentido de possibilitar condições dignas aos ex-cativos. Assim, até hoje, 125 anos depois, a grande maioria dos afrodescendentes continua confinada à base da pirâmide social: raramente são vistos entre médicos, dentistas, advogados, engenheiros, executivos, jornalistas, artistas plásticos, cineastas, escritores.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; font-family: Verdana; font-size: x-small; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">Invisível, acuada por baixos salários e destituída das prerrogativas primárias da cidadania – moradia, transporte, lazer, educação e saúde de qualidade –, a maior parte dos brasileiros sempre foi peça descartável na engrenagem que movimenta a economia: 75% de toda a riqueza encontra-se nas mãos de 10% da população branca e apenas 46 mil pessoas possuem metade das terras do país. Historicamente habituados a termos apenas deveres, nunca direitos, sucumbimos numa estranha sensação de não-pertencimento: no Brasil, o que é de todos não é de ninguém...<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Convivendo com uma terrível sensação de impunidade, já que a cadeia só funciona para quem não tem dinheiro para pagar bons advogados, a intolerância emerge. Aquele que, no desamparo de uma vida à margem, não tem o estatuto de ser humano reconhecido pela sociedade, reage com relação ao outro recusando-lhe também esse estatuto. Como não enxergamos o outro, o outro não nos vê. E assim acumulamos nossos ódios – o semelhante torna-se o inimigo.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />A taxa de homicídios no Brasil chega a 20 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes, o que equivale a 37 mil pessoas mortas por ano, número três vezes maior que a média mundial. E quem mais está exposto à violência não são os ricos que se enclausuram atrás dos muros altos de condomínios fechados, protegidos por cercas elétricas, segurança privada e vigilância eletrônica, mas os pobres confinados em favelas e bairros de periferia, à mercê de narcotraficantes e policiais corruptos.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Machistas, ocupamos o vergonhoso sétimo lugar entre os países com maior número de vítimas de violência doméstica, com um saldo, na última década, de 45 mil mulheres assassinadas. Covardes, em 2012 acumulamos mais de 120 mil denúncias de maus-tratos contra crianças e adolescentes. E é sabido que, tanto em relação às mulheres quanto às crianças e adolescentes, esses números são sempre subestimados.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Hipócritas, os casos de intolerância em relação à orientação sexual revelam, exemplarmente, a nossa natureza. O local onde se realiza a mais importante parada gay do mundo, que chega a reunir mais de três milhões de participantes, a Avenida Paulista, em São Paulo, é o mesmo que concentra o maior número de ataques homofóbicos da cidade.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />E aqui tocamos num ponto nevrálgico: não é coincidência que a população carcerária brasileira, cerca de 550 mil pessoas, seja formada primordialmente por jovens entre 18 e 34 anos, pobres, negros e com baixa instrução.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />O sistema de ensino vem sendo ao longo da história um dos mecanismos mais eficazes de manutenção do abismo entre ricos e pobres. Ocupamos os últimos lugares no ranking que avalia o desempenho escolar no mundo: cerca de 9% da população permanece analfabeta e 20% são classificados como analfabetos funcionais – ou seja, um em cada três brasileiros adultos não tem capacidade de ler e interpretar os textos mais simples.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />A perpetuação da ignorância como instrumento de dominação, marca registrada da elite que permaneceu no poder até muito recentemente, pode ser mensurada. O mercado editorial brasileiro movimenta anualmente em torno de 2,2 bilhões de dólares, sendo que 35% deste total representam compras pelo governo federal, destinadas a alimentar bibliotecas públicas e escolares. No entanto, continuamos lendo pouco, em média menos de quatro títulos por ano, e no país inteiro há somente uma livraria para cada 63 mil habitantes, ainda assim concentradas nas capitais e grandes cidades do interior.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Mas, temos avançado.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />A maior vitória da minha geração foi o restabelecimento da democracia – são 28 anos ininterruptos, pouco, é verdade, mas trata-se do período mais extenso de vigência do estado de direito em toda a história do Brasil. Com a estabilidade política e econômica, vimos acumulando conquistas sociais desde o fim da ditadura militar, sendo a mais significativa, sem dúvida alguma, a expressiva diminuição da miséria: um número impressionante de 42 milhões de pessoas ascenderam socialmente na última década. Inegável, ainda, a importância da implementação de mecanismos de transferência de renda, como as bolsas-família, ou de inclusão, como as cotas raciais para ingresso nas universidades públicas.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Infelizmente, no entanto, apesar de todos os esforços, é imenso o peso do nosso legado de 500 anos de desmandos. Continuamos a ser um país onde moradia, educação, saúde, cultura e lazer não são direitos de todos, mas privilégios de alguns. Em que a faculdade de ir e vir, a qualquer tempo e a qualquer hora, não pode ser exercida, porque faltam condições de segurança pública. Em que mesmo a necessidade de trabalhar, em troca de um salário mínimo equivalente a cerca de 300 dólares mensais, esbarra em<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />dificuldades elementares como a falta de transporte adequado. Em que o respeito ao meio-ambiente inexiste. Em que nos acostumamos todos a burlar as leis.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Nós somos um país paradoxal.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Ora o Brasil surge como uma região exótica, de praias paradisíacas, florestas edênicas, carnaval, capoeira e futebol; ora como um lugar execrável, de violência urbana, exploração da prostituição infantil, desrespeito aos direitos humanos e desdém pela natureza. Ora festejado como um dos países mais bem preparados para ocupar o lugar de protagonista no mundo – amplos recursos naturais, agricultura, pecuária e indústria diversificadas, enorme potencial de crescimento de produção e consumo; ora destinado a um eterno papel acessório, de fornecedor de matéria-prima e produtos fabricados com mão-de-obra barata, por falta de competência para gerir a própria riqueza.<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Agora, somos a sétima economia do planeta. E permanecemos em terceiro lugar entre os mais desiguais entre todos...<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Volto, então, à pergunta inicial: o que significa habitar essa região situada na periferia do mundo, escrever em português para leitores quase inexistentes, lutar, enfim, todos os dias, para construir, em meio a adversidades, um sentido para a vida?<br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" /><br style="-webkit-font-smoothing: antialiased; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;" />Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contato, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade. Em nossos tempos, de exacerbado apego ao narcisismo e extremado culto ao individualismo, aquele que nos é estranho, e que por isso deveria nos despertar o fascínio pelo reconhecimento mútuo, mais que nunca tem sido visto como o que nos ameaça. Voltamos as costas ao outro – seja ele o imigrante, o pobre, o negro, o indígena, a mulher, o homossexual – como tentativa de nos preservar, esquecendo que assim implodimos a nossa própria condição de existir. Sucumbimos à solidão e ao egoísmo e nos negamos a nós mesmos. Para me contrapor a isso escrevo: quero afetar o leitor, modificá-lo, para transformar o mundo. Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias. Porque penso que o destino último de todo ser humano deveria ser unicamente esse, o de alcançar a felicidade na Terra. Aqui e agora."</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><i><b>Luiz Ruffato</b></i></span></div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-60636108874509708802013-07-03T07:54:00.001-07:002013-07-03T07:54:48.123-07:00O monopólio da mentira<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ4DO9OXaIakJbCB2lWqbYewHcxkxzHpK477_H-doLVMEfQHfHeB_0N86ow2iu3GQQuCZxbb1MbjqnfIvVzn5Rmy5qDlCfjuPvlwIJWrfMFLorceha0mn4UaFvB0U3AhyJTAHxvb44_1BM/s899/5150137392161345.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ4DO9OXaIakJbCB2lWqbYewHcxkxzHpK477_H-doLVMEfQHfHeB_0N86ow2iu3GQQuCZxbb1MbjqnfIvVzn5Rmy5qDlCfjuPvlwIJWrfMFLorceha0mn4UaFvB0U3AhyJTAHxvb44_1BM/s320/5150137392161345.jpg" width="213" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial; font-size: 13.142857551574707px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial; font-size: 13.142857551574707px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial; font-size: 13.142857551574707px;">"Mentira de tudo, em tudo e por tudo. Mentira na terra, no ar, no céu. Mentira nas promessas. Mentira nos progressos. Mentira nos projetos. Mentira nas reformas. Mentira nas convicções. Mentira nas soluções. Mentira nos homens, nos atos e nas coisas. Mentira no rosto, na voz, na postura, no gesto, na palavra, na escrita. Mentira nos partidos, nas coligações e nos blocos. (...) Mentira nas instituições, mentira nas eleições. Mentira nas apurações. Mentira nas mensagens. Mentira nos relatórios. Mentira nos inquéritos. Mentira nos concursos. Mentira nas candidaturas. Mentira nas garantias. Mentira nas responsabilidades. Mentira nos desmentidos. A mentira geral. O monopólio da mentira." </span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial; font-size: 13.142857551574707px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial; font-size: 13.142857551574707px;">Rui Barbosa - 1919</span>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-68856964985572023732013-03-11T12:56:00.004-07:002013-03-12T16:03:18.208-07:00Atenção <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmSx3H_PS1CX0g_G5cXrNKmOKbGsmJx8DpNMcDKiNTnNGjClZibtqfzkcANxzCWqAMJt9YKa9G6i3_nPVos5vpBKBLyV9VBIcxwg7MJpKpA3B3EE5XL-1pZxBHqZ0n9BnctMSbCmsk484B/s1600/6vt2e84qgw7auf8el7mj9lgbr.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmSx3H_PS1CX0g_G5cXrNKmOKbGsmJx8DpNMcDKiNTnNGjClZibtqfzkcANxzCWqAMJt9YKa9G6i3_nPVos5vpBKBLyV9VBIcxwg7MJpKpA3B3EE5XL-1pZxBHqZ0n9BnctMSbCmsk484B/s320/6vt2e84qgw7auf8el7mj9lgbr.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="color: #404040; line-height: 0.48cm;"><br /></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="color: #404040; line-height: 0.48cm;">Um dia Peter,
gerente de projetos</span> <span style="line-height: 0.48cm;">em</span>
<span style="color: #404040;"><span style="line-height: 0.48cm;">Informática, </span><span style="line-height: 18.140625px;">próximo</span><span style="line-height: 0.48cm;"> de seus 50 anos, foi participar de um retiro de </span><span style="line-height: 18.140625px;">meditação</span><span style="line-height: 0.48cm;"> budista a procura de um pouco de paz, numa época </span><span style="line-height: 18.140625px;">extremamente</span><span style="line-height: 0.48cm;"> </span><span style="line-height: 18.140625px;">difícil</span><span style="line-height: 0.48cm;"> de sua vida – bancarrota financeira, casamento em crise e uma </span><span style="line-height: 18.140625px;">mãe</span><span style="line-height: 0.48cm;"> doente. Mas essa paz que ele buscava </span><span style="line-height: 18.140625px;">através</span><span style="line-height: 0.48cm;"> da
pratica meditativa logo se transformaria num grande pesadelo. Toda dor
que ele tentava esconder veio a tona no espaço calmo desse retiro meditativo. Seguindo
as </span><span style="line-height: 18.140625px;">indicações</span><span style="line-height: 0.48cm;"> propostas, ele tenta – em </span><span style="line-height: 18.140625px;">vão</span><span style="line-height: 0.48cm;"> – se concentrar na
sua </span><span style="line-height: 18.140625px;">respiração</span><span style="line-height: 0.48cm;"> </span></span><span style="line-height: 0.48cm;">
Mas logo o problema se amplifica – ao seu lado, uma mulher que se
agitava o tempo todo começa a ter um crise de tosse que dura todo o
desenrolar da pratica.</span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 0.48cm;">Peter,
que tentava apenas buscar um alivio para os seus </span><span style="line-height: 18.140625px;">próprios</span><span style="line-height: 0.48cm;"> problemas</span><span style="line-height: 0.48cm;"> começa a
realmente se sentir incomodado com o comportamento da mulher ao
seu lado. </span><span style="line-height: 18.140625px;">Então,</span><span style="line-height: 0.48cm;"> num certo momento do retiro, ele vai se queixar com Debra
Chamberlin-Taylor - que ensinava junto comigo - que a </span><span style="line-height: 18.140625px;">meditação</span><span style="line-height: 0.48cm;"> nao
funcionava com ele e que ele iria embora. Ela</span><span style="line-height: 0.48cm;"> solicita que ele
feche os olhos e perceba em que estado esta todo o seu corpo. Ele
estava completamente tenso e isso o fazia sofrer. Com a sua ajuda,
Peter descobriu que poderia suportar o que estava acontecendo nesse
momento </span><span style="line-height: 18.140625px;">através</span><span style="line-height: 0.48cm;"> de uma espécie de </span><span style="line-height: 18.140625px;">atenção</span><span style="line-height: 0.48cm;"> sem julgamento. Ele respira
profundamente, conseguindo relaxar um pouco, e reconhece que o </span><span style="line-height: 18.140625px;">remédio</span><span style="line-height: 0.48cm;"> que ele realmente precisava era nao tentar fugir da sua dor.</span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 0.48cm;">As </span><span style="line-height: 18.140625px;">próximas</span><span style="line-height: 0.48cm;"> </span><span style="line-height: 18.140625px;">instruções</span><span style="line-height: 0.48cm;"> eram simples: tentar perceber o que
acontecia com seu corpo sem cair na armadilha do julgamento.
Simplesmente perceber tudo o que se passava. Ao retornar para a sala
de </span><span style="line-height: 18.140625px;">meditação</span><span style="line-height: 0.48cm;"> ele logo percebeu que o
comportamento da mulher ao seu lado nao havia mudado. E que sua crise
de tosse continuava. Peter sentiu </span><span style="line-height: 18.140625px;">então</span><span style="line-height: 0.48cm;"> os seus </span><span style="line-height: 18.140625px;">próprios</span><span style="line-height: 0.48cm;"> </span><span style="line-height: 18.140625px;">músculos</span><span style="line-height: 0.48cm;"> se </span><span style="line-height: 18.140625px;">contraírem</span><span style="line-height: 0.48cm;"> e sua </span><span style="line-height: 18.140625px;">respiração</span><span style="line-height: 0.48cm;"> travar. Contudo, seguindo o que havia
sido lhe indicado, ele continuou a perceber mais profundamente seu </span><span style="line-height: 18.140625px;">próprio</span><span style="line-height: 0.48cm;"> corpo. A cada tossida ele percebe todo o seu corpo se
contrair e uma grande raiva vir a tona - que se desfazia logo em
seguida durante uma pequena pausa silenciosa. No fim da </span><span style="line-height: 18.140625px;">sessão</span><span style="line-height: 0.48cm;"> ele se levanta para ir ao </span><span style="line-height: 18.140625px;">refeitório</span><span style="line-height: 0.48cm;"> e percebe que a mesma mulher
esperava na fila em sua frente. Ele </span><span style="line-height: 18.140625px;">então</span><span style="line-height: 0.48cm;"> se da conta que o simples
fato de ve-la </span><span style="line-height: 18.140625px;">trazia</span><span style="line-height: 0.48cm;"> a tona toda a </span><span style="line-height: 18.140625px;">tensão</span><span style="line-height: 0.48cm;">.
Novamente, ele percebe o que esta acontecendo. Respira. E </span><span style="line-height: 18.140625px;">consegue</span><span style="line-height: 0.48cm;"> se
descontrair. Depois, ao procurar se informar que horas seria o
encontro com o instrutor de </span><span style="line-height: 18.140625px;">meditação</span><span style="line-height: 0.48cm;"> para um </span><span style="line-height: 18.140625px;"><i>feedback</i></span><span style="line-height: 0.48cm;"> ele percebe
que o nome da mulher estava logo abaixo do seu na lista. Mais uma vez
o seu corpo reage de forma negativa e sua </span><span style="line-height: 18.140625px;">respiração</span><span style="line-height: 0.48cm;"> trava.
Entretanto, como ele continuava a praticar essa </span><span style="line-height: 18.140625px;">atenção</span><span style="line-height: 0.48cm;"> sugerida ele
se desarma e percebe </span><span style="line-height: 18.140625px;">enfim</span><span style="line-height: 0.48cm;"> que o seu corpo havia se transformado numa
especie de espelho e que ele lhe mostrava ao mesmo tempo o veneno e o </span><span style="line-height: 18.140625px;">remédio</span><span style="line-height: 0.48cm;"> de seu problema: reconhecer que a </span><span style="line-height: 18.140625px;">tensão</span><span style="line-height: 0.48cm;"> se formava e
perceber a possibilidade de desativa-la. </span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 0.48cm;">Nos
dias seguintes a </span><span style="line-height: 18.140625px;">atenção</span><span style="line-height: 0.48cm;"> de Peter se tornara cada ver mais acurada. Ele
percebe que seus pensamentos cheios de dor e raiva - relacionados a sua </span><span style="line-height: 18.140625px;">própria</span><span style="line-height: 0.48cm;"> </span><span style="line-height: 18.140625px;">família</span><span style="line-height: 0.48cm;"> e a sua realidade profissional - </span><span style="line-height: 18.140625px;">suscitavam</span><span style="line-height: 0.48cm;"> a mesma </span><span style="line-height: 18.140625px;">tensão,</span><span style="line-height: 0.48cm;"> o mesmo travamento, que lhe causava o comportamento daquela mulher que
tossia ao seu lado na sala de </span><span style="line-height: 18.140625px;">meditação</span><span style="line-height: 0.48cm;"> Durante toda a sua vida ele
tentou controlar tudo o que havia em sua volta e agora que a vida lhe
mostrava quem realmente dava as cartas nesse jogo, toda uma </span><span style="line-height: 18.140625px;">sequência</span><span style="line-height: 0.48cm;"> de </span><span style="line-height: 18.140625px;">frustração</span><span style="line-height: 0.48cm;"> dor e </span><span style="line-height: 18.140625px;">cólera</span><span style="line-height: 0.48cm;"> vinham a tona. Mas, felizmente, a cada
movimento, a cada imagem mental, ele percebia</span><span style="line-height: 0.48cm;"> o que realmente
se passava - sem julgamento. Ele começa </span><span style="line-height: 18.140625px;">então a</span><span style="line-height: 0.48cm;"> notar como que esse
simples estado mental poderia lhe ser </span><span style="line-height: 18.140625px;">útil</span><span style="line-height: 0.48cm;"> No fim do retiro ele
constatou que estava profundamente agradecido aquela mulher.</span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 0.48cm;">Graças
a </span><span style="line-height: 18.140625px;">atenção,</span><span style="line-height: 0.48cm;"> Peter conseguiu enfim relaxar seu corpo e sua mente. Ele
descobriu, enfim, o que no zen é chamado de </span><i style="line-height: 0.48cm;">mente
de principiante</i><span style="line-height: 0.48cm;">. «Prestamos </span><span style="line-height: 18.140625px;">atenção</span><span style="line-height: 0.48cm;"> munidos de respeito e interesse, nao para poder
manipular a realidade, mas para compreender o que é
real. E percebendo essa verdade o </span><span style="line-height: 18.140625px;">coração</span><span style="line-height: 0.48cm;"> se torna livre!»*</span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 0.48cm;"><br /></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 0.48cm;">*Shunryu Suzuki</span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 0.48cm;"><br /></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 0.48cm;"><b><i>The Wise Heart - Jack Kornfield</i></b></span></span></div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-73693962463546703552013-02-16T07:27:00.001-08:002013-02-16T07:27:42.461-08:00Louca Sabedoria<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGvqb0HG86IiJwGhaxiObDTCnY7orScF0IkPGSVp6Uo_GpgCRdiM73_csHWRmMfzvyiLGQAMHZIXIMCOutoWNr8qx60BTa3sxRcWGT9UqdywGMOIN1Cr8kjWz4zD-djheNYJ7r1zgUx1ns/s1600/102_425-alt-blog-gold-man.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGvqb0HG86IiJwGhaxiObDTCnY7orScF0IkPGSVp6Uo_GpgCRdiM73_csHWRmMfzvyiLGQAMHZIXIMCOutoWNr8qx60BTa3sxRcWGT9UqdywGMOIN1Cr8kjWz4zD-djheNYJ7r1zgUx1ns/s320/102_425-alt-blog-gold-man.jpg" width="320" /></a></div>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i>Freqüentemente em viagens espirituais, particularmente quando elas tem práticas espetaculares, há a </i><i>tendência de ansiar se engajar numa prática da qual você não sabe nada. Você diria que nesse caso é uma </i><i>curiosidade ou descoberta saudável?</i><br />
<br />
<b>Chögyam Trungpa </b> Não é saudável se você não sabe no que está entrando. Há uma diferença entre explorar o que está ali e explorar o que não está ali. Quando uma criança está brincando com uma lâmina afiada, a lâmina está ali e o mel está na lâmina. Mas se a criança está explorando algo externo, além da extremidade da mesa, não há nada além da mesa além de uma queda. Isso é suicida.<br />
<br />
<i>Quando consideramos a louca sabedoria, porque um homem se torna como o Louco de Tsang e outro</i><br />
<i>se torna uma pessoa como o seu guru?</i><br />
<br />
<b>Chögyam Trungpa</b> Creio que apenas depende de nossa manifestação e de nossa forma de ver as coisas. É<br />
uma questão de para o que estamos preparados. Meu guru foi a platéia para o Louco de Tsang, e eu fui a platéia do meu guru. Eu não era tão louco naquele momento, então ele não parecia muito louco para mim. Mas o Louco de Tsang era tão louco quanto meu guru, pois ele foi louco o suficiente para se relacionar com aquela loucura.<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><i>Seminário Louca Sabedoria II Karme-Chöling, 1972</i></span><br />
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-59009894304978741912012-11-25T15:18:00.000-08:002015-01-08T18:00:12.795-08:00A revolta dionisíaca <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHukKdUbZ-E-Gl4c_ycAP3ZZP4KQNaOnKraSvOUUwL8sC_GeChNR_lpfeWr9ujuoQHAcQ37PiIZ8JJ_dj8BCStyJJanR4r9E335_UGueN8bWV9dCSghhyphenhyphenYeDz3ryehZTQjkIc7uKlhNwuB/s1600/1-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHukKdUbZ-E-Gl4c_ycAP3ZZP4KQNaOnKraSvOUUwL8sC_GeChNR_lpfeWr9ujuoQHAcQ37PiIZ8JJ_dj8BCStyJJanR4r9E335_UGueN8bWV9dCSghhyphenhyphenYeDz3ryehZTQjkIc7uKlhNwuB/s320/1-1.jpg" height="242" width="320" /></a></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;"><i>Em seu último
livro, </i><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="text-decoration: none;">La
Puissance d’exister</span></i></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>
</i></span><i>, o senhor evoca diretamente a sua infância através do
prefácio intitulado </i><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>Autoportrait
à l’enfant</i></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>
</i></span><i>. Esta abordagem serve para mostrar que o homem não esta separado do filosofo, ou é uma forma de estabelecer ainda
mais um elo com seus leitores?</i></span></b></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-size: large;"><i><b>Michel Onfray</b></i> </span><span style="font-size: large;">-</span><span style="color: #cc6600; font-size: 18.399999618530273px;"> </span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;">Desde o meu primeiro
livro de 1989, </span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>Le
Ventre des philosophes</b></span></span><span style="background-color: transparent; font-family: Times New Roman, serif; font-size: large; text-align: justify;">
</span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;">, proponho as raízes autobiográficas das
ideias que são expostas no texto. Nos meus livros mais importantes,
importantes pelo menos para mim, escrevo sempre sobre um momento
existencial por trás da teoria proposta: por exemplo, em função da
minha breve experiência enquanto trabalhador de uma usina, escrevi
</span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>Politique
du rebelle</b></span></span><span style="background-color: transparent; font-family: Times New Roman, serif; font-size: large; text-align: justify;">,</span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;">
onde eu desenvolvo uma filosofia anarquista para os dias de hoje; </span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>Féeries</b></span></span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>
anatomiques</b></span></span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>,</b></span></span><span style="background-color: transparent; font-size: large; text-align: justify;">
foi escrito a partir do câncer desenvolvido por minha mulher e que
gerou esse livro sobre bioética. Esta é uma forma de mostrar que a
filosofia não cai do «céu das idéias», como afirmam
os idealistas e espiritualistas, dominantes no campo da filosofia,
mas que se eleva da terra, incluindo o corpo e sua interação com a
história.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;"><i>O senhor afirma que não ha nenhum ressentimento em sua critica a religião. Mas o seu
estilo e as suas palavras não são elas mais ponderadas e brandas no
seu último livro, em comparação com a sua crítica radical e feroz
exposta no </i><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>Traité
d’athéologie</i></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>
</i></span><i>?</i></span></b></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O <span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><b>Traité
d’athéologie </b></i></span></span>é vingativo ou negativo
para aqueles que não aceitam crítica as religiões. Para evitar de
ter que se confrontar aos meus argumentos ou por não saber
contradizer os fatos que apresento, por não saber argumentar contra
as minhas propostas, por não ter como afirmar que eu estou errado
quando exponho a tese da falta de provas do Jesus histórico, ou
sobre a violência que foi a instalação do cristianismo como a
religião de estado, da incompatibilidade radical entre o ensino do
Alcorão e as bases da República, da invenção do genocídio
exposto na Torá, enfim, para evitar o debate, aqueles que me
criticam tentam atacar a minha pessoa; não podendo atacar a
veracidade de meus argumentos, me classificando como rancoroso,
negativo, etc... curiosamente o meu livro <span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>Féeries</b></span></span><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="text-decoration: none;"><b>
anatomiques</b></span></span></span><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>
</b></span></span>, igualmente <i>radical e
feroz</i>, não causou esse tipo de reação da parte de meus críticos... Na verdade, basicamente não se falou desse livro. Aparentemente, </span><span style="font-size: large;"> </span><span style="font-size: large;">nos dias de hoje,</span><span style="font-size: large;"> falar sobre religião da mais Ibope do que discutir bioética.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: large;">Como podemos definir
corpo e indivíduo?</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O corpo é o que
permanece quando todas as ideologias afundam: ideologia cristã,
estruturalista, marxista... O corpo é irredutível; é aquilo
que ha quando toda fantasia social, político e cultural desaparece.
O indivíduo é, no sentido etimológico, aquilo que não se divide,
quando tudo o mais esta fragmentado. E apartir dessa base que temos
de construir uma ética, uma estética, uma bioética, uma visao
política, etc.
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: large;">Se a filosofia se
resume a "confissão de um corpo", ela continua a ter a
possibilidade de um discurso universal?</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O universal não
existe, há apenas o particular. E possivel imaginar que a <span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="text-decoration: none;"><i>Critique
de la raison pure</i></span></span></span>, que tenta investigar a razão humana a
margem da história, consegue dar conta do funcionamento da magia por
um feiticeiro da Nova Guiné? A <span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>Déclaration
des droits de l’homme* </i></span></span>deve ser considerada importante a partir do ponto de vista de um membro da tribo dos índios Guayaki? A arrogância da filosofia
ocidental anda de mãos dadas com o ensino de uma « religião
universal », mas isso é uma fantasia ... Montaigne, em seus
<span style="color: #333333;"><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><b>Essais</b></i></span></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><b>**
</b></i></span>está constantemente no particular, e alcança,
o que parece ser, o mais universal possível; porque dá os detalhes
de uma odisséia da consciência que pode servir para a própria
edificação dessa mesma consciência - para aqueles que se interessam em
fazê-lo.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: large;">Da mesma forma, o
senhor defende um relativismo estético, epistemológico. Negando então a figura do intelectual enquanto portador e gerador de valores
universais, como a justiça, a razão ou a verdade. Qual é então o
seu papel enquanto filosofo?</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">N</span><span style="font-size: large;">ã</span><span style="font-size: large;">o existe pensamento
intelectual desvinculado de seu campo histórico – ou seja, de sua
época. Bourdieu nunca acreditou por um segundo que os resultados de
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="text-decoration: none;"><b>La
Distinction</b></span></i></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><b>
</b></i></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>(La
Distinction. Critique sociale du jugement - é um livro publicado em
1979 por Pierre Bourdieu que se desenvolve a partir de uma teoria
sociológica dos gostos e dos estilos de vida.)</i></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>
</b></span>possa se aplicar a uma sociedade se não aquela de seu tempo... O intelectual é apenas
uma engrenagem de uma máquina local, mesmo que esssa engrenagem seja
um suposto saber do homem branco ocidental judaico-cristão...</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: large;">Esse relativismo,
que se aplicaria tanto para o belo quanto para o que é verdadeiro,
não desenvolveria, respectivamente, o niilismo na arte e na política?</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Seria o oposto! A
promoção de um valor universal que não se sustenta é que leva a
contradições que geram o niilismo; causando assim a ausência
de valores. Gostaria de frizar que ao afirmar essa relativação dos
valores não estou querendo dizer que todos os valores são iguais e
que, portanto, não há verdadeiramente nada que seja valido. Esse
relativismo liga-se aos valores dinâmicos, plásticos, móveis,
vivos: não aos valores fechados, esculpidos em mármore, definitivos. Caso contrário, por que eu teria escrito mais de 30 livros em que
desenvolvo posições hedonistas, utilitaristas, saberes libertários
e pragmáticos, se não para servirem de bases a novos valores e
virtudes?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: large;">Sem o
livre-arbítrio, não haveria responsabilidade ética e cívica ;
pelo fato de que não seriamos realmente livre de nossas escolhas.
Como conciliar "imanência e respeito pelos outros" e
"imanência e cidadania"?</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Pelas simples normas da
imanência: o contrato, as regras do jogo, o uso da razão, que uma
comunidade tanto precisa; e não por uma «transcendência
republicana», um contrato social como uma religião, a
comunidade como um corpo místico. Somente através da razão e da
inteligência humana é que podemos criar verdadeiros laços
sociais; e não buscando em ficções metafísicas, uma espécie de
filosofia - pelo menos no ocidente - onde a partir da reformulação da
linguagem do idealismo alemão, voltamos aos preceitos da religião
judaico-cristã.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: large;">A sociedade moderna
(publicidade, televisão, marketing, etc.) funciona a partir de uma
premissa que define o indivíduo como um sistema nervoso, uma máquina
redutível a certas estruturas neuronais e manipulada a partir de
certos códigos ou estimulantes precisos. Isso seria o inverso da
filosofia da imanência?</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Nao o inverso mas a
solução, o problema fundamental: uma <span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><b>Critique
de la raison pure***</b></i></span></span> não poderia ser
escrita hoje em dia sem levar em consideração as descobertas da
neurociência, da etologia, das ciências cognitivas. A metafísica
ja teve seus dias, ela tem suas limitações; é necessário repensar a metafisica a partir da fisica e parar de pensar o agora com
instrumentos desatualizados que remontam a Platão...</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: large;">Como evitar as
armadilhas do hedonismo e do consumismo?</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Hedonismo não existe
como tal - devemos lhe qualificar para justificar que a sua existência
tenha um sentido próprio; há alguns hédonistas que são meus
inimigos, no caso o hedonismo consumista. Os hedonistas, para
resumir, dividem-se em dois tipos: o hedonismo do <i>ser</i>, e o
hedonismo do <i>ter</i>. O primeiro é o remédio do segundo. O
"hedonismo do ter": o prazer que ha em consumir,
comprar, possuir, se inscrever em uma lógica de acumulação de
objetos, "coisas" para dizer no sentido de um Georges
Perec; e ha o "hedonismo de ser", o prazer de filosofar, o
prazer da construção pessoal e intelectual, o prazer existencial de
se criar uma vida filosófica total e completamente independente do
<i>ter</i>: estar de bem com a vida independente das condições externas da mesma. Não ser um escravo da noção de <i>ter</i>, não ser escravo da noção de propriedade, dos objetos, do dinheiro, do
poder, da honra e status social, que funcionam como símbolos desse
<i>ter</i>. Os inimigos do hedonismo, e existem muitos, dissimulam-se
em meio ao real significado do mesmo, como uma nuvem que esconde o
sol, achando que assim podem impedir o seu brilho. Epicuro, o filósofo
tendo como figura o porco, é uma caricatura tão antigo quanto o
mundo…</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>*
Inspirada nos pensamentos dos </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">iluministas</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>,
bem como na </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">Revolução
Americana</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>(</i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">1776</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>),
a </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">Assembléia
Nacional Constituinte</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>da </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">França
revolucionária</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>aprovou
em </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">26
de agosto</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>de </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">1789</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>e
votou definitivamente a </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">2
de outubro</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, sintetizado em
dezessete artigos e um preâmbulo dos ideais libertários
e </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">liberais</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>da
primeira fase da </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">Revolução
Francesa</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>(</i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">1789</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>-</i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">1799</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>)</i></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>**
</i></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>Os Essais</i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>são
um autorretrato. O autorretrato de um homem, mais do que o
autorretrato do filósofo. Montaigne apresenta-se-nos em toda a sua
complexidade e variedade humanas. Procura também encontrar em si o
que é singular. Mas ao fazer esse estudo de auto-observação acabou
por observar também o Homem no seu todo. Por isso, não nos é de
espantar que neles ocorram reflexões tanto sobre os temas mais
clássicos e elevados ao lado de pensamentos sobre a</i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">flatulência</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>.
Montaigne é assim um livre pensador, é um pensador sobre o Humano,
sobre as suas diversidades e características. E é um pensador que
se dedica aos temas que mais lhe apetecem, vai pensando ao sabor dos
seus interesses e caprichos</i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: sans-serif;"><i>.</i></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>
</i></span>
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>***
</i></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>A
</i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>Crítica
da Razão Pura</i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>
(Kritik der reinen Vernunft), publicada inicialmente em </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">1781</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>com
uma segunda edição em 1787</i></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">;</span></i></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>
é considerada a obra mais influente e mais lida
do </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">filósofo</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">alemão</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">Immanuel
Kant</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>e
uma das mais influentes e importantes em toda a </i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">história
da filosofia</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i> </i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>ocidental.
Ela é geralmente referida como "primeira crítica" de
Kant, uma vez que essa obra precede a "</i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">Crítica
da Razão Prática</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>"
e "</i></span></span><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i><span style="background: #ffffff;">Crítica
do Julgamento</span></i></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>".</i></span></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: xx-small;"><i>
</i></span></span>
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br />
Tradução: Ricardo Castro</div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-22750658743289383792012-10-10T18:15:00.000-07:002015-01-08T17:58:43.835-08:00Michel Onfray<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxlYkbf18ae4wC6OtHxkaur6_AVVX8AF2uSivd1JzRgQ1PvlK4gEolTBytOaY56zvUdro9IBd02FyUH73dB7bLHIpVgxkpZk38A4TFdv0AAJLCfWUUCWfsGVyqZ-Q06v8Z4ZjGdtQZoaVL/s1600/tumblr_lqpfs54SuC1qiqf01o1_400.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxlYkbf18ae4wC6OtHxkaur6_AVVX8AF2uSivd1JzRgQ1PvlK4gEolTBytOaY56zvUdro9IBd02FyUH73dB7bLHIpVgxkpZk38A4TFdv0AAJLCfWUUCWfsGVyqZ-Q06v8Z4ZjGdtQZoaVL/s320/tumblr_lqpfs54SuC1qiqf01o1_400.png" height="320" width="240" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 16.799999237060547px; line-height: 20px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 16.799999237060547px; line-height: 20px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 16.799999237060547px; line-height: 20px;">"A razão é sempre minoritária, e a religião sempre majoritária, pois a inteligência é mais rara do que a obediência. As pessoas preferem uma ficção que lhes dê segurança, uma lenda que lhes apazigue, histórias para crianças que lhes permitam dormir tranquilos, em vez de verdades que inquietam, certezas que angustiam. É por isto que a religião jamais desaparecerá do planeta, e porque os filósofos dignos deste nome serão sempre minoritários."</span><br />
<span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 16.799999237060547px; line-height: 20px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 16.799999237060547px; line-height: 20px;">"Eu sou pela liberdade de expressão, é um princípio não negociável. Que na sequência o exercício da liberdade de expressão produza reações de violência, crimes, assassinatos, incêndios, saques, é menos um problema das pessoas que exercem esta liberdade do que daquelas que não a aceitam. Eu fico surpreso que se responsabilize o exercício de uma liberdade de expressão pela histeria, e não os próprios histéricos. Responsabilizar os caricaturistas pela brutalidade da multidão encolerizada é sinal de que a democracia já perdeu o combate, renunciando aos seus valores para se submeter às imposições daqueles que não amam nem a liberdade, nem a igualdade, nem a fraternidade, nem a solidariedade, nem o feminismo, nem a laicidade."</span><br />
<span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 16.799999237060547px; line-height: 20px;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: 17px; line-height: 20px;">Tradução</span><span style="font-size: 16.7999992370605px; line-height: 20px;">: Ricardo Castro</span></span>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-31184563506979908192012-09-29T15:22:00.000-07:002012-09-29T15:30:13.940-07:00Teste aos ensinamentos da religião<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxVNXxSKfANngvPdfxcrKPfk0L9MnSmUjulrQ4Yz6m6o1yj3bDNCYyYun9CcOHjJGyF9JMwDBXK5TnlwDtB7PnL6MaSzq7s48SZAdumbcTxjXwiyKezkTbbcoiF3OJ5-SWFWgPoyydD_AT/s1600/funny-Kermit-the-Frog-X-Rays.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxVNXxSKfANngvPdfxcrKPfk0L9MnSmUjulrQ4Yz6m6o1yj3bDNCYyYun9CcOHjJGyF9JMwDBXK5TnlwDtB7PnL6MaSzq7s48SZAdumbcTxjXwiyKezkTbbcoiF3OJ5-SWFWgPoyydD_AT/s320/funny-Kermit-the-Frog-X-Rays.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando indagamos em que se funda sua reivindicação a ser acreditada, deparamo-nos com três respostas, que se harmonizam de modo excepcionalmente mau umas com as outras. Em primeiro lugar, os ensinamentos merecem ser acreditados porque já o eram por nossos primitivos antepassados; em segundo, possuímos provas que nos foram transmitidas desde esses mesmos tempos primevos; em terceiro, é totalmente proibido levantar a questão de sua autenticidade. Em épocas anteriores, uma tal presunção era punida com os mais severos castigos, e ainda hoje a sociedade olha com desconfiança para qualquer tentativa de levantar novamente a questão. Esse terceiro ponto está fadado a despertar nossas mais fortes suspeitas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Afinal de contas, uma proibição desse tipo só pode ter uma razão - que a sociedade se acha bastante cônscia da insegurança da reivindicação que faz em prol de suas doutrinas religiosas. Caso contrário, decerto estaria pronta a colocar os dados necessários à disposição de quem quer que desejasse chegar à convicção. Assim sendo, é com uma sensação de desconfiança difícil de apaziguar que passamos ao exame dos outros dois fundamentos de prova. Temos que acreditar porque nossos antepassados acreditaram. Mas nossos ancestrais eram muito mais ignorantes do que nós. Acreditavam em coisas que hoje não nos é possível aceitar, e ocorre-nos a possibilidade de que as doutrinas da religião possam pertencer também a essa classe. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As provas que nos legaram estão registradas em escritos que, eles próprios, trazem todos os sinais de infidedignidade. Estão cheios de contradições, revisões e falsificações e, mesmo onde falam de confirmações concretas, elas próprias acham-se inconfirmadas. Não adianta muito asseverar que suas palavras, ou inclusive apenas seu conteúdo, se originam da revelação divina, porque essa asserção é, ela própria, uma das doutrinas cuja autenticidade está em exame, e nenhuma proposição pode ser prova de si mesma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chegamos assim à singular conclusão de que, de todas as informações proporcionadas por nosso patrimônio cultural, as menos autenticadas constituem precisamente os elementos que nos poderiam ser da maior importância, ter a missão de solucionar os enigmas do universo e nos reconciliar com os sofrimentos. Não poderíamos ser levados a aceitar algo de tão pouco interesse para nós quanto o fato de as baleias darem à luz filhotes, em vez de porem ovos, se não se pudesse apresentar provas melhores do que isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esse estado de coisas é, em si próprio, um problema psicológico bastante notável. E que ninguém imagine que o que declarei a respeito da impossibilidade de provar a verdade das doutrinas religiosas contenha algo de novo. Isso já foi sentido em todas as épocas, e, indubitavelmente, também pelos ancestrais que nos transmitiram esse legado. Muitos deles provavelmente nutriram as mesmas dúvidas que nós, mas a pressão a eles imposta foi forte demais para que se atrevessem a expressá-las. E, visto que incontáveis pessoas foram atormentadas por dúvidas semelhantes e se esforçaram por reprimi-las, por acharem que era seu dever acreditar, muitos intelectos brilhantes sucumbiram a esse conflito e muitos caracteres foram prejudicados pelas transigências com que tentaram encontrar uma saída para ele.</div>
<br />
<i><b>Sigmund Freud - </b></i><i>O Futuro de uma Ilusão</i><br />
<br />
<br />
<br />Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-7126906399349171982012-09-14T11:47:00.001-07:002012-10-03T16:09:41.429-07:0051<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaPrl4UDlI3WZVfitCmTZbJSSg2mOhKfa6XZohhquKhYIIs07sLWHbe6tNCxzmvUiDJ1CzXlgLkme5NO9_3213OOVBwZcVT1etYNhtb1RjL_Fo3ol6tzDqd0htjmHnnRGtR59pT7tiJofK/s1600/100_1361.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaPrl4UDlI3WZVfitCmTZbJSSg2mOhKfa6XZohhquKhYIIs07sLWHbe6tNCxzmvUiDJ1CzXlgLkme5NO9_3213OOVBwZcVT1etYNhtb1RjL_Fo3ol6tzDqd0htjmHnnRGtR59pT7tiJofK/s320/100_1361.jpg" width="320" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>51 componentes da consciência na tradição Mahayana</b><br />
<br />
As Cinco Formações Mentais Universais:<br />
contacto; atenção; sensações; percepções; e motivação<br />
<br />
As Cinco Formações Mentais Específicas:<br />
zelo; a determinação; a atenção; a concentração; a compreensão<br />
<br />
As Onze Formações Mentais Benéficas:<br />
a fé; a humildade; a compaixao; a ausência de avidez; a ausência de aversão; a ausência de ignorância; a energia ou aplicação; a facilidade; o cuidado, a vigilância; a équaminidade;a nao violencia<br />
<br />
As Seis Formações Mentais não Benéficas:<br />
a fixaçao; a aversão; a ignorância; o orgulho; a dúvida; as ilusoes<br />
<br />
as Vinte Formações Mentais não Benéficas secundárias:<br />
a cólera; o ressentimento; a hipocrisia; a maldade; a inveja; o egoísmo; o engano; a duplicidade; o desejo de prejudicar; o orgulho; a ausência de humildade; a ausência de humildade no que diz respeito aos outros; a agitação; a inércia; a falta de fé; a negligência; indolencia; o esquecimento; a distração; a falta de discernimento<br />
<br />
As Quatro Formações Mentais Indeterminadas:<br />
a lamentação; o torpor; a impulsão; a analise<br />
<br />
<br />Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-72822798078046213382012-08-22T10:24:00.000-07:002012-08-22T10:32:56.921-07:00 “A pobreza é o pior tipo de violência”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo34vl3QVeHn1fC3YArnMz-k_cxg1RyMuliLoigFjJm7xNmw2ZGlDepfET3-C2hIR1psp2hsJByki3nqYDaqrRiLE_53pZW7EnHBXq1vSp5m0hhH9ml0tM2oNWBHpJmOA9mlhi3KcZQCJk/s1600/anoes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo34vl3QVeHn1fC3YArnMz-k_cxg1RyMuliLoigFjJm7xNmw2ZGlDepfET3-C2hIR1psp2hsJByki3nqYDaqrRiLE_53pZW7EnHBXq1vSp5m0hhH9ml0tM2oNWBHpJmOA9mlhi3KcZQCJk/s320/anoes.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<span style="background-color: white;">Arun Gandhi, de 78 anos, é o quinto neto de Mohandas “Mahatma” Gandhi, líder do movimento pela não-violência. Arun nasceu na África do Sul e durante a infância sofreu agressões de brancos e de negros por ter traços indianos. Em 1946, foi morar com Mahatma Gandhi, com quem aprendeu sobre pacifismo. Hoje, ele é o maior divulgador da filosofia de seu avô e comanda um instituto de educação pela não-violência na Índia.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">O senhor dirige um instituto de educação. O que é mais importante na formação de uma criança?</strong><br />
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Arun Gandhi – </strong>Atualmente as crianças só aprendem a ganhar dinheiro e ter uma carreira. Isso não é o bastante. Precisamos ensiná-las sobre a vida, sobre elas mesmas e como elas podem se tornar pessoas melhores. O modo como disciplinamos as crianças também está errado. Plantamos as sementes da violência nelas quando as punimos por algo que fizeram de errado. Isso vai lhes dar a ideia de que qualquer pessoa que faz algo errado precisa ser punida. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Como educar as crianças para que elas sejam disciplinadas sem o castigo?<br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi –</strong> Na não-violência, substituímos os castigos pelas penitências. Eu não era punido quando fazíamos algo errado. Meus pais jejuavam por um ou dois dias e me explicavam que não estavam comendo porque falharam em minha educação. Desse modo eles me mostravam o amor, não a violência. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Esse método não gerava muita culpa?<br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi – </strong>Sim, gerava culpa para todos. Mas se você faz algo errado, precisa sentir-se culpado, ou nunca mudará. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;"> Como foi a sua infância?<br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi –</strong> Foi muito diferente, porque nunca frequentei a escola. Fui educado pelos meus pais e por tutores. Mesmo não tendo ido para a escola, eu tenho sete especializações.</div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Deveríamos educar as crianças em casa?<br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi –</strong> Enquanto o nosso sistema educacional for tão inadequado, enviar as crianças para a escola não faz muito sentido. Acho que se os pais forem qualificados, seriam os melhores professores. Infelizmente hoje a única interação entre pais e filhos costuma ser quando eles voltam para casa do trabalho e estão tão cansados que mal conseguem dar atenção para as crianças. Nessa atmosfera, como podemos criar boas crianças, que tenham amor e respeito? </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">O senhor diz que a pobreza é o pior tipo de violência. Como pode ser pior que a violência sexual ou a discriminação? </strong><strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Arun Gandhi – </strong>Outros tipos de violência tendem a ser imediatos e de curta duração. Já a pobreza é algo com o que as pessoas têm que conviver dia e noite, por isso a considero o pior tipo. Infelizmente, como seres humanos civilizados nós ignoramos a pobreza, achamos que não é da nossa conta. Ainda existe a ideia de que as pessoas são pobres por serem estúpidas, incapazes, e que não há nada a se fazer. Somos egoístas.</div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Em um mundo no qual a violência domina tantos aspectos da nossa vida, como convencer as pessoas a não revidar o que recebem dos outros? <br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi – </strong>Isso acontece naturalmente quando as pessoas começam a viver em paz. Existe uma história de um homem que vivia sozinho e nunca limpava sua casa. Um dia ele conheceu uma moça, que lhe deu uma rosa. Ele levou a rosa para casa, mas não achou um vaso limpo. Precisou lavar a louça para encontrá-lo. Depois, ele não tinha um lugar para expor a rosa, e limpou uma mesa para colocá-la. Ele então notou que só a mesa limpa no quarto sujo destoava, e limpou o quarto. Eventualmente, toda a casa estava limpa. Isso tudo por causa de uma rosa. Do mesmo modo, se uma pessoa se torna pacífica em uma comunidade, ela afeta todos à sua volta. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">O senhor diz que precisamos primeiro mudar nós mesmos para depois mudar o mundo. Isso não levaria muito tempo?<br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi – </strong>A não ser que a gente mude, não podemos fazer outras pessoas mudarem. Ninguém está isento. Uma vez meu avô foi procurado por um casal com um filho pequeno que não podia comer doces. Ele não obedecia a proibição, pois via seus pais comerem doces. O casal levou o menino ao meu avô, pedindo sua ajuda, e ouviram para retornar em duas semanas. Na data combinada, o meu avô falou em particular com o menino por menos de um minuto, e ele parou de comer doces. Os pais ficaram chocados, e quiseram saber que tipo de milagre aconteceu. Meu avô explicou que o motivo do prazo de duas semanas era para que ele próprio parasse de comer doces, pois só assim poderia pedir o mesmo ao menino. Se a gente não praticar o que queremos que os outros aprendam, eles não vão aprender. Se a gente viver em paz, então os outros poderão viver em paz. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">O senhor mudou algo na teoria da não-violência elaborada pelo seu avô? <br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi – </strong>Para qualquer filosofia manter-se viva ela tem que passar por mudanças. Não dá pra se apegar a tudo o que ele disse, porque coisas que lhe pareciam verdadeiras há 50 anos já não fazem sentido hoje. Quando ele escreveu a sua biografia, se colocava contra qualquer tecnologia. Na época, a tecnologia desenvolvida estava substituindo o homem por máquinas, para maximizar o lucro. Algumas tecnologias mudaram desde então. Provavelmente se ele tivesse vivo hoje aprovaria certas novidades. Aposto que ele teria usado a internet para ajudar a espalhar a sua mensagem. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">O senhor viu alguma vez o seu avô bravo? <br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi – </strong>Nunca. Uma época ele precisava angariar fundos para o seu trabalho social e resolveu cobrar pelos seus autógrafos. As pessoas lhe entregavam os livros com o dinheiro dentro, e ele assinava. Um dia, decidi que também queria um autógrafo. Como eu não tinha nenhum dinheiro, apenas coloquei meu livro na pilha com os outros. Quando ele chegou no livro, perguntou por que não tinha dinheiro dentro, e eu disse “porque é meu”. Ele falou que não abria exceções nem para os netos. Protestei, disse que para mim seria de graça. Ele riu e falou “está bom, vamos ver quem ganha”. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
A partir de então, sempre que ele se reunia com autoridades políticas eu entrava na sala e esfregava o meu livro na sua cara, exigindo o autógrafo. Achei que só para se livrar de mim ele cederia. Mas tudo o que ele fazia era tapar minha boca com uma mão, colocar sua outra mão no meu peito e continuar a conversa com as outras pessoas. Ele nunca me deu o seu autógrafo e nunca perdeu a paciência comigo.</div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">O senhor sempre consegue manter a calma?<br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi – </strong>Eu não chego nem perto dele. Mas tento seguir seu exemplo. Ainda tenho um longo caminho. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">As comparações com o seu avô incomodam? <br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi – </strong>Eu tinha dificuldade quando era adolescente, e uma vez disse pro meu pai que não sabia como ia conseguir viver com isso. Ele me respondeu que eu tinha duas opções. Poderia encarar esse legado como um fardo, que ficaria cada vez mais pesado. Ou poderia encará-lo como uma luz que orientaria o meu futuro. Foi o que fiz. </div>
<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: arial, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px 0px 18px; text-align: left;">
<strong style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Quando o seu avô foi assassinado, o senhor sentiu raiva? Quis vingar-se? <br style="background-color: transparent; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Arun Gandhi – </strong>Eu tinha 14 anos quando ele foi assassinado. No momento em que recebi a notícia, fiquei furioso e disse para os meus pais que queria estar lá para estrangular a pessoa que fez aquilo. Meus eles me lembraram das lições que meu avô me ensinou, e disseram que ele não aprovaria tal pensamento vingativo. No lugar, ele iria querer que eu dedicasse a minha vida para impedir que esse tipo de violência desmedida não proliferasse. Eles me ajudaram a entender minhas emoções e a perdoar a pessoa que matou meu avô. Acabei dedicando minha vida a combater a violência.<br />
<br />
<a href="http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/08/arun-gandhi-pobreza-e-o-pior-tipo-de-violencia.html">http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/08/arun-gandhi-pobreza-e-o-pior-tipo-de-violencia.html</a>
</div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-74030243543490131922012-08-19T15:39:00.000-07:002012-08-20T10:21:24.379-07:00Ciência, fé e extrapolação<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcFXPDN11W-_FAQgUft47PboYi8HScX71iS4Wi6kUlcg84GBW_JHUBIngAhiEEGmLZ1_auNeY92h91sQliJx1Unu-hP0m1WYxpZZL4FZh0sDfL4CED4BJV9eDnpJcSlZYcQ3Gb-RPwPnlG/s1600/12221289.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcFXPDN11W-_FAQgUft47PboYi8HScX71iS4Wi6kUlcg84GBW_JHUBIngAhiEEGmLZ1_auNeY92h91sQliJx1Unu-hP0m1WYxpZZL4FZh0sDfL4CED4BJV9eDnpJcSlZYcQ3Gb-RPwPnlG/s320/12221289.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Será que podemos compreender o mundo sem ter alguma espécie de crença? Essa não só é uma das questões centrais da dicotomia entre a ciência e a fé como também informa de que modo um indivíduo se relaciona com o mundo.</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Se contrastarmos explicações míticas e científicas da realidade, podemos dizer que mitos religiosos procuram explicar o desconhecido com o "desconhecível", enquanto que a ciência procura explicar o desconhecido com o "conhecível".</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
A tensão vem da crença de que duas realidades independentes existem em pé de igualdade; uma que pertence a este mundo (e que é, portanto, conhecível), e outra fora dele (e que é, portanto, desconhecível ou inescrutável).</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Tanto o cientista quanto o crente acreditam, se bem que a crença de cada um é bem diferente. A do cientista se manifesta de forma clara quando faz uma extrapolação de uma teoria ou modelo além de seus limites testados.</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Por exemplo, ao afirmar que "a gravidade atua da mesma forma em todo o Universo", ou "a teoria da evolução por seleção natural se aplica a todas as formas de vida, inclusive as extraterrestres", não sabemos se essas extrapolações são verdadeiras. Mas, dado o sucesso das teorias em que se baseiam, vale a pena apostar nelas. Testes futuros confirmarão (ou não) a veracidade da extrapolação.</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Sem esse tipo de fé no poder da extrapolação, a ciência não avançaria. Eis um exemplo. A teoria da gravitação universal de Newton, explicada no Livro 3 do seu monumental tratado "Princípios Matemáticos da Filosofia Natural", deveria ter sido chamada de "teoria da gravitação do Sistema Solar", já que, no final do século 17, não existia como testá-la.</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Porém, Newton foi em frente e supôs que a força da gravidade --proporcional à massa dos corpos e inversamente proporcional ao quadrado de sua distância-- funcionaria em todo o Cosmo: "Se foi estabelecido que todo corpo na vizinhança da Terra gravita em direção à ela em proporção à sua matéria, teremos de concluir que todos os corpos exercem gravitação mútua".</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Mais tarde, em carta datada de 10 de dezembro de 1692 e endereçada a Richard Bentley, teólogo de Cambridge, Newton usa a mesma extrapolação para argumentar que o Universo deve ser infinito.</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Se a gravidade atuasse sobre um Universo finito, pensou Bentley, não causaria o colapso de toda a matéria no seu centro? Newton concordou que esse seria o destino da matéria num universo finito.</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Porém, sugeriu, "se a matéria estiver distribuída de forma homogênea em um Universo infinito, não colapsaria em uma única massa; um pouco de matéria se aglomeraria em um lugar, um pouco mais em outro, constituindo um número infinito de grandes massas, espalhadas pelas distâncias do espaço".</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
A crença de Newton na natureza universal da gravidade era tão forte que o levou a especular com confiança sobre a extensão espacial do Cosmo. Einstein fez algo semelhante, mas temos de deixar essa história para outra semana.</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Para avançar em suas teorias, o cientista precisa ter a coragem de arriscar e de estar errada. Só quando nos atrevemos a arriscar e errar é que podemos, talvez, enxergar um pouco mais longe do que os outros.</div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">
<br /></div>
<div style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">
<b style="background-color: #00b7f0; color: white;">Marcelo Gleiser</b><span style="background-color: #00b7f0; color: white;"> </span>
</div>
Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-54054390329014615882012-06-25T07:58:00.000-07:002012-06-25T07:59:00.824-07:00Do ponto de vista científico, é uma irresponsabilidade total.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeY1ASGt_x0JI6lLQgmzy4hLuyvT_mR6mrxg4kOSYAh8TiPQjQIXb-YQpTYWO9Xy1dj4CDawQPCs3pAfiulcWoDux4xYeU2F1GQhpCGVHZpO36u3q3fhxpqrZEiV9qGhUftv6ZHhH9Uwk6/s1600/dnc.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeY1ASGt_x0JI6lLQgmzy4hLuyvT_mR6mrxg4kOSYAh8TiPQjQIXb-YQpTYWO9Xy1dj4CDawQPCs3pAfiulcWoDux4xYeU2F1GQhpCGVHZpO36u3q3fhxpqrZEiV9qGhUftv6ZHhH9Uwk6/s320/dnc.gif" width="320" /></a></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>O sr. disse que havia ainda muitas incertezas sobre os limites planetários quando publicou seu artigo em 2009. Como tem evoluído o conhecimento sobre eles?</b><br />
<b>Johan Rockström</b><span class="Apple-converted-space"> </span>- No artigo original, nós quantificamos sete de nove limites, e estava claro para nós que os limites de água, biodiversidade e terra eram aproximações. Quatro de sete eram razoavelmente robustos: clima, ozônio, nitrogênio e oceanos. O que aconteceu desde então foi que nós aprendemos mais sobre o limite do fósforo, e descobrimos que já o transgredimos. A situação é mais grave. Há um grande esforço para quantificar as duas barreiras que não foram quantificadas ainda, as de produtos químicos e de poluição do ar. Há um grupo de trabalho formado para analisar a barreira da biodiversidade. Nosso indicador foi a perda de espécies, mas não é muito bom, porque não é a biodiversidade total, e sim suas funções, o que determina se um ecossistema vai colapsar. Estamos trabalhando na versão 2.0 dos limites planetários.</div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>Como conciliar o sentido de urgência que a ciência traz com o ritmo dos avanços nas salas de negociação aqui?</b><br />
Não é uma mensagem que muita gente goste de ouvir, mas nós não temos mais nenhum grau de liberdade. Estamos chegando ao teto do que o planeta é capaz de suportar sem gerar nenhuma surpresa. Até muito recentemente, você podia usar o planeta como uma lata de lixo. E o planeta tem sido uma mãe muito compreensiva, absorvendo, absorvendo todos os choques. Mas hoje nós vemos que essa era chegou ao fim. E nós não sabíamos disso em 2005, não sabíamos disso em 2002, certamente não sabíamos disso em 1992. É uma situação tão nova que nós perdemos qualquer liberdade. Não podemos dizer, "OK, nós não conseguimos nos manter em [um aumento da temperatura de] 2°C, então vamos ser realistas e ficar em 3°C". A ciência diz que você não tem essa escolha. Porque é a escolha entre um desafio, 2°C, com muita, muita, muita perturbação e adaptação, e um desastre. A ciência precisa entrar nas negociações, hoje ela está fora.</div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>Quão frustrado o sr. ficou quando a conferência de Durban adiou a ação para 2020?</b><br />
Do ponto de vista científico, é uma irresponsabilidade total. Se não chegarmos ao pico em 2015 não teremos chance de reduzir as emissões de gás carbônico rápido o suficiente para ficarmos num orçamento de carbono seguro. Então, a data de 2015 serve apenas para nos dar algum espaço para uma transição. Se você adiar para 2020, o ritmo da redução terá de ser de 7% a 8% por ano, mas para fazer 200 países no mundo reduzirem emissões de 7% a 8% por ano não é viável, não consigo enxergar a revolução tecnológica que permitiria que isso acontecesse.</div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b style="color: red;">Aonde a Rio +20 nos leva?</b><br />
<i>Não muito longe. O texto não reflete a urgência que enfrentamos. É o encontro de uma geração; nós só nos encontramos assim a cada 20 anos. É uma responsabilidade enorme, um investimento e uma enorme encruzilhada para a humanidade. Se não acertarmos agora, será tarde demais: a Rio +30 não vai resolver. Então há razão para ficarmos bem preocupados. A luz no fim do túnel são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, abrindo imediatamente um processo para defini-los, e adotá-los imediatamente por todos os Estados-membros da ONU, você pode começar a administrar o Antropoceno [a era geológica dominada pela humanidade, conceito adotado por muitos cientistas].</i></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>A carta dos Prêmios Nobel fixa 2015 como uma data crítica para a sustentabilidade, mas muita gente tem dito que 2015 é tarde demais.</b><br />
Certamente. O Rio não resolve isso, eles não querem resolver isso, deferiram tudo para as convenções do clima e da biodiversidade. Só existe uma maneira de abaixar a curva de emissões em 2015, que é combinar um preço global do carbono de pelo menos US$ 50 a tonelada e uma trajetória quantitativa para todos os países do mundo.</div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>Isso não está sobre a mesa.</b><br />
Eu acho interessantíssimo que economias fortes como os EUA e a UE, o Canadá não comecem a reconhecer, no nível de seus ministérios de Finanças e Relações Exteriores, que o fracasso em mitigar a mudança climática e de entrar numa economia de baixo carbono vai bater nesses dois ministérios, porque vai criar tanta instabilidade no mundo que você vai ter refugiados, guerras.</div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: verdana,helvetica,sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 18px; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b>James Lovelock, criador da hipótese Gaia, segundo a qual a Terra é um superorganismo, deu uma entrevista recentemente dizendo que exagerou em seus prognósticos, e isso virou uma espécie de mantra para negar a mudança climática. Por que o negacionismo voltou à moda?</b><br />
James Lovelock foi mal interpretado. Ele não é negacionista da mudança climática. O que ele está dizendo é que ele acredita que o sistema terrestre tem uma resiliência maior do que ele achava. Ele assumiu que o mundo simplesmente, irreversivelmente, chegaria a uma elevação de temperatura de 6°C e chegou a sugerir que a população seria reduzida a 2 bilhões, tipo apocalipse. Então, ele passa dessa posição extrema para uma posição mais "mainstream" [consensual] e é interpretado como sendo um negacionista. É absurdo. O negacionismo nunca esteve tão em baixa. Ele parece estar em alta hoje por uma única razão: os jornalistas não estão fazendo seu trabalho. A culpa é toda dos jornalistas. Porque os jornalistas simplesmente não conseguem distinguir o que 99% dos cientistas dizem do que diz um punhado de homens provocadores, empolgantes, excêntricos e idosos. Não é culpa de qualquer jornalista, é de jornalistas que não acompanham a área ambiental. De editores de páginas de opinião, de política, da liderança do "Wall Street Journal". Eles simplesmente deixaram essas pessoas entrar e lhes deram o mesmo peso, então as pessoas ficam confusas.</div>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-73280607352500169052012-06-10T11:18:00.002-07:002012-06-10T11:18:46.358-07:00O cosmo que conhecemos reflete quem somos.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD2E8wxYQHoKnBvWl83SjAfOuc7IjxcKFGlO-Rax3gfbjOOWNGN0wXnoKjsoUI_MubnBmjmbq9Mrmya91TKKLLXr6fWJ-k9mayDfFZDaUdCeOBswJlNFdtUPCx7nkQYPZ3P_QXcDO5IcVb/s1600/45868394.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD2E8wxYQHoKnBvWl83SjAfOuc7IjxcKFGlO-Rax3gfbjOOWNGN0wXnoKjsoUI_MubnBmjmbq9Mrmya91TKKLLXr6fWJ-k9mayDfFZDaUdCeOBswJlNFdtUPCx7nkQYPZ3P_QXcDO5IcVb/s320/45868394.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Quando o astrônomo americano Edwin Hubble descobriu, em 1929, que o
Universo está em expansão, nem ele mesmo quis acreditar. Mas os dados
não mentem. O que Hubble viu com seu telescópio de 100 polegadas era
inegável: a luz vinda de galáxias distantes aparecia alongada, indicando
que suas fontes se afastavam da Terra, o mesmo efeito que ocorre quando
uma sirene se distancia e ouvimos um tom mais grave. Na década de 1950,
baseado nessa proposição, o físico russo-americano George Gamow supôs
que a matéria que compõe as estrelas, as galáxias e as pessoas deve ter
passado por estados de altíssima compressão durante a infância do
Universo. Como matéria comprimida esquenta de maneira similar a pessoas
dentro do metrô lotado, </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Gamow propôs que, no início do Universo, a
temperatura era tão alta que as ligações entre as partículas formadoras
dos átomos e seus núcleos se quebraram. O cosmo seria composto de uma
sopa primordial de partículas livres, colidindo furiosamente entre si.
Gamow e seus colaboradores Robert Herman e Ralph Alpher calcularam que,
se suas idéias estivessem corretas, o Universo estaria repleto de
radiação de micro-ondas, um fóssil da época em que os primeiros átomos
foram formados, 400 mil anos após a grande expansão que teria dado
origem ao Universo – o big bang. Quando essa radiação foi descoberta, em
1965, a cosmologia deixou de ser especulação e virou ciência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Onde estamos hoje nessa história? Existem ainda muitos pontos
nebulosos. A composição do Universo permanece um mistério. Sabemos que
são três os ingredientes principais. O primeiro é a matéria comum,
daquilo que nós e as estrelas somos feitos. Ela é formada por átomos e
corresponde a apenas 4% do Universo. O segundo elemento é a matéria
escura: uma matéria exótica que circunda as galáxias como se fosse um
véu e que, provavelmente, é composta de partículas subatômicas. Ela
constitui 23% do Universo. O terceiro elemento é a energia escura: uma
forma de energia que permeia o cosmo e cuja natureza permanece
desconhecida. Ela representa 73% do Universo. Se somarmos a matéria
escura e a energia escura, percebemos que não conhecemos 96% da
composição do Universo. Por isso, a elucidação desse mistério terá
profundas implicações para nossa compreensão sobre ele. Alguns especulam
até que tanto a matéria escura quanto a energia escura mostrarão que a
descrição atual da gravidade, baseada na teoria da relatividade de
Einstein, precisa ser revisada.<br /><br />
E o momento inicial, o momento da “Criação”? Será que a física pode
chegar lá? Gamow, muito esperto, evitou tocar no assunto, começando sua
descrição do cosmo num momento em que a matéria já existia na forma de
partículas elementares (pelo menos, elementares nos anos 1950). Hoje
sabemos que o cosmo de Gamow tinha em torno de um centésimo de segundo
de vida. A grande questão é o que ocorreu nesse primeiro centésimo de
segundo. Sabemos como chegar bem mais perto do “zero”, até um
trilionésimo de segundo após o big bang. Aplicando conceitos da física
quântica – a física dos átomos – ao cosmo bebê, podemos até construir
modelos que mostram como o Universo inteiro pode ter surgido de uma
flutuação do espaço com energia zero. Se essas especulações fazem ou não
sentido, é algo que ainda não sabemos. Porém, dessa discussão de
origens cósmicas, fica claro que o que conhecemos do cosmo depende das
perguntas que fazemos e dos instrumentos que usamos para respondê-las. O
cosmo que conhecemos reflete quem somos.</div>
<br />
<i><b>Marcelo Gleiser </b></i>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-16334094797256405172012-04-24T13:50:00.000-07:002012-04-24T13:50:59.059-07:00Intolerância religiosa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSXomkdFDOIpdqKdNUKxLJ84aCSVYU6jAdrU3iTNJftfuT3NSJbm9lQbrEVM1D24qZ8C-Cs-032O5ge0OONL2EyQx00Mall2ur7U7AC4OgX_uLgjl34dcBK_zHlD8Rk93uMiVIaj3T7vrB/s1600/kdk_0236.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSXomkdFDOIpdqKdNUKxLJ84aCSVYU6jAdrU3iTNJftfuT3NSJbm9lQbrEVM1D24qZ8C-Cs-032O5ge0OONL2EyQx00Mall2ur7U7AC4OgX_uLgjl34dcBK_zHlD8Rk93uMiVIaj3T7vrB/s320/kdk_0236.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><strong>Intolerância religiosa</strong></span>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O fervor religioso é uma arma assustadora, disposta a disparar contra os que pensam de modo diverso</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong>SOU ATEU</strong> e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos. A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou
fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem
necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são
tão poucos que parecem extraterrestres.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados
incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz
conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a
última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do
medo e do inconformismo gerado por ela, nasce a tendência a acreditar
que somos eternos, caso único entre os seres vivos. Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crença de que
sobreviveriam à decomposição de seus corpos. Para atender esse desejo, o
imaginário humano criou uma infinidade de deuses e paraísos celestiais.
Jamais faltaram, entretanto, mulheres e homens avessos a interferências
mágicas em assuntos terrenos. Perseguidos e assassinados no passado,
para eles a vida eterna não faz sentido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não se trata de opção ideológica: o ateu não acredita simplesmente
porque não consegue. O mesmo mecanismo intelectual que leva alguém a
crer leva outro a desacreditar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os religiosos que têm dificuldade para entender como alguém pode
discordar de sua cosmovisão devem pensar que eles também são ateus
quando confrontados com crenças alheias. Que sentido tem para um protestante a reverência que o hindu faz
diante da estátua de uma vaca dourada? Ou a oração do muçulmano voltado
para Meca? Ou o espírita que afirma ser a reencarnação de Alexandre, o
Grande? Para hindus, muçulmanos e espíritas esse cristão não seria ateu?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na realidade, a religião do próximo não passa de um amontoado de
falsidades e superstições. Não é o que pensa o evangélico na
encruzilhada quando vê as velas e o galo preto? Ou o judeu quando
encontra um católico ajoelhado aos pés da virgem imaculada que teria
dado à luz ao filho do Senhor? Ou o politeísta ao ouvir que não há
milhares, mas um único Deus? Quantas tragédias foram desencadeadas pela intolerância dos que não
admitem princípios religiosos diferentes dos seus? Quantos acusados de
hereges ou infiéis perderam a vida?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O ateu desperta a ira dos fanáticos, porque aceitá-lo como ser
pensante obriga-os a questionar suas próprias convicções. Não é outra a
razão que os fez apropriar-se indevidamente das melhores qualidades
humanas e atribuir as demais às tentações do Diabo. Generosidade,
solidariedade, compaixão e amor ao próximo constituem reserva de mercado
dos tementes a Deus, embora em nome Dele sejam cometidas as piores
atrocidades. Os pastores milagreiros da TV que tomam dinheiro dos pobres são
tolerados porque o fazem em nome de Cristo. O menino que explode com a
bomba no supermercado desperta admiração entre seus pares porque
obedeceria aos desígnios do Profeta. Fossem ateus, seriam considerados
mensageiros de Satanás.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ajudamos um estranho caído na rua, damos gorjetas em restaurantes aos
quais nunca voltaremos e fazemos doações para crianças desconhecidas,
não para agradar a Deus, mas porque cooperação mútua e altruísmo
recíproco fazem parte do repertório comportamental não apenas do homem,
mas de gorilas, hienas, leoas, formigas e muitos outros, como
demonstraram os etologistas. O fervor religioso é uma arma assustadora, sempre disposta a disparar
contra os que pensam de modo diverso. Em vez de unir, ele divide a
sociedade -quando não semeia o ódio que leva às perseguições e aos
massacres.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para o crente, os ateus são desprezíveis, desprovidos de princípios
morais, materialistas, incapazes de um gesto de compaixão, preconceito
que explica por que tantos fingem crer no que julgam absurdo. Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que
a mim pareçam. Se a religião ajuda uma pessoa a enfrentar suas
contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne
intolerante, autoritária ou violenta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem
crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os
homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam.</div>
<br />
<span style="font-size: medium;"><strong>DRAUZIO VARELLA</strong></span>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-82794457487131061292012-04-19T04:53:00.001-07:002012-04-19T04:58:43.863-07:00Delírios religiosos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcKFyUfQsdpM6OF34AoFeedWVn7iW2A0rcQmygAzuWC9-LtwJuB7eirB8lgoTg42PdMgbqwC7ci2PTPEZwUdY1iYaApHXU8A3mHhxwIk8hCsAxx1lOSDlYH274jkoAdU09g1EqFXeNvh1B/s1600/tumblr_lvmccaf8xg1qetpfzo1_500.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="162" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcKFyUfQsdpM6OF34AoFeedWVn7iW2A0rcQmygAzuWC9-LtwJuB7eirB8lgoTg42PdMgbqwC7ci2PTPEZwUdY1iYaApHXU8A3mHhxwIk8hCsAxx1lOSDlYH274jkoAdU09g1EqFXeNvh1B/s320/tumblr_lvmccaf8xg1qetpfzo1_500.gif" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Qual é a freqüência de delírios
religiosos entre portadores de transtornos psicóticos? As taxas de
prevalência dependem do transtorno psicótico respectivo e do local no
mundo onde vivem essas pessoas. Em áreas menos religiosas do mundo,
um estudo mostrou, por exemplo, que só 7% de 324 pacientes japoneses
internados tiveram delírios de perseguição e religiosos de culpa
(Tateyama <i>et al</i>., 1998). Esta taxa é semelhante à de um estudo
de âmbito nacional de pacientes hospitalizados com esquizofrenia no
Japão que envolveu 429 pacientes cuja prevalência de delírios
religiosos foi de 11% (Kitamura <i>et al</i>., 1998).</span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Nos
Estados Unidos, vários estudos examinaram delírios religiosos em
pacientes com esquizofrenia ou transtornos bipolar. O primeiro desses
resultados oriundo de um estudo pequeno de 41 pacientes psicóticos
em Nova York verificou que 39% dos pacientes com esquizofrenia e 22%
daqueles com mania tinham delírios religiosos (Cothran e Harvey,
1986). Um estudo muito maior de 1.136 pacientes psiquiátricos
internados nos Estados Unidos (do meio-oeste e do leste) destacou que
25% dos pacientes com esquizofrenia e 15% dos portadores de
transtorno bipolar tinham delírios religiosos (Appelbaum <i>et al.</i>,
1999). Comparados a outros delírios, delírios religiosos parecem ser
aceitos com maior convicção que outros delírios. Finalmente, Getz <i>et al</i>.
(2001) compararam a freqüência de delírios religiosos entre as
denominações religiosas em 133 pacientes internados (74% de
esquizofrenia) no Centro Médico da Universidade de Cincinnati. Foram
documentados delírios religiosos em 24% dos 33 pacientes
não-religiosos, 43% de 71 pacientes protestantes e 21% de 29
pacientes católicos. </span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Na
Europa e Grã-Bretanha, um estudo com 251 pacientes internados com
esquizofrenia na Áustria e Alemanha verificou taxa de prevalência de
21% para delírios religiosos (Tateyama <i>et al</i>., 1998). Um dos
estudos mais detalhados até o momento na Grã-Bretanha detectou que
24% de 193 pacientes com esquizofrenia tinham delírios religiosos
(Siddle <i>et al</i>., 2002a). Os pacientes com delírios religiosos
tinham mais alucinações graves e delírios bizarros, maior nível de
incapacitação, duração mais longa da doença e estavam tomando mais
medicamentos antipsicóticos que outros pacientes. Assim, em estudos
de pacientes com esquizofrenia, delírios religiosos estão presentes
em 7% a 11% de pacientes japoneses, 21% a 24% de pacientes europeus
ocidentais e 21% a 43% de pacientes nos Estados Unidos. </span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Poucos
estudos têm examinado delírios religiosos entre pacientes
psiquiátricos no Brasil. Mucci e Dalgalarrondo (2000) relataram uma
série de enucleações oculares em seis casos de pacientes
psiquiátricos, cinco unilaterais e uma bilateral. Delírios religiosos
foram um fator significativo em muitos desses casos, com pacientes
agindo como nos diz Mateus (5:29): "Se o teu olho direito te
escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor
que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado
no inferno". Esses pacientes tiveram freqüentemente exacerbação
aguda de esquizofrenia, e a enucleação auto-infligida ocorreu muitos
anos após o início da doença. Esses seis casos foram vistos ao longo
do período de 10 anos em um hospital universitário brasileiro. </span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">No
único estudo sistemático de pacientes psiquiátricos no Brasil, os
pesquisadores examinaram 200 admissões consecutivas a um hospital
psiquiátrico geral (Dantas <i>et al</i>., 1999). Para identificar o
conteúdo religioso, um item foi acrescentado à forma expandida da
BPRS. Foram incluídos os pacientes com diagnóstico psiquiátrico, não
apenas aqueles com transtornos psiquiátricos. Os pesquisadores
informam que 15,7% de todos os pacientes tiveram de moderados a
intensos sintomas de conteúdo religioso. Uma correlação forte foi
achada entre sintomas maníacos e experiências religiosas. </span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Qual é a origem dos delírios religiosos? Delírios religiosos existem em um <i>continuum </i>entre
as crenças normais de indivíduos saudáveis e as crenças fantásticas
de pacientes psicóticos. Em pacientes psicóticos, delírios
religiosos são habitualmente acompanhados por outros sintomas e/ou
comportamentos de doença mental, e não parecem ter nenhuma função
positiva (Siddle <i>et al</i>., 2002a). Sabe-se que pessoas com sintomas
psicóticos têm maior ativação do hemisfério direito do cérebro, o
que também se verifica em pessoas saudáveis que tenham experiências
místicas ou crenças paranormais (Lohr e Caligiuri, 1997; Pizzagalli <i>et al</i>.,
2000; Makarec e Persinger, 1985). Contudo, a tentativa de localizar a
origem dos delírios religiosos no cérebro não tem revelado
resultados consistentes com os achados de neuroimagem descritos
anteriormente. O único estudo realizado até o momento sugeriu que
delírios religiosos sejam o resultado de uma combinação de
hiperatividade do lobo temporal esquerdo e hipoatividade do lobo
occipital esquerdo (Puri <i>et al</i>., 2001). Assim, até que mais pesquisas sejam realizadas, a origem neuroanatômica dos delírios permanece incerta. </span><br />
<br />
<span style="font-size: small;">http://www.scielo.br/scielo.php?lng=en </span></div>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-75616592465342889662012-03-24T07:28:00.000-07:002012-04-19T04:49:02.243-07:00Territórios livres<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipbZ4QU2_pJZmgHeGdRb0l4MqTZSCRKCPQq6NVS_ofFmxUD9lVI946gfL5U-aCaLsWRNTlgfvYBoxCwscqjKY-Q87J_uq65SzKtNjZlOXuETeTjQJrgU-6SiJIZXdbYDIH_puV4hHlBXu2/s1600/tumblr_lzfyxxVMMR1qgcneq.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipbZ4QU2_pJZmgHeGdRb0l4MqTZSCRKCPQq6NVS_ofFmxUD9lVI946gfL5U-aCaLsWRNTlgfvYBoxCwscqjKY-Q87J_uq65SzKtNjZlOXuETeTjQJrgU-6SiJIZXdbYDIH_puV4hHlBXu2/s320/tumblr_lzfyxxVMMR1qgcneq.jpg" width="217" /></a></div>
<br />
<br />
Imagine que você é o Galileu e está sendo processado pela Santa Inquisição por defender a ideia herética de que é a Terra que gira em torno do Sol e não o contrário. Ao mesmo tempo, você está tendo problemas de família, filhos ilegítimos que infernizam a sua vida, e dívidas, que acabam levando você a outro tribunal, ao qual você comparece até com uma certa alegria. No tribunal civil, será você contra credores ou filhos ingratos, não você contra a Igreja e seus dogmas pétreos. Você receberá uma multa ou uma reprimenda, ou talvez, com um bom advogado, até consiga derrotar seus acusadores, o que é impensável quando quem acusa é a Igreja. Se tiver que ser preso, será por pouco tempo, e a ameaça de ir para a fogueira nem será cogitada. No tribunal laico, pelo menos por um tempo, você estará livre do poder da Igreja. É com esta sensação de alívio, de estar num espaço neutro onde sua defesa será ouvida e talvez até prevaleça, que você entra no tribunal. E então você vê um enorme crucifixo na parede atrás do juiz. Não adianta, suspiraria você, desanimado, se fosse Galileu. O poder dela está por toda a parte. Por onde você andar, estará no território da Igreja. Por onde seu pensamento andar, estará sob escrutínio da Igreja. Não há espaços neutros.<br />
<br />
Um crucifixo na parede não é um objeto de decoração, é uma declaração. Na parede de espaços públicos de um país em que a separação de Igreja e Estado está explícita na Constituição, é uma desobediência, mitigada pelo hábito. Na parede dos espaços jurídicos deste país, onde a neutralidade, mesmo que não exista, deve ao menos ser presumida, é um contrassenso – como seria qualquer outro símbolo religioso pendurado.<br />
<br />
É inimaginável que um Galileu moderno se sinta acuado pela simples visão do símbolo cristão na parede atrás do juiz, mesmo porque a Igreja demorou mas aceitou a teoria heliocêntrica de Copérnico e ninguém mais é queimado por heresia. Mas a questão não é esta, a questão é o nosso hipotético e escaldado Galileu poder encontrar, de preferência no Poder Judiciário, um território livre de qualquer religião, ou lembrança de religião.<br />
<br />
Fala-se que a discussão sobre crucifixos em lugares públicos ameaça a liberdade de religião. É o contrário, o que no fundo se discute é como ser religioso sem impor sua religião aos outros, ou como preservar a liberdade de quem não acredita na prepotência religiosa. Com o crescimento político das igrejas neopentecostais, esta preocupação com a capacidade de discordar de valores atrasados impostos pelos religiosos a toda a sociedade, como nas questões do aborto e dos preservativos, tornou-se primordial. A retirada dos crucifixos das paredes também é uma declaração. No caso, de liberdade.<br />
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Luis Fernando VerissimoUm certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1612260599219912014.post-15041481036173562712011-12-16T11:47:00.000-08:002011-12-16T11:52:38.322-08:00O medo é a ferramenta que controla<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOIyT0SBotnzMpZVwt1faSuIWxogh49gUjRxieajtoTDpRm6lF7v1VQiGjKzVa0PDMW2EBAnSwuowoWxLfGX0EaMrbLI3qIHKZnEhxfV0XX2Xgd9ygIXgLZUs-34Xx8dPji7Tv6Blc0Ppm/s1600/tumblr_lvwrhyjthw1qdkjypo1_500.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOIyT0SBotnzMpZVwt1faSuIWxogh49gUjRxieajtoTDpRm6lF7v1VQiGjKzVa0PDMW2EBAnSwuowoWxLfGX0EaMrbLI3qIHKZnEhxfV0XX2Xgd9ygIXgLZUs-34Xx8dPji7Tv6Blc0Ppm/s400/tumblr_lvwrhyjthw1qdkjypo1_500.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5686816103286154482" border="0" /></a><br /><p><strong>Por que a humanidade concebeu a religião?<br /> </strong>Michael Largo: A morte é uma das principais razões para a humanidade ter inventado a religião. As vidas dos nossos primeiros ancestrais foram atormentadas pelas incríveis incertezas. A morte foi a mais atormentadora. Naquela época, a expectativa de vida era de apenas 18 anos de idade, então a mortalidade era uma experiência cotidiana. Eu imagino um bando de humanos primitivos de pé ao lado do corpo de um familiar morto, se perguntando: “Para onde foi aquela coisa que dava vida e animação ao meu companheiro?”. Quando não havia mais respostas para a vida e para a sobrevivência, os humanos precisaram inventar explicações, que invariavelmente se tornaram catalisadoras para a teologia e a religião. </p> <p><br /> <strong>Quais foram os primeiros vestígios de religiosidade na história humana?</strong><br /> Largo: Os Neandertais provavelmente ensinaram aos humanos como praticar rituais religiosos e como buscar respostas ao inexplicável. Eles colocavam, por exemplo, crânio de urso e adereços ritualísticos em volta dos cadáveres. Os primeiros túmulos humanos, datados de 100 mil anos atrás, foram descobertos em uma caverna perto de Nazaré, em Israel. Os restos mortais tinham sido sepultados ritualisticamente, com os ossos pintados de vermelho, conchas marinhas dispostas ao redor e crânios apontando o Norte. Isso indica que nossos mais remotos ancestrais tinham uma crença, pelo menos, na vida após a morte. </p> <p><br /> <strong>Como começou essa sua vontade de conhecer diferentes religiões? O que você buscava?</strong><br /> Largo: Existem muitas religiões que vêm e vão e algumas milhares que são praticadas até hoje. Eu queria ver se havia uma verdade ou algum tipo de consistência entre a variedade de sistemas de crença. Para meus outros livros, eu pesquisei sobre a morte por muitos anos. Eu admito que, em alguns momentos, enquanto eu compilava estatísticas e contava as infinitas colunas de vidas humanas que vinham e iam – geralmente não deixando nenhuma marca de sua existência além de um mero dígito no cálculo –, eu me perguntava: “Qual é o propósito de tudo isso?”.<br /> <br /> <strong>E você encontrou essa verdade?</strong><br /> Largo: Eu descobri que as religiões baseiam todos os seus fundamentos em ideias e conceitos que não podem ser provados e, por isso, nada pode ser oferecido como a verdade. Os mais loucos conceitos se tornaram dogmas, demandando fé para aceitá-los. Olhando pelo lado negativo, há uma tendência entre as religiões de promover o comportamento delirante e irracional. Na verdade, crenças religiosas têm causado mortes em massa, seja por guerras ou por dogmas e doutrinas. Mas olhando positivamente, de acordo com teólogos, as religiões têm confortado muitas pessoas e salvado bilhões de almas.<br /> <br /> <strong>Você passou 25 anos de sua vida conhecendo religiões. Como se deu essa jornada, na prática?<br /> </strong>Largo: Eu fui educado por jesuítas, mas minha experiência de campo começou como um coroinha católico que falava Latim. Pratiquei uma série de doutrinas orientais, do Zen à Meditação Transcendental. Nos anos 1970, presenciei uma cerimônia rastafariana na Jamaica. Também assisti a palestras da Nova Era, inclusive sobre teorias de anjos viajantes no tempo e a respeito do valor esotérico dos cristais. Comi cogumelos com algumas mulheres adeptas das religiões Druidas e Gaia, em Nova Iork. Cerimônias de anglicanos, metodistas, calvinistas – já assisti muitas. Dei a palma da minha mão para que a lessem, participei de uma sessão de regressão a vidas passadas, fui a retiros espirituais cristãos e orientais em fins de semana. Sem contar com os templos sagrados em Roma que visitei e o culto de santeria em Miami que participei. Reconhecidamente, e em nome da ciência, eu tomei alucinógenos, tentando infrutiferamente tomar notas sobre os diversos conhecimentos religiosos.<br /> <br /> <strong>E em que países isso aconteceu?</strong><br /> Largo: Como existe mais de 300 mil locais de culto nos Estados Unidos, o meu país tem sido um terreno furtivo para a pesquisa. Mas eu gosto particularmente do Caribe. Estive também no México, na França, na Inglaterra, apesar de que a Itália, para mim, é o local mais cheio de santuários intrigantes.<br /> <br /> <strong>Qual foi a situação mais exótica e bizarra por que você já passou?</strong><br /> Largo: Testemunhar sacrifício de animais foi tão bizarro quanto revoltante. Mas eu diria que um breve caso amoroso com uma freira dominicana, que eu conheci durante entrevistas na República Dominicana, foi a mais exótica – poderia chamar também de experiência erótica religiosa.<br /> <br /> <strong>Qual sua dica aos curiosos religiosos?</strong><br /> Largo: Eu recomendo que eles confiram os detalhes de cada religião, antes de comprar a ideia. Façam isso lendo os dogmas de cada crença, da mesma forma que você leria o relatório de um produto. Muitas pessoas fazem uma pesquisa mais minuciosa sobre o celular novo que vão comprar do que sobre a religião que eles herdaram da família ou a que aderiram no decorrer da vida. Os cultos, que são definidos como grupos religiosos que demandam lealdade a um líder, são os mais arriscados. Muitos são especialistas em explorar o carisma, que pode facilmente cegar alguém da realidade e torná-lo um fanático.<br /> <br /> <strong>Se você pudesse escolher apenas uma história de toda a sua jornada para contar, qual seria?</strong><br /> Largo: Depois de todas as igrejas que visitei e as entrevistas com pessoas religiosas que fiz, o momento mais comovente de como a religião funciona ocorreu no leito de morte da minha mãe. Ela sentia um grande desconforto e visualmente sofria de ansiedade e medo. Eu segurei sua mão e disse a ela uma mentira: que logo ela encontraria meu pai, pois ele estava esperando por sua noiva. Ela abriu os olhos só mais uma vez e sorriu, antes de falecer.<br /> <br /> <strong>Como foi o processo de escrita do livro?</strong><br /> Largo: Eu já tinha muitos anos de anotações das minhas pesquisas de campo, mas passei um ano comprometido com a rotina devota. Trabalhei sobre textos antigos, li doutrinas e dogmas das religiões, fiquei atento ao que alguns monges chamam de lectio divina, ou leitura divina. Eu tentei não abordar nenhuma ideologia religiosa com condenações pré-condicionadas ou preconceitos.<br /> <br /> <strong>Mas você consultou muitas fontes, além das experiências práticas?</strong><br /> Largo: Eu precisei ler o Velho e o Novo Testamento inteiros, além do Corão, é claro. No livro, eu listo uma centena de textos religiosos que usei como fonte.<br /> <br /> <strong>O uso de chás, cogumelos e substâncias psicotrópicas faz parte de muitas crenças. Por que essas religiões aderiram a essas substâncias?</strong><br /> Largo: O escritor Aldous Huxley, durante seu experimento com substâncias psicotrópicas, notou que elas abriam as chamadas portas de percepção. Muitas religiões dão grande valor aos sonhos, como se fosse uma maneira de conhecer a voz de Deus. Mesmo no Império Romano, praticava-se o que se chamava de mistérios de Elêusis, que recomendava ingerir cogumelos pelo menos uma vez ao ano, a fim de ver e experimentar o que apenas Deus sabia. No entanto, tal atividade pode ser prejudicial à saúde.<br /> <br /> <strong>Por que a religiosidade, em algumas pessoas, se torna insanidade?</strong><br /> Largo: Além do medo da morte, existe o medo da condenação eterna. Religiões que dão muito valor à vida após a morte e ameaçam quem não segue suas regras com a perspectiva de punição eterna geralmente levam seus fiéis ao fanatismo. Substâncias alucinógenas, rituais de jejum, automortificação e outros meios bizarros que as pessoas utilizam para atingir o êxtase religioso também costumam alterar a química do corpo, levando a um desequilíbrio mental.<br /> <br /> <strong>No livro, você falou sobre “nudismo religioso”. Como funciona essa crença? Ela ainda existe hoje em dia em algum lugar do mundo?</strong><br /> Largo: Ela decorre de uma interpretação do Livro de Gênesis. O pecado foi o que levou à prática de vestir roupas e ao matrimônio. Adão e Eva, quando possuíam a inocência pura, não precisavam nem de vestimenta nem de casamento. A nudez, segundo a religião, é uma prova de que eles atingiram o estado de graça e estão libertos de todas as restrições morais concebidas pela humanidade. Hoje, existe a Igreja Batista do Calvário Nudista, no Texas.<br /> <br /> <br /> <strong>Por que a ideia de apocalipse está tão incrustada nas diversas religiões? Por que os religiosos se apegam a ele?</strong><br /> Largo: Na minha pesquisa, eu descobri que mais de 80% dos cultos usam revelações de Agamemnon para arrebanhar seguidores. Novamente, o medo é a ferramenta que controla seguidores, especialmente quando envoltos na conversa de ter visões divinas.<br /> <br /> <strong>Você acha que a religiosidade está ganhando cada vez mais força entre os humanos? Ou você acha que a humanidade caminha para a não religião?</strong><br /> Largo: Na estatística, menos pessoas estão indo à igreja, enquanto muitos continuam querendo aderir a uma ou outra religião. O ateísmo está em ascensão em todo o mundo, e saindo do armário. Como a tecnologia e a informação estão cada vez mais disponíveis, novos deuses estão sendo concebidos. O terrorismo mundial também ajudou a abrir muitos olhos, para ver em primeira mão o que fanáticos religiosos podem fazer. Eventos atuais indicam que nosso próprio fim dos dias, ou pelo menos uma transformação significante de nossa cultura, possa ser instigado por alguma forma de insanidade religiosa.<br /> <br /> <strong>Você conheceu e pesquisou diversas religiões. Mas no que você acredita de verdade?</strong><br /> Largo: Eu acredito nas possibilidades do inimaginável. Como Stephen Hawking já notou, nós vemos o mundo a partir de uma perspectiva distorcida. Ele usa a analogia de um peixe em uma tigela redonda, observando todas as coisas se movendo em uma curva, devido à refração da luz através da água. Essa é a verdade para o peixinho. Seria necessária certa arrogância para pensar que nós realmente sabemos alguma coisa, não importa quantos livros nós tenhamos lido ou a graduação que possuímos.<br /> <br /> <br /> <strong>Em sua opinião, para onde vamos quando morremos?</strong><br /> Largo: Talvez, nossos átomos são colocados em um liquidificador cósmico, e nós vivemos como parte de qualquer outra coisa. Eu não tenho a mínima ideia. Quem tem? Certamente será uma viagem inacreditável, mas uma viagem que eu prefiro evitar pelo tempo mais longo possível. [Risos].<br /> <br /> <strong>O que você ainda não descobriu que quer descobrir?</strong><br /> Largo: Se existe um Deus. Acho que, se ele (ou ela) existisse, deveria ser capaz de vir até aqui e arrumar todas essas muitas ideias religiosas de uma vez por todas. Ou mandar um texto para o mundo inteiro, ou algo do tipo. Mas até nisso muitos não acreditam.<br /> <br /> <strong>Sua próxima pesquisa será sobre o quê?</strong><br /> Largo: Estou terminando um texto sobre bestas e criaturas, reais e imaginárias, descrevendo como eles viveram e morreram.<br /></p><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Seguidores da Igreja Batista Nudista do Calvário, no Texas, EUA, acreditam que a salvação está em viver como Adão e Eva antes da expulsão do Jardim do Éden. Por isso, aboliram de suas crenças o casamento e defendem o nudismo sagrado, como prova da ausência de pecado. Esta é apenas uma das histórias peculiares relatadas por Michael Largo no livro “Lunáticos por Deus”, lançado no Brasil pela editora Lafonte. </span><br /><br /><span style="font-style: italic;"> O escritor, autor de meia dúzia de livros sobre a morte, nasceu em Nova York nos anos 1950, em uma família de jesuítas. Há 25 anos, porém, adotou como missão de vida documentar e coletar histórias de fanáticos religiosos. Nessa busca, Largo já presenciou sacrifício de animais, ingeriu cogumelos e outras substâncias psicotrópicas, ouviu tambores vodus no Haiti, assistiu a uma cerimônia rastafariana na Jamaica e leu mais de uma centena de textos religiosos.<br /><a href="http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI281112-17771,00-O+CACADOR+DE+RELIGIOES.html"><br />http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI281112-17771,00-O+CACADOR+DE+RELIGIOES.html</a><br /><br /><br /></span></span>Um certo caminho...http://www.blogger.com/profile/09692501794317208553noreply@blogger.com